Angola e o Vaticano vão assinar, em breve, um acordo-quadro de cooperação que vai reconhecer a personalidade jurídica da Igreja Católica.
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O núncio apostólico de Angola e São Tomé e Príncipe, Petar Rajic, disse esta sexta-feira (28.06.), em Luanda, que as autoridades angolanas e o Vaticano vão assinar, em breve, um acordo-quadro de cooperação que vai reconhecer a personalidade jurídica da Igreja Católica.
O representante da Santa Sé falava no final de uma audiência com o Presidente de Angola, João Lourenço, a quem apresentou cumprimentos de despedida, no âmbito do fim da sua missão de quatro anos em Angola.
"Podemos falar de poucos dias para a conclusão do acordo. Essa fase final é um momento de muita felicidade para as partes", afirmou o arcebispo Petar Rajic, que reconheceu a existência de "ótimas relações de cooperação" com as autoridades angolanas.O acordo abrange o reconhecimento da personalidade jurídica da Igreja Católica em Angola e a titularidade dos seus imóveis, incluindo escolas e centros de saúde espalhados pelo país.Em março de 2018, o Presidente João Lourenço criou uma comissão interministerial destinada a negociações relativas ao acordo-quadro a celebrar com a Santa Sé.
No despacho, o chefe de Estado angolano indicou o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Frederico Cardoso, para coordenar a comissão, que integra os ministros das Relações Exteriores, da Justiça e dos Direitos Humanos e da Cultura. Completam a comissão os secretários do Presidente da República para os Assuntos Diplomáticos e de Cooperação Internacional, para os Assuntos Judiciais e Jurídicos e para os Assuntos Sociais.
Relações consideradas boasAs relações entre Angola e o Estado do Vaticano são consideradas boas, mas foram melhoradas após o Governo angolano ter autorizado a expansão do sinal da Rádio Ecclesia a todo o território angolano, uma questão que se encontrava pendente há muitos anos.Outra questão está relacionada com o compromisso das autoridades angolanas em trabalhar para a modernização do , para que tenha uma melhor imagem.
A maquete para a construção da Basílica de Nossa Senhora da Muxima chegou a ser apresentada ao papa Bento XVI, por ocasião da visita de Joseph Ratzinger a Angola, em 2009. A basílica vai ficar em frente à antiga capela, edificada em 1645 e dedicada a Nossa Senhora da Conceição.
Núncio apotólico desde 2015O arcebispo Petar Rajic foi nomeado núncio apostólico em Angola e São Tomé e Príncipe pelo papa Francisco, em junho de 2015, em substituição do tanzaniano Novatus Rogambwa. Este último, por seu lado, havia sido nomeado pelo papa Bento XVI, em fevereiro de 2010, em substituição de Ângelo Becciu, que, em setembro de 2009, terminou a sua missão, tendo sido transferido para Cuba.Petar Rajic nasceu em Toronto (Canadá) em 12 de junho de 1959 e foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1987, tendo chegado a cardeal na Diocese de Trebinje-Mrkan, na Bósnia-Herzegovina.
Doutorado em direito canónico pela Faculdade de Direito Canónico da Pontifícia Universidade Lateranense, Petar Rajic iniciou o serviço diplomático da Santa Sé em 01 de julho de 1993, desempenhando funções, sucessivamente, no Irão e na Lituânia, bem como na Secretaria de Estado da Santa Sé, no Vaticano.
Em 02 de dezembro de 2009, o papa Bento XVI nomeou-o arcebispo titular de "Sarsenterum" e núncio apostólico no Kuwait, Bahrein, Qatar e delegado apostólico no Iémen, nos Emirados Árabes Unidos e para toda a Península Arábica.
De fortalezas a cinemas: o património colonial português em África
A colonização portuguesa nos países africanos deixou edificações históricas, que vão desde fortificações militares, igrejas, estações de comboio, até cinemas. Boa parte deste património ainda resiste.
Foto: DW/J.Beck
Calçada portuguesa
Na Ilha de Moçambique, antiga capital moçambicana, na província de Nampula, a calçada portuguesa estende-se à beira mar. A herança colonial que Portugal deixou aqui é imensa e está presente num conjunto de edificações históricas, entre fortalezas, palácios, igrejas e casas. Em 1991, este conjunto foi reconhecido como Património Mundial da UNESCO.
Foto: DW/J.Beck
Fortaleza de São Sebastião
A Fortaleza de São Sebastião, na Ilha de Moçambique, começou a ser erguida pelos portugueses em 1554. O motivo: a localização estratégica para os navegadores. Ao fundo, vê-se a Capela de Nossa Senhora do Baluarte, de 1522, que é considerada a mais antiga estrutura colonial sobrevivente no sul de África.
Foto: DW/J.Beck
Hospital de Moçambique
O Hospital de Moçambique, na Ilha de Moçambique, data de 1877. O edifício de estilo neoclássico foi durante muito tempo a maior estrutura hospitalar da África Austral. Atualmente, compõe o património de construções históricas da antiga capital moçambicana.
Foto: DW/J.Beck
Fortaleza de Maputo
A Fortaleza de Maputo situa-se na baixa da capital moçambicana e é um dos principais monumentos históricos da colonização portuguesa no país. O espaço foi ocupado no início do século XVIII, mas a atual edificação data do século XX.
Foto: DW/J.Beck
Estação Central de Maputo
Desde a construção da Estação Central dos Caminhos-de-Ferro (foto) na capital moçambicana, no início do século XX, o ato de apanhar um comboio ganhou um certo charme. O edifício, que pode ser comparado a algumas estações da Europa, ostenta a uma fachada de estilo francês. O projeto foi do engenheiro militar português Alfredo Augusto Lisboa de Lima.
Foto: picture-alliance / dpa
Administração colonial portuguesa em Sofala
Na cidade de Inhaminga, na província de Sofala, centro de Moçambique, a arquitetura colonial portuguesa está em ruínas. O antigo edifício da administração colonial, com traços neoclássicos, foi tomado pela vegetação e dominado pelo desgaste do tempo.
Foto: Gerald Henzinger
"O orgulho de África"
Em Moçambique, outro de património colonial moderno: o Grande Hotel da Beira, que foi inaugurado em 1954 como uma das acomodações mais luxuosas do país. O empreedimento português era intitulado o "orgulho de África". Após a independência, em 1975, o hotel passou a ser refúgio para pessoas pobres. Desde então, o hotel nunca mais abriu para o turismo.
Foto: Oliver Ramme
Cidade Velha e Fortaleza Real de São Filipe
Em Cabo Verde, os vestígios da colonização portuguesa espalham-se pela Cidade Velha, na Ilha de Santiago. Entre estas construções está a Fortaleza Real de São Filipe. A fortificação data do século XVI, período em que os portugueses queriam desenvolver o tráfico de escravos. Devido à sua importância histórica, a Cidade Velha e o seu conjunto foram consagrados em 2009 Património Mundial da UNESCO.
Foto: DW/J. Beck
Património religioso
No complexo da Cidade Velha está a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, conhecida por ser um dos patrimónios arquitetónicos mais antigos de Cabo Verde, com mais de 500 anos. Assim como em Cabo Verde, o período colonial português deixou outros edifícios ligados à Igreja Católica em praticamente todos os PALOP.
Foto: DW/J. Beck
Palácio da Presidência
Na cidade da Praia, em Cabo Verde, a residência presidencial é uma herança do período colonial português no país. Construído no século XIX, o palácio abrigou o governador da colónia até a independência cabo-verdiana, em 1975.
Foto: Presidência da República de Cabo Verde
Casa Grande
Em São Tomé e Príncipe, é impossível não reconhecer os traços da colonização portuguesa nas roças. Estas estruturas agrícolas concentram a maioria das edificações históricas do país. A imagem mostra a Casa Grande, local onde vivia o patrão da Roça Uba Budo, no distrito de Cantagalo, a leste de São Tomé. As roças são-tomenses foram a base económica do país até a indepência em 1975.
Foto: DW/R. Graça
Palácio reconstruído em Bissau
Assim como em Cabo Verde, na Guiné-Bissau o palácio presidencial também remonta o período em que o país esteve sob o domínio de Portugal. Com arquitetura menos rebuscada, o palácio presidencial em Bissau foi parcialmente destruído entre 1998 e 1999, mas foi reconstruído num estilo mais moderno em 2013 (foto de 2012). O edifício, no centro da capital guineense, destaca-se pela sua imponência.
Foto: DW/Ferro de Gouveia
Teatro Elinga
O Teatro Elinga, no centro de Luanda, é um dos mais importantes edifícios históricos da capital angolana. O prédio de dois andares da era colonial portuguesa (século XIX) sobreviveu ao "boom" da construção civil das últimas décadas. Em 2012, no entanto, foram anunciados planos para demolir o teatro. Como resultado, houve fortes protestos exigindo que o centro cultural fosse preservado.
Foto: DW
Arquitetura colonial moderna
O período colonial também deixou traços arquitetónicos modernos em alguns países. Em Angola, muitos cinemas foram erguidos nos anos 40 com a influência do regime ditatorial português, o chamado Estado Novo. Na foto, o Cine-Teatro Namibe (antigo Moçâmedes), um dos mais antigos do país, é um exemplo. Foi o primeiro edifício de arquitetura "art déco" na cidade de Namibe.