O jovem define-se como a voz da versatilidade africana. O amor, a solidariedade e a firmeza são os seus temas preferidos. Adão Minjy quer contribuir para o resgate dos valores africanos através da música.
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Foi no "Largo do Amor", no centro da cidade de Luanda, onde conversámos com Adão Minjy. Vestido com a tradicional camisa africana, calças de ganga e calçado preto, o jovem músico estava acompanhado da sua guitarra. "Definiria-me como a voz da versatilidade linguística em África", identificou-se Adão Minjy.
A sua versatilidade manifesta-se em mais de 20 línguas nacionais, africanas e internacionais, como o kimbundo, kikongo, ubundo, swahili, lingala, zulo, inglês, francês, espanhol, entre outros idiomas. A versatilidade de Minjy também se manifesta em mais de 10 estilos musicais: "canto afro-jazz, zouk, reggae, semba, kilapanga, rumba, entre outros estilos", explica o cantor.
Como muitas estrelas da música internacional, Adão Minjy também descobriu o seu talento na igreja. Aos cinco anos, os seus pais levavam-no à congregação religiosa onde começou a dar os primeiros passos no mundo da música.
18.09.17 O cantor das vinte línguas - MP3-Mono
"Sempre se acostumaram a levar-me à igreja, onde aprendi a cantar. Quando tinha cinco anos de idade, conforme eles contam, já fazia parte de grupos corais infantis e cresci a cantar na igreja. E estou aqui a desenvolver a minha veia artística", lembra o músico.
O trabalho de Adão Minjy tem ganho dimensão nacional e internacional. Com 15 anos de experiência, o músico diz que tem mais de 200 composições. Muitas delas já foram apresentadas em palcos angolanos e estrangeiros.
"Um dos palcos de referência que pisei foi na trienal de Luanda, o Palácio de Ferro, organizada pela Fundação Sindika Dokolo. Ao nível de África, já cantei também em Joanesburgo e estamos a conquistar outros países”, assegura Adão Minjy.
Um disco para breve
Na música, Adão Minjy também tem como objetivo "o resgate da cultura angolana e africana". Isto porque atualmente "poucos fazem músicas para preservar a cultura, mas sim com fins comerciais", explica o artista.
O seu primeiro trabalho discográfico deve ser lançado em breve, mais ainda "está no segredo dos deuses", sublinha.
Adão Minjy diz que, quando o disco estiver pronto, os amantes da música poderão ouvir sobretudo uma mensagem de "amor ao próximo, solidariedade, confiança e determinação naquilo que fazemos".
Artistas da CPLP unidos contra a fome
Mais de 50 artistas doaram as suas obras para a campanha "Juntos contra a Fome". Os trabalhos estão expostos na galeria da UCCLA em Lisboa. O objetivo: angariar fundos para ajudar a erradicar a fome nos países lusófonos.
Foto: DW/João Carlos
Exposição na sede da UCCLA
Por uma causa nobre, mais de 50 artistas dos países de língua portuguesa doaram as suas obras para a campanha "Juntos contra a Fome". Mais de 90 trabalhos estão expostos até ao dia 22 de setembro na Galeria da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), em Lisboa. O objetivo: angariar fundos para ajudar a erradicar a fome nos países que falam português.
Foto: DW/João Carlos
Direitos humanos longe de serem realidade
A exposição, cuja organização contou com a ajuda do artista angolano Carlos Bajouca, foi inaugurada a 5 de setembro pela secretária executiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Maria do Carmo Silveira disse que, apesar dos "grandes esforços" no plano nacional e internacional, o direito humano a uma alimentação adequada está longe de ser uma realidade.
Foto: DW/João Carlos
Não depender sempre da ajuda externa
A mostra abre com um painel do são-tomense Estanislau Neto, que, tendo recorrido a imagens de vacas, valoriza a importância da agricultura e da pecuária no processo de produção alimentar. A criação de gado, de acordo com o artista, seria uma das vias sustentáveis no combate à fome, para contrariar a dependência de donativos.
Foto: DW/João Carlos
Estratégia para segurança alimentar
O desafio é mobilizar apoio para milhões de pessoas que vivem com falta de uma alimentação adequada. Nos países onde se fala português, mais de 20 milhões de pessoas enfrentam esta realidade. Na imagem, fotografias da portuguesa Maria João Araújo.
Foto: DW/João Carlos
Envolvimento da sociedade civil
A campanha "Juntos contra a Fome", lançada em fevereiro de 2014, tem mobilizado a sociedade civil, incluindo escritores, académicos, jornalistas, desportistas e políticos. O angolano Marco Kabenda, autor desta obra, é um dos artistas que apadrinha a iniciativa. A ele juntam-se vários pintores, escultores e tecelões dos nove países onde se fala português.
Foto: DW/João Carlos
Abrir mentes contra o preconceito
Júlio Quaresma também ofereceu um dos seus quadros, que representa a explosão das convenções na atual dinâmica da modernidade. O artista angolano acredita que só se consegue dinamizar e fazer avançar as sociedades quando abrirmos as nossas mentes sem preconceitos, em defesa de uma causa como esta: a da luta contra a fome e a pobreza.
Foto: DW/João Carlos
O poder e a gestão da água
Entre os quadros de Ismael Sequeira, destaque para a temática da gestão da água. O artista são-tomense expressa assim a sua inquietação perante a carência deste líquido precioso. Lembra que a água é importante para a vida e necessária para a agricultura, embora não seja distribuída com racionalidade.
Foto: DW/João Carlos
Amor ao próximo para acabar com a fome
As esculturas do moçambicano Frank N’Taluma transportam sempre consigo uma mensagem apelativa. Aqui, o artista apela ao amor ao próximo. "Para acabar com a fome temos que amar o próximo", afirma, condenando o facto de muita comida ser desperdiçada e deitada para o lixo quando se sabe que há milhares de pessoas a necessitarem de alimentação.
Foto: DW/João Carlos
Outros contributos moçambicanos
De igual modo, o conceituado artista plástico moçambicano Lívio de Morais não ignorou o sofrimento dos que fazem parte das estatísticas da fome nos países lusófonos. A sua contribuição é tão valiosa quanto a dos seus conterrâneos Roberto Chichorro ou Malenga, Sérgio Santimano e José Pádua, também representados na exposição.
Foto: DW/João Carlos
Cinco projetos já financiados
Até agora, de acordo com a CPLP, a campanha "Juntos contra a Fome" já angariou 175 mil euros na campanha ", que permitiram viabilizar cinco projetos em Cabo Verde, na Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique. Este quadro do guineense João Carlos Barros é mais um grão no esforço para angariar mais recursos financeiros para apoiar outros países.
Foto: DW/João Carlos
Promover a agricultura familiar
Os projetos são implementados a 100% por organizações não-governamentais locais, visando promover a agricultura familiar sustentável, assim como reduzir o número de famílias afetadas pela fome nos países lusófonos. Abel Júpiter ofereceu este quadro para o acervo de peças doadas pelos mais de 50 artistas.
Foto: DW/João Carlos
Expetativas para o leilão
No final da exposição, no dia 22, será feito um leilão, para o qual os promotores pediram a participação de todos os que querem dar o seu contributo e engrandecer esta causa. Rui Lourido, diretor do Setor Cultural da UCCLA, também abraça a causa. Na foto, alguns dos artistas que apadrinham a campanha "Juntos contra a Fome".