Adeptos angolanos vão ao CAN apoiar Palancas Negras e Governo ajuda a pagar a conta
22 de janeiro de 2013"Nós não sabemos nada sobre o futebol angolano", brinca um adepto sul-africano em frente a um quiosque de bebidas no Estádio Nacional de Joanesburgo. Aqui, quase nenhum sul-africano acredita que a seleção angolana tenha hipóteses de vencer o Campeonato Africano das Nações.
Já Marco Gomes, que veste a t-shirt vermelha da seleção angolana, vê as coisas de forma diferente. Ele chegou à África do Sul na véspera do jogo entre os Palancas Negras e os Leões do Atlas de Marrocos, que se saldou por um empate zero a zero. O avião partiu de Luanda cheio de adeptos.
Segundo Gomes, "a maioria dos adeptos que estão aqui foram apoiados pelo Governo. Mas alguns pagaram eles próprios a viagem. Eu por exemplo."
2 milhões de dólares de despesas
Marco Gomes é um empresário de 38 anos e planeia ficar na África do Sul enquanto Angola se mantiver na competição. A viagem vai custar-lhe cerca de mil euros. Outros pagarão muito menos.
Em frente à zona reservada aos adeptos, onde Marco Gomes está, que fica ao lado de uma das áreas de canto, há um grande grupo de adeptos angolanos, cerca de mil. Entre eles estão os membros da claque "Movimento Nacional Espontâneo". Os membros identificam-se pelos seus emblemas de fãs oficiais, que trazem pendurados ao pescoço. A claque trouxe uma banda inteira com 20 elementos, entre trompetistas e tocadores de tambor. A banda tenta oferecer luta às incontáveis vuvuzelas no estádio.
O chefe da claque, António Fiel Didi, fala de toda a logística envolvida:
"Ficamos aqui 15 dias. O que nos custa 2 milhões de doláres. Desse total, o governo tem de pagar 50 por cento, ou seja, um milhão de dólares. Nós pagamos um pouco, mas o Governo tem de contribuir, mesmo nos bilhetes de avião", disse.
Fiel fala não apenas da claque, mas de todos os adeptos dos Palancas Negras que vieram com a ajuda do Governo de Angola. Só porque o executivo comparticipa a viagem é que muitos angolanos estão aqui. Também outros países participantes no CAN 2013 patrocinaram viagens aos seus adeptos, embora não existam dados oficiais acerca disso – trata-se de um segredo de polichinelo.
Apoio até ao fim
Cerca de 3 mil angolanos estarão presentes nos estádios da África do Sul. A maioria deles reside no país.
Todos juntos sonham com a final em fevereiro e em trazer pela primeira vez a Taça da África para Angola. Apesar do arranque pouco confiante dos Palancas Negras, Marco Gomes não perdeu a esperança.
"Nós somos um país, uma equipe", disse. "Vamos apoiar os nossos rapazes quanto possível e acreditamos que podemos conseguir alguma coisa. E caso não tenhamos sorte, vamos apoiar as equipas africanas! Pois somos todos africanos! "
Esta quarta-feira (23.01), Angola defrontará a equipa anfitriã da África do Sul e Cabo Verde joga contra Marrocos.
Autor: Adrian Kriesch (Joanesburgo) / Helena Ferro de Gouveia
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha