Novo adiamento das eleições na RDC anunciado nesta quinta-feira (20.12.), notícia que foi muito mal recebida pela oposição que insiste numa saída rápida do Presidente Joseph Kabila, no poder desde 2001.
Publicidade
As eleições presidencial, legislativas e provinciais na República Democrática do Congo (RDC) foram adiadas de sete dias, e agora terão lugar no domingo 30 de dezembro, anunciou o presidente da Comissão Eleitoral Independente (CENI), Corneille Nanngaa.
"A Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) disse que está na incapacidade técnica para organizar as eleições a 23 de dezembro", anunciou uma fonte da organização.
As razões apontadas pela CENI para este adiamento são atrasos na implantação do material eleitoral e um incêndio num armazém da CENI há uma semana em Kinshasa, que segundo as autoridades eleitorais provocou "um grande golpe" ao processo .
Já na noite de quarta-feira (19.12.) uma fonte oficial que solicitou o anonimato disse aos jornalistas que a CENI estava a considerar um adiamento de pelo menos sete dias, para a realização do pleito eleitoral.
Transição pacífica na RDC?
Segundo várias fontes diplomáticas em Kinshasa, as três eleições presidenciais, legislativas e provinciais, antes marcadas para 23 de dezembro, devem levar à primeira transmissão pacífica de poder na RDC. Os três escrutínios devem permitir a saída do poder do Presidente Joseph Kabila, de 47 anos, que renunciou a um terceiro mandato, aliás proibido pela Constituição.
As eleições no maior e um dos países africanos subsarianos mais instáveis foram adiadas uma vez no final do segundo e último mandato do presidente Kabila, em 2016, oficialmente por razões financeiras.
Dúvidas sobre as máquinas de votação na RDC
01:23
Este adiamento provocou protestos sangrentos em setembro e dezembro do mesmo ano.
Um último acordo sob os auspícios dos Bispos congoleses foi conseguido a 31 de dezembro de 2016 e que prorrogou por um ano o mandato do Presidente Kabila, mas com a promessa de serem realizadas eleições em 2017.
Mas o pleito eleitoral foi mais uma vez adiado, oficialmente por causa de atrasos verificados no registo de eleitores no Kasai, região central do Congo por causa de violentos confrontos armados.
Entretanto, para a organização das eleições, a CENI negou a assistência logística e financeira oferecida pela comunidade internacional, começando com os meios aéreos propostos pela Missão da ONU no Congo (MONUSCO).
"Mais de dois anos após o termo do prazo constitucional, nenhum atraso é justificável", advertiu num comunicado Lamuka , a coligação formada em torno do candidato da oposição Martin Fayulu.
Mr. Fayulu e seus aliados têm alertado o Presidente da República e a comissão eleitoral, que devem "assumir todas as consequências desta farsa."
RDC: Chocolates de um país em crise
A República Democrática do Congo é conhecida pela violência, pobreza e corrupção. Apesar dos problemas, a primeira empresa de chocolate do país está a produzir doces. Uma visita à "Cocoa Congo", na província de Goma.
Foto: DW/J. Raupp
Grãos do Beni
Adèle Gwet e Matthew Chambers inspecionam um carregamento de grãos de cacau que chegou da zona de Beni, a 300 quilómetros de distância. O casal empreendedor investe muito tempo e dinheiro: Chambers investiu 250 mil dólares na "Cocoa Congo", com a ajuda do Ministério Britânico do Desenvolvimento. Mas "o valor agregado do nosso 'chocolate premium' é produzido na própria RDC", diz Chambers.
Foto: DW/J. Raupp
Matéria-prima em vez de exportação
Grãos de cacau são transportados em autocarros de passageiros através de uma floresta onde milícias atuam. A empresa Cocoa Congo paga aos produtores de cacau - especialmente às mulheres - um quinto a mais pela matéria-prima do que as grandes empresas que exportam diretamente os grãos. Além disso, a empresa treina agricultoras para aumentarem seus rendimentos, atendendo aos padrões ambientais.
Foto: DW/J. Raupp
"Chocolatière" autodidata
"Eu vim ao Congo para trabalhar e ajudar outras mulheres", diz Adèle Gwet, natural dos Camarões. "Eu quero ajudá-las a ter uma vida melhor, por isso eu ensino como fazer chocolates." As receitas, ela buscou na internet. Durante meses, trabalhou com o marido, um americano, provando-as.
Foto: DW/J. Raupp
Ajuda para mulheres
Seis dos dez funcionários do Cocoa Congo, em Goma, são mulheres em risco. Aqui, elas aprendem a ferver a massa de cacau. A cozinha onde trabalham está localizada num edifício residencial. O chocolate está a ser produzido há apenas três meses - até agora, foram algumas centenas de barras. A previsão é de 20 mil por mês no próximo ano!
Foto: DW/J. Raupp
100% congoleses
Mamy Simire embala o chocolate em papel de alumínio. Ela mal consegue acreditar que foi feito aqui. Para a mãe de cinco filhos, comer doces por um longo tempo era impensável: "Eu só conhecia chocolates pela televisão, onde via outras pessoas comendo. Experimentar mesmo não era possível, pois é muito caro para nós". Agora, as crianças dela podem provar: são o controle de qualidade!
Foto: DW/J. Raupp
Produtos artísticos de exportação
A Cocoa Congo quer primeiro vender o chocolate no exterior pela internet. Chambers criou algo especial para entrar no mercado: artistas de Goma pintam quadros para o papel de embalagem. Um pacote de chocolate com três barras de 50 gramas deve custar 20 dólares. "Não exportamos apenas chocolate, mas também uma imagem positiva da RDC", diz Chambers.
Foto: DW/J. Raupp
Ativista
Sylvie Chishungu Zawadi se preocupa com as produtoras de cacau em Beni. Com frequência, milícias estupram mulheres que trabalham nos campos. Algumas são sequestradas e assassinadas. "Sim, é bom trabalhar com elas. Mas até que ponto a segurança delas está garantida? Ou será que elas estão à mercê das milícias?". Para um chocolate verdadeiramente seguro, o Estado também deve fazer a parte dele.