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ADIN: "Não haverá exclusão na aplicação dos fundos"

30 de julho de 2024

Quatro anos após a sua criação, a ADIN finalmente avança com projetos concretos. O presidente da ADIN detalha como 21 milhões de euros serão usados para apoiar pequenas e médias empresas no norte de Moçambique.

Mosambik | Weltbevölkerungstag | Straßenszene in Nampula
Foto: Sitoi Lutxeque/DW

Quase quatro anos após a criação da Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN), começam a concretizar-se alguns dos seus projetos. Moçambique dispõe agora de 21 milhões de euros, atribuídos por parceiros como o Banco Mundial e o PNUD, para desenvolver iniciativas económicas e sociais nas províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa, para apoiar pequenas e médias empresas locais.

Estes investimentos visam resolver os problemas da população, especialmente das vítimas dos ataques armados em Cabo Delgado desde 2017. A ADIN foi oficialmente lançada a 31 de agosto de 2020 pelo presidente Filipe Nyusi, com o objetivo de reduzir as assimetrias regionais e promover o desenvolvimento das províncias do norte.

Em entrevista à DW, o presidente da ADIN, Jacinto Loureiro, explicou como serão usados os 21 milhões de euros. O montante será aplicado de imediato em várias frentes, visando tanto o desenvolvimento económico como a mitigação dos efeitos do conflito na região. Loureiro garante que não haverá exclusão.

DW África: Como serão usados os 21 milhões?

Jacinto Loureiro (JL): Esse montante será aplicado imediatamente em diversos projetos, não apenas focando no conflito, mas também no desenvolvimento. Esse é um projeto financiado pelo Banco Mundial, especialmente para a região norte. Tem várias componentes, e desses 23 milhões de dólares (21 milhões de euros), uma parte significativa será destinada ao investimento em micro e pequenas empresas. O objetivo é a formação de quase 10 mil empresas, das quais 500 receberão financiamento para se estabelecerem de maneira mais sólida. Este investimento será direcionado principalmente para o empresariado local.

DW África: Quais são os critérios de seleção das empresas?

JL: Atualmente, há uma equipe responsável pela formação e pela seleção das empresas que mais beneficiarão do fundo. As empresas já estão sendo convidadas a se inscrever. Durante a formação, aprimoraremos o método de escolha, identificando aquelas que têm maior potencial para receber o financiamento.

A agência, criada para promover o desenvolvimento económico e social no norte de Moçambique, está a implementar projetos financiados por parceiros como o Banco Mundial e o PNUDFoto: R. da Silva/DW

DW África: E os jovens empreendedores serão abrangidos pelo vosso projeto? Vão beneficiar dos vossos fundos, mesmo aqueles que trabalham de forma individual?

JL: Ontem mesmo tivemos a oportunidade de conhecer um jovem empreendedor em Nampula que produz conteúdos para televisões. Ficamos impressionados e o convidamos a se inscrever. Notamos que alguns jovens ainda desconhecem o programa. Por isso, se puderem ajudar a divulgar entre os jovens empreendedores, será muito útil.

DW África: Estão garantidas medidas para evitar a exclusão dos jovens locais, como tem sido muito discutido ultimamente?

JL: Com certeza. Aproveitamos todas as oportunidades para divulgar esses programas. Ontem foi mais um dia de divulgação, e há uma semana me reuni com jornalistas de Pemba para pedir que esses programas sejam amplamente divulgados, evitando a exclusão. Usamos jornais, rádios e outros meios para garantir que a informação chegue a todos. Enquanto não implementamos, a divulgação é intensa.

DW África: E na província de Cabo Delgado, especificamente? Há algum distrito ou região prioritária para o início deste projeto?

JL: Em Cabo Delgado, temos equipas no terreno. Atualmente, estamos a oferecer formação a várias empresas já inscritas e também a formar formadores para expandir o nosso alcance. A nossa meta é abranger cerca de 10 mil pequenas empresas.

DW África: Vários estudantes de Cabo Delgado foram enviados para Portugal para formação técnica, através de uma parceria entre o Governo, a ADIN, o Instituto de Bolsas de Estudo e o Banco Mundial. Como está a ser a inserção desses jovens na província?

JL: A inserção está a ocorrer da melhor forma possível. Um fator que ajudará esses jovens é a etapa de vida proporcionada pela formação. Cada um buscará sua oportunidade de emprego. No programa atual, temos uma janela para pagar parte do salário desses jovens durante um estágio remunerado. Queremos garantir que esses jovens formados não sejam abandonados e possam se inserir em empresas.

Embora não possamos obrigar as empresas a contratá-los, o nosso objetivo é que as empresas vejam valor em mantê-los. Ofereceremos uma remuneração por seis meses para que as empresas os aceitem como estagiários. Muitas vezes, as empresas acabam absorvendo esses jovens ao final do estágio.

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