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Direitos HumanosAfeganistão

Afeganistão: Voos só depois de solução de "aspetos técnicos"

EFE | Lusa | AFP
31 de agosto de 2021

Voos civis deverão ser retomados em breve no aeroporto da capital afegã, após a solução de questões operacionais, dizem os talibãs. Comunidade internacional continua a discutir alternativas para a retirada de cidadãos.

Talibãs fazem a segurança do aeroporto de Cabul após a retirada total norte-americanaFoto: Wakil Kohsar/AFP/Getty Images

Os talibãs vão autorizar a retomada dos voos partindo do aeroporto de Cabul assim que resolverem "aspetos técnicos", inclusive, podendo pedir ajuda a Turquia e Qatar, afirmou nesta terça-feira (31.08) o principal porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, à televisão Al Jazeera.

"Estudamos e avaliamos os aspetos técnicos e, se conseguirmos superar esses problemas, retomaremos os voos. Caso contrário, pediremos ajuda aos países amigos", disse o representante  dos Talibã, se referindo aos governos de Ancara e Doha.

"O que mais preocupa, agora mesmo, é a segurança do aeroporto. Mas estamos a esforçar-nos para retomar as rotas internas e para o exterior rapidamente", completou o porta-voz.

O Governo da Turquia confirmou ter recebido o pedido de ajuda dos talibãs para administrar o aeroporto de Cabul e, três dias atrás, divulgou que estava a avaliar a solicitação e que pediu ao grupo garantias de segurança.

Controlo do aeroporto e apelo aos cidadãos

Ainda em entrevista à Al Jazeera, Mujahid confirmou que as forças do grupo fundamentalista assumiram o controle do aeroporto de Cabul assim que foi concluída a retirada das tropas dos Estados Unidos do Afeganistão, com a descolagem de uma aeronave militar, por volta da 0h local. A retirada foi comemorada com tiros no aeroporto da capital afegã e os talibãs logo comemoraram a "independência".

Tropas norte-americanas durante a retirada de Cabul na segunda-feira, dia 30 de agostoFoto: Aamir Qureshi/AFP

Além disso, o porta-voz tentou enviar uma mensagem de tranquilidade a população local, garantindo que nenhum cidadão deve temer pela própria vida. Além disso, assegurou que "a calma reina em todas as províncias afegãs".

Mujahid ainda afirmou que o os talibãs prosseguem com "consultas" com líderes políticos locais para a formação de um novo Governo e, embora não tenha adiantado qualquer detalhe, prometeu que a população ficará satisfeita.

Retirada de afegãos

No entanto, milhares de pessoas ainda tentam deixar o Afeganistão. O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse esta terça-feira (31.08) que o aeroporto de Cabul deve ser mantido aberto e prometeu não esquecer os afegãos deixados para trás após a saída das tropas dos EUA.

"É essencial manter o aeroporto aberto, tanto para permitir a ajuda humanitária ao povo afegão como para garantir que podemos continuar a retirar as pessoas - as que o desejaram, mas não puderam fazer parte da evacuação militar", disse Stoltenberg em entrevista à agência de notícias France Presse (AFP).

Jens Stoltenberg elogiou a Turquia, um membro da NATO, por se oferecer para assumir um papel na gestão do aeroporto de Cabul enquanto os talibãs tentam abri-lo, e agradeceu a cerca de 800 funcionários civis da NATO pela ajuda na gestão do transporte aéreo.

Grupos de afegãos desembarcaram em Madrid no dia 27 de agostoFoto: Juan Carlos Lucas/NurPhoto/picture alliance

Esta terça-feira (31.08), a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, também confirmou que Berlim está disposta a prestar ajuda técnica para que o aeroporto de Cabul seja reaberto o mais breve possível. Merkel, que falava numa conferência de imprensa com o seu homólogo austríaco Sebastian Kurz, disse que o funcionamento daquele aeroporto é "essencial" para fazer chegar ajuda humanitária ao Afeganistão.

Contacto com os talibãs

Angela Merkel sublinhou a importância de manter contacto contínuo com os talibãs para garantir a saída do Afeganistão de colaboradores locais e outros grupos ameaçados, acrescentando não ser altura para falar de contingentes de refugiados. 

Falando ao lado de Sebastian Kurz, Merkel referiu-se a conversações com alguns países sobre "uma presença temporária ou mais forte em Cabul ou na região" também a nível europeu, para se "poder estabelecer um contacto contínuo com os talibãs", que nada tem que ver, frisou, com um "reconhecimento diplomático".

"Trata-se de ter diplomatas próximos para falar com os talibãs. Temos que ver como havemos de manter os contactos", observou Merkel, que, por outro lado, defendeu que ainda não chegou o momento de falar de contingentes de refugiados, porque, para discutir tal coisa, é primeiro necessário saber "qual é a dimensão migratória fora do Afeganistão".

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Por seu turno, o chanceler da Áustria disse que o seu país não está preparado para receber mais afegãos e que não apoiará um sistema europeu de distribuição de refugiados afegãos pelos vários estados da União Europeia. 

Apoio aos países vizinhos

Entretanto, os estados-membros da União Europeia (UE) esforçaram-se esta terça-feira (31.08) por encontrar um consenso sobre como ajudar os países vizinhos do Afeganistão a acolher refugiados que fogem dos Talibãs e evitar um afluxo de migrantes comparável ao de 2015 que chegou à Europa.

"Precisamos de evitar uma crise humanitária, precisamos de evitar uma crise migratória, e precisamos de evitar ameaças à segurança", disse a comissária da UE para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, antes da reunião com os 27 ministros do Interior da UE em Bruxelas.

"Mas então precisamos de agir agora e não esperar até termos grandes fluxos de pessoas nas nossas fronteiras externas ou até termos organizações terroristas mais fortes", acrescentou ela.

Na reunião, espera-se que os ministros aprovem uma declaração que inclua o apoio aos países da região para acolher refugiados do Afeganistão, que está nas mãos dos talibãs desde meados de agosto.

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