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TerrorismoAfeganistão

Talibãs prometem inclusão da mulher na sociedade

Adeli Ghazanfar | AFP
18 de agosto de 2021

O porta-voz dos talibãs prometeu que as mulheres vão poder trabalhar e estudar, mas ao abrigo da lei islâmica, a Sharia. Mas as mulheres receiam os radicais que agora comandam o país. ONGs estão preocupadas.

Afghanistan | Kinderklinik in Dand
Foto: Elise Blanchard/AFP

Em conferencia de imprensa realizada em Cabul nesta terça-feira (17.08), o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, disse que as mulheres serão muito ativas na nova sociedade afegã, mas dentro das regras dos chamados estudantes de teologia.

"Elas vão estar sujeitas aos direitos das mulheres previstos na sharia. Vão trabalhar ombro a ombro ao nosso lado. Queremos um futuro Governo e um sistema que inclua pessoas de todas as escolas de pensamentos", garantiu.

Várias organizações de defesa dos direitos humanos manifestaram-se preocupadas com as restrições que os talibãs vão impor às mulheres afegãs, que poderão perder as liberdades alcançadas nos últimos 20 anos. Isto porque quando os talibãs governaram o Afeganistão, pela última vez, entre 1996 e 2001, as mulheres foram relegadas ao último plano na sociedade.

"Eu quero estudar"

Laila, residente da província de Takhar, quer que desta vez seja diferente e que as mulheres sejam respeitadas pelo movimento radical islâmico.

"Quero que o novo Governo traga a paz ao nosso país. Que seja diferente, porque, por exemplo, eu quero estudar, mas os talibãs não nos permitam ir à escola",  pede.

Zabihullah Mujahid, porta-voz dos talibãsFoto: Rahmat Gul/AP Photo/picture alliance

Salima relata drama que viveu com os talibãs, que forçam raparigas a casarem com os seus soldados: "Os talibãs vieram à mesquita e disseram-nos que todos os seus homens vão se casar com todas as viúvas e jovens raparigas. Disseram ainda que cada soldado vai casar com duas filhas de cada família que tenha três filhas. Ficamos assutadas. A nossa casa foi destruída. Fugimos sem nada".

Acolhimento de refugiados 

A situação continua um caos total no Afeganistão e há milhares de pessoas que ainda estão a tentar fugir do país para escapar a linha dura que se espera sob o regime talibã.

Nesta terça-feira (17.08), os militares norte-americanos descobriram restos humanos no trem de aterragem do avião militar invadido por afegãos em pânico no aeroporto de Cabul. A Força Aérea dos EUA não adiantou um número total de mortos nem confirmou relatos de que uma pessoa foi esmagada pelas rodas do avião antes da descolagem.

Para analisar a situação no terreno e a dos novos refugiados, o Presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, acordaram realizar uma cimeira virtual do G7, já na proxima semana. O Reino Unido vai acolher 20.000 refugiados.

Angela Merkel disse estar aberta ao acolhimento "controlado” de refugiados afegãos "particularmente vulneráveis. A chanceler alemã admite ao mesmo tempo que será difícil chegar a consenso sobre o assunto no seio da União Europeia. Uganda disponibilzou-se a acolher urgência no seu território cerca de dois mil refugiados afegãos, anunciou esta terça-feira o Governo daquele país africano.

Angela Merkel, chanceler alemãFoto: Kay Nietfeld/dpa/Pool/picture alliance

"Queremos a paz no Afeganistão"

O porta-voz dos talibãs disse que nova liderança não quer criar inimigos na comunidade internacional. Zabihullah Mujahid prometeu que o movimento radical islâmico vai proteger o Afeganistão, garantindo que não são movidos por qualquer desejo de vingança.

"Queremos a paz no Afeganistão. Aqueles que foram para o aeroporto por medo e ainda estão à espera de deixar o país não serão prejudicados se voltarem para casa", prometeu.

Apesar das promessas, a maioria da população mantém-se cética, com as gerações mais velhas a recordarem nitidamente o ultraconservadorismo islâmico defendido pelos talibãs nos anos 1990, incluindo as severas restrições às mulheres, os apedrejamentos e amputações públicas e o isolamento em relação ao resto do mundo.

Entretanto, o vice-presidente deposto do Afeganistão, Amrullah Saleh, declarou-se hoje Presidente legítimo do país, devido à fuga do ex-chefe de Estado no domingo, e prometeu não se submeter aos talibãs.

Afegãs temem dias sombrios após regresso dos talibãs

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Adeli Ghazanfar Journalist
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