Agentes do setor petrolífero debatem futuro em Angola
Lusa
1 de outubro de 2024
Agentes do setor do petróleo e gás debatem quarta e quinta-feira, na conferência "Angola Oil & Gas 2024", um setor que representa mais de 30 mil milhões de dólares por ano, 95% das exportações e 25% da economia do país.
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Com representantes de 40 países e centenas de organizações, "a conferência Angola Oil & Gas representa um catalisador para o investimento; o país está à beira de se tornar um 'hub' regional para o petróleo e gás, fazendo grandes progressos para maximizar os seus recursos para benefício da população regional", diz o diretor de eventos e projetos da conferência, Luís Conde, citado no site da Angola Oil & Gas.
Os números relativamente ao petróleo em Angola mostram a importância deste setor não só para as finanças públicas, mas também para a economia do país em geral.
No segundo trimestre deste ano, Angola exportou 96,8 milhões de barris de petróleo, mais 0,56% comparativamente ao trimestre anterior, e arrecadou 8,1 mil milhões de dólares (cerca de 7,4 mil milhões de euros), de acordo com os dados do governo, que revelam também que o preço médio de exportação foi de 84,9 dólares por barril, mais 1,98% do que no trimestre homólogo de 2023.
A China foi o principal destino das exportações, com 54,83% do volume total, seguindo-se Espanha com 8%, Índia (7,84%), Canadá (4,11%), França (3,71%) e África do Sul (3,5%).
Angola: Só a subida no preço do petróleo não basta
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Só em junho, o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana produziu 34,8 milhões de barris, tendo arrecadado o equivalente a mais de 750 milhões de euros, menos 20% do que no mês anterior devido à descida do preço do petróleo, de 87,69 dólares para 81,30 dólares.
A redução das receitas em junho mostra o perigo da dependência de uma matéria-prima para as contas do Estado, sempre sujeitas ao volátil mercado petrolífero.
Ainda assim, o petróleo é incontornável em Angola não só para financiar as despesas correntes, mas também para sustentar os investimentos nas energias renováveis e na diversificação económica, como sustentam analistas e agentes do setor, algo que o governo assume como fundamental, mas que não ocorre de um dia para o outro.
Na quarta e quinta-feira são esperados no Centro de Convenções Talatona, em Luanda, 2.500 delegados de 40 países, com mais de 100 oradores provenientes de 500 organizações.
A conferência será aberta na quarta-feira de manhã pelo ministro do Petróleo e Recursos Naturais, e contará com sessões em que participam os responsáveis da Totalenergies, Azule Energy, ENI e Chevron, para além dos ministros com a tutela do petróleo em Angola, República Democrática do Congo, Namíbia e Costa do Marfim, e da secretária-geral da Organização Africana de Produtores de Petróleo.
Angola: Diversificar a economia através da agricultura
O petróleo é a principal fonte de receitas de Angola. Face à crise no mercado internacional, o país procura diversificar a sua economia nomeadamente através da agricultura.
Foto: Antonio Ambrosio/DW
Estado das vias de acesso preocupa
Há 10 anos o Governo realiza, anualmente, a Feira da Banana no Bengo. Apesar do nome, a feira contempla diversos produtos. Bengo possui uma área arável de cerca de 1 milhão de hectares. As culturas mais predominantes são a mandioca, batata doce, feijão, banana, ginguba e batata rena. Mas o estado degradante das vias de acesso tem gerado perdas significativas aos produtores.
Foto: Antonio Ambrosio/DW
Produção nacional de Banana
A produção de banana é uma fonte de rendimento para muitas famílias, gerando postos de trabalho e desenvolvimento nas regiões de produção. Em 2023, a província angolana do Bengo produziu mais de 443 toneladas de banana. Martins Albino, produtor, diz que no município de Bula Atumba explora 8 hectares e consegue colher mais de 100 cachos de banana por mês.
Foto: Antonio Ambrosio/DW
Para quando o relançamento do café?
A produção de café em grande escala também pode ajudar Angola a depender menos do petróleo. O país, antes independência, já foi um dos maiores produtores de café. Os conflitos armados, o envelhecimento da mão de obra e o relaxamento dos produtores freou a sua elevação. Nos últimos tempos, tem havido maior aposta na produção.
Foto: Antonio Ambrosio/DW
Do bombó vem o funge
Na região norte de Angola, o funge de bombó, cuja matéria-prima é a mandioca, é um dos principais alimentos. Rosa José, que vive desta produção há mais de 20 anos, conseguiu empregar três trabalhadores. Em um ano colhe e comercializa mais de uma tonelada de bombó. Face aos níveis de produção na sua localidade, diz que tem procurado vender o bombó em outros mercados.
Foto: Antonio Ambrosio/DW
Cana-de açúcar é outra alternativa
Também a produção de cana-de açúcar já proporcionou muitas alegrias a Angola. A cidade capital do Bengo encontra-se numa zona que recebeu o nome de "Açucareira" precisamente por conta dos elevadores níveis de produção.
Foto: Antonio Ambrosio/DW
Das águas angolanas chegam outras valências
Peixes de diferentes espécies podem ser encontrados no rio ou no mar, na província do Bengo. Ambriz, por exemplo, é conhecido por ser um município piscatório devido ao seu potencial no que à pesca diz respeito. Quem visita a municipalidade não pode deixar de provar a "madiquita".
Foto: Antonio Ambrosio/DW
Kizaca, o "frango verde" de Angola
Além da mandioca que dá origem ao bombó, da mesma produção vem a kizaca. Um alimento que durante a pandemia da COVID-19 ficou conhecido em algumas zonas de Angola como "frango verde". Muito presente na mesa dos angolanos, a kizaca pode acompanhar o funge, o arroz e até mesmo o molho.
Foto: Antonio Ambrosio/DW
Produção de laranja
Este é outro produto que muito se cultiva em Angola: a laranja. Nesta feira em que participam mais de 500 expositores, com um volume de negócios de mais de cem milhões de Kwanzas (cerca de 109.453€), os participantes aproveitam para fazer negócios. O Governo do Bengo contempla um total de 156 associações de camponeses e 187 cooperativas agropecuárias, grande parte integrada por ex-militares.
Foto: Antonio Ambrosio/DW
Autoridades e produtores buscam soluções
Sentados "à mesma mesa", autoridades e produtores buscam soluções para melhorar e impulsionar a produção nacional e alavancar a diversificação da economia do país.