Ainda não há acordo para formar governo na Alemanha
AFP | EFE | Lusa | nn
6 de fevereiro de 2018
As negociações entre os conservadores de Angela Merkel e os sociais-democratas de Martin Schulz deviam ter terminado no domingo, mas a data-limite foi estendida para segunda-feira. Até agora não há sinais de acordo.
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À chegada à sede do Partido Social-Democrata (SPD), em Berlim, na segunda-feira (05.02), o dirigente da União Democrata-Cristã (CDU) Volker Bouffier não descartava a hipótese de um eventual acordo ser anunciado só esta manhã, tendo em conta as "180 páginas de negociações" pela frente.
"De qualquer das formas, estou confiante", declarou Bouffier. "A minha impressão é que todos estamos ansiosos." Desde as eleições legislativas de setembro, Berlim é administrada de forma interina.
Protestos à margem das negociações em Berlim
O bloco liderado pela chanceler alemã, Angela Merkel, e os sociais-democratas de Martin Schulz entraram na fase final das negociações para conseguir um pacto governativo, com discordâncias ainda sobre a mesa.
"Não falta vontade política"
Também o líder parlamentar da União Social Cristã (CSU) da Baviera, Alexander Dobrindt, acredita que "não falta vontade política" para se obter um acordo forte. Para o responsável desta formação aliada de Merkel, a convicção prende-se com a formação de uma grande coligação.
"Não podemos prever se teremos ou não sucesso, mas todos os lados estão dispostos a isso. Ainda há grandes obstáculos, mas vamos conciliar-nos. Queremos formar uma grande coligação e existe consciência da enorme tarefa que temos à frente", disse Alexander Dobrindt, Caso não haja um entendimento, "as coisas podem ficar difíceis outra vez", admitiu.
O líder do SPD, Martin Schulz, já deixou claro que vai demorar o tempo necessário para conseguir um acordo "sólido", requisito imprescindível, na sua opinião, para dar à Alemanha o governo estável que necessita. Uma vez fechado o pacto final, o texto ainda será submetido à votação de 440.000 militantes sociais-democratas.
Enquanto a chanceler da Alemanha tenta garantir o seu quarto mandato, os alemães parecem estar divididos sobre a permanência de Angela Merkel no poder. Uma sondagem de opinião publicada pela emissora alemã ARD na quinta-feira (01.02) mostrou que 51% dos entrevistados consideram positivo um quarto mandato de Merkel, enquanto 46% o veem de forma negativa.
Os rostos da AfD: Conheça os novos parlamentares da Alemanha
Após as eleições de 2017, o partido de extrema-direita entrará no Parlamento pela primeira vez e ocupará 94 lugares. Mas quem são exatamente os representantes da Alternativa para a Alemanha (AfD) – e o que já disseram?
Foto: Reuters/F. Bensch
Siegbert Droese
O líder da AfD na cidade de Leipzig foi o centro de uma polémica em 2016. Os jornais noticiaram que a matrícula de um dos seus carros era "AH 1818". "AH" são as iniciais de Adolf Hitler. Os números 1 e 8 correspondem à primeira e oitava letra do alfabeto – consideradas um código para "Adolf Hitler" entre os grupos neonazis.
Foto: Imago/J. Jeske
Markus Frohnmaier
Frohnmaier é o chefe da organização da juventude do partido, a Junge Alternative (Alternativa Jovem). O jovem político, de 28 anos, escreveu em agosto de 2016 no Facebook que "nossa geração é a que mais sofrerá" com a decisão da chanceler Angela Merkel de "afundar este país com o proletariado de baixa qualidade de África e do Oriente".
Foto: picture-alliance/dpa/B. Weißbrod
Martin Reichardt
O antigo soldado da Baixa-Saxónia, estado do norte da Alemanha, uma vez disse a jornalistas que não tinha problemas com a frase "Alemanha para os alemães", geralmente utilizada por grupos neonazis. Reichardt também descreveu Os Verdes e o partido A Esquerda como "inimigos constitucionais número 1".
Foto: picture-alliance/dpa/M. Bein
Wilhelm von Gottberg
O político de 77 anos de Brandenburgo, estado do leste da Alemanha, foi vice-presidente da Federação dos Desterrados (BdV) até 2012. No jornal Ostpreussenblatt, ele escreveu, em 2001, que concordava com a afirmação de que o Holocausto era um "mito" e um "efetivo instrumento para incriminar os alemães e a sua história".
Foto: picture-alliance/dpa/T. Brakemeier
Jens Maier
Em janeiro, o juiz de Dresden, leste da Alemanha, protestou contra a "criação de nacionalidades mestiças" que "destroem a identidade nacional". Ele também apelou para o fim da "cultura de culpa" na Alemanha, fazendo referência às ações do país durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert
Beatrix von Storch
A vice-presidente da AfD é deputada no Parlamento Europeu e é conhecida pela sua visão muito conservadora. Em 2016, ela respondeu afirmativamente a um usuário no Facebook que lhe perguntou se as Forças Armadas deveriam ser usadas para impedir que mulheres com filhos entrassem ilegalmente na Alemanha. Mais tarde, Beatrix von Storch pediu desculpa pelo comentário.
Foto: Reuters/W. Rattay
Alexander Gauland
O candidato de topo da AfD foi amplamente criticado depois de sugerir que a comissária do Governo alemão para a integração, Aydan Özoguz, deveria ser "descartada" na Turquia porque havia dito que não existia cultura específica na Alemanha além da língua alemã.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Murat
Alice Weidel
A economista de 38 anos foi outra candidata de topo da AfD. Apesar de viver na Suíça, Weidel concorreu pelo distrito do Lago de Constança em Baden- Württemberg. Ela foi criticada por descrever a comissária de integração da Alemanha, Aydan Özoguz, de origem turca, como "mancha" e "desgraça". Num suposto e-mail atribuído a Weidel, ela chamou o Governo de Angela Merkel de "porco" e "fantoche".
Foto: Getty Images/S. Schuermann
Frauke Petry
A co-presidente da AfD ganhou um assento parlamentar no estado da Saxónia, mas anunciou que não se unirá ao grupo parlamentar da AfD, embora continue no partido. Em janeiro de 2016, Petry disse que a polícia alemã deveria usar armas de fogo, se necessário, para recuperar o "controlo" da fronteira. Em março de 2017, foi criticada por relativizar o Holocausto, numa entrevista no Wall Street Journal.