O líder da seita "A Luz do Mundo" foi condenado em 2016, mas até agora o Tribunal Supremo de Angola não respondeu ao recurso da defesa. Por esclarecer continua também a morte de vários seguidores de José Kalupeteka.
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Faz esta quarta-feira (05.04) um ano desde que José Julino Kalupeteka foi considerado pelo Tribunal Provincial do Huambo como autor moral de nove crimes de homicídio qualificado, sob a forma consumada, de agentes da Polícia Nacional, em abril de 2015, no monte Sumi, município da Caála.
Condenado a 28 anos de prisão efetiva, José Julino Kalupeteka também foi considerado o principal mentor moral de oito homicídios qualificados, sob a forma frustrada, autor material de um crime de desobediência simples e outro de resistência.
Martinho Tchissingui, coordenador da Associação Mãos Livres, que defendeu Julino Kalupeteka e seguidores do pastor, disse à DW África que ainda aguarda pela resposta do Tribunal Supremo ao recurso interposto pelo advogados.
"Não interferimos no trabalho do Tribunal Supremo e estamos a aguardar de boa-fé se o Tribunal concorda ou não com aquilo que o juíz do Tribunal Provincial sentenciou", explica o advogado.
Mortes por esclarecer
As informações sobre o real número de mortos divergem. O Governo fala em nove polícias mortos e 13 vítimas civis. A oposição chegou a falar em mais de mil vítimas. Martinho Tchissingui confirma a disparidade entre os números apresentados pelas autoridades e os avançados por outras fontes independentes no local.
Condenação de Kalupeteka em Angola foi há um ano
Por esclarecer continua também a morte de vários seguidores da seita "A Luz do Mundo". Quanto ao facto de nenhum dos familiares das vítimas ter reclamado os corpos dos seus ente-queridos, o ativista acredita ter sido por causa do clima de medo que se instalou na província.
"O Estado anunciou a morte de 13 pessoas no Sumi, que eram membros da seita, mas até hoje ainda não encontramos dados fiáveis sobre onde foram enterradas as pessoas e como foram enterradas", afirma Martinho Tchissingui da Associação Mãos Livres.
Julino Kalupeteka cumpre atualmente pena na comarca de Luanda, para onde foi transferido, alegadamente por questões de segurança.
A DW África contactou os filhos do pastor, que se recusaram a prestar declarações por motivos de segurança.
Seca em África
Não chove, as colheitas são más, pouco há para comer, há quem consuma ervas para saciar a fome: É a pior seca das últimas décadas. 14 milhões de pessoas estão em perigo. Angola e Moçambique são dois dos países afetados.
Foto: Reuters/T. Negeri
À espera de água
Os jerricans estão vazios, não há água à vista. A Etiópia atravessa a pior seca das últimas três décadas, sem chover durante meses a fio. Segundo as Nações Unidas, mais de dez milhões de pessoas precisam urgentemente de assistência alimentar. Em breve, o número pode duplicar.
Foto: Reuters/T. Negeri
Sem fonte de sustento
Uma grande parte dos etíopes vive da agricultura e da criação de gado. Os animais são, muitas vezes, a fonte de sustento da família. "Vi as últimas gotas de chuva durante o Ramadão", conta um agricultor da região de Afar, no nordeste da Etiópia. O mês de jejum dos muçulmanos terminou em julho. "Desde essa altura, nunca mais choveu. Não há água, não há pasto. O nosso gado morreu".
Foto: Reuters/T. Negeri
Perigo para as crianças
Em 1984, mais de um milhão de pessoas morreu de fome na Etiópia. Pouco mais de três décadas depois, os etíopes voltam a correr perigo, sobretudo as crianças. Segundo o Governo etíope, mais de 400.000 rapazes e raparigas estão gravemente subnutridos e precisam de tratamento médico.
Foto: Reuters/T. Negeri
O El Niño
A colheita também foi magra no Zimbabué. Neste campo perto da capital, Harare, em vez de maçarocas de milho viçosas crescem apenas estes grãos secos. A seca foi agravada pelo El Niño. Noutros locais, o fenómeno meteorológico provocou chuvas fortes e inundações.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
No limite
Esta vaca está no limite das suas forças, mal consegue manter-se em pé. Os agricultores de Masvingo, no centro do Zimbabué, tentam movê-la. Em 2015, choveu metade do que havia chovido no ano anterior. Os campos ficaram completamente secos.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca em Moçambique
"Lá no nosso bairro já perdi trinta e cinco cabeças", conta um criador de gado do distrito de Moamba, a 80 quilómetros da capital moçambicana, Maputo. Milhares de famílias estão em situação de insegurança alimentar. A seca afeta principalmente o sul do país. O norte e centro têm sido fustigados por chuvas intensas.
Foto: DW/R. da Silva
Ervas para combater a fome
A província do Cunene, no sul de Angola, também tem sido afetada pela seca. À falta de outros alimentos, há populares que comem ervas para saciar a fome: "Muitos morreram, não há comida. Mas, depois, estas ervas causam diarreia", contou um morador do município do Curoca.
Foto: DW/A.Vieira
Rio seco
Seria impossível estar aqui, não fosse a seca. O rio Black Umfolozi, a nordeste da cidade sul-africana de Durban, ficou sem água à superfície. Só cavando os habitantes conseguem obter o líquido vital.
Foto: Reuters/R. Ward
Seca inflaciona os preços
O Malawi também atravessa um período de seca. E isso reflete-se aqui neste mercado perto da capital, Lilongwe. Os preços de produtos básicos como o milho aumentaram bastante, porque a colheita foi má e é necessário importá-los. Muitas vezes, os habitantes mal conseguem pagar os alimentos que precisam para sobreviver.