Rota anunciada em meados de abril é uma extensão do voo entre Joanesburgo e Paris. Companhia aérea justifica operação devido ao turismo e aos negócios relacionados às reservas naturais de energia em Moçambique.
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A companhia aérea Air France incluiu este domingo (20.06) Maputo nas suas rotas aéreas, como extensão do voo entre Joanesburgo e Paris.
Em meados de abril, quando a companhia fez o anúncio, o diretor-geral da Air France-KLM para a África Austral, Wouter Vermeulen, destacou que Moçambique emergiu "como destino de negócios importante, devido às suas ricas reservas naturais de energia".
Wouter Vermeulen referia-se aos projetos de exploração de gás natural no norte do país, com destaque às atividades da petrolífera francesa Total.
A companhia aérea refere que o turismo "também é um ativo importante de Moçambique que a Air France deve aproveitar".
A rota de Joanesburgo e Maputo é operada com aviões Boeing 777-300ER com cabines remodeladas.
Os voos a partir do aeroporto Charles de Gaulle, na capital francesa, operam aos domingos e às quintas-feiras e, no sentido inverso, às segundas e sextas-feiras.
Moçambique: De barco à vela para a ilha de Inhambane
Os habitantes da ilha de Inhambane deslocam-se de barco à vela para as principais cidades continentais para vender e comprar produtos locais. Para enfrentar os dias de mar revolto, pedem ao Governo um barco a motor.
Foto: Luciano da Conceição/DW
Apenas três dias por semana
Os únicos cinco barcos à vela privados que ligam o continente à Ilha de Inhambane só trabalham três vezes por semana: às segundas, quartas e sextas-feiras. Nesses dias, os habitantes locais transportam marisco para poderem ganhar dinheiro na cidade de Maxixe e são obrigados a pernoitar em casas de familiares ou amigos para regressar no dia seguinte.
Foto: Luciano da Conceição/DW
Um euro para transporte
A maioria das pessoas que fazem a travessia três vezes por semana são mulheres. Muitas optam por viajar com os maridos, devido à necessidade de dormirem uma noite em Maxixe. O preço de ida e volta ronda um euro. Apesar de não ser elevado, os residentes locais pedem ao Governo que disponibilize um barco a motor para poder fazer as ligações nos dias de mau tempo.
Foto: Luciano da Conceição/DW
Sem alternativas
Na ilha de Inhambane não existem lojas para grande comércio. Quando querem fazer compras, os locais deslocam-se à cidade de Maxixe. Os custos de transporte variam consoante a carga da mercadoria.
Foto: Luciano da Conceição/DW
Também falta água na ilha
Amélia Rungo vive da venda de marisco seco em Maxixe. Viaja duas vezes por semana, porque o marido, que é pescador, nem sempre consegue produto suficiente para que a mulher o possa comercializar. Para ela, viver na ilha é melhor que viver no continente. Só lamenta a falta de transporte digno e de água, pelo que pede ao Governo a construção de um sistema de abastecimento de água potável.
Foto: Luciano da Conceição/DW
Amêijoa seca, uma iguaria local
A Ilha de Inhambane é tida como o principal produtor de amêijoa, um dos ingredientes essenciais no caril de amendoim ou mesmo para confecionar a matapa, um prato feito à base de folha de mandioca. Vinte quilos desta iguaria custam dez euros. Ainda assim, as alterações climáticas dos últimos anos têm afastado este molusco da costa da ilha.
Foto: Luciano da Conceição/DW
Revender para sustentar a família
Assim que as peixeiras desembarcam na costa continental, são procuradas por potenciais clientes. O camarão fino é outro dos produtos mais procurados. Vinte quilos podem custar cerca de vinte euros. Depois de despacharem a mercadoria, estas mulheres procuram abastecer-se de bens nas lojas do centro da cidade, que depois são revendidos na ilha.
Foto: Luciano da Conceição/DW
Troca por troca
Flora Firmize também é residente na Ilha de Inhambane e vive do comércio de peixe seco nas cidades de Maxixe e Inhambane. O pescado é adquirido pelo marido que é pescador. "Venho vender peixe aqui em Maxixe, sendo que às vezes troco-o com outros produtos como por exemplo sal, açúcar, arroz e óleo para poder comer em casa com os meus filhos", conta. "Na ilha não temos outra alternativa", conclui.
Foto: Luciano da Conceição/DW
Falta de turistas
Dinis Paulo é residente na Ilha de Inhambane desde que nasceu, há 54 anos. Não teve oportunidade de estudar e vive da pesca e do transporte de passageiros. Apesar de ser um dos poucos habitantes locais que possui barco, não tem conseguido fazer dinheiro com os transportes devido à falta de turistas na sequência da pandemia de Covid-19.
Foto: Luciano da Conceição/DW
500 euros por um barco
As alterações climáticas têm sido um dos principais entraves a esta rota marítima que é percorrida sobretudo por quem vive do comércio de peixe e marisco. O ciclone Dineo destruiu grande parte dos barcos disponíveis. Uma embarcação, feita por especialistas em madeira, chega a custar 500 euros, uma quantia que para ser reunida exige vários meses de trabalho.
Foto: Luciano da Conceição/DW
Cuidado com a pegada
Para visitar a Ilha de Inhambane, tem de se avisar as autoridades locais. Depois, é preciso arranjar "bilhete". Para isso, deve contactar-se os proprietários dos barcos para saber se existe transporte. Outro facto interessante: como são poucos habitantes, consta que na ilha todos se conhecem pelas pegadas. Se entrar um turista, os habitantes locais saberão reconhecer a presença de estranhos.