Moçambique: Caso Dias e Guambe tem repercussão internacional
20 de outubro de 2024O assassinato de Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e de Paulo Guambe, mandatário do partido PODEMOS, na noite de sexta-feira (18.10), teve repercussão na imprensa internacional.
Jornais na Alemanha, Bélgica, Portugal, Reino Unidoe Estados Unidos, deram destaque ao duplo homicídio na área central de Maputo.
O jornal The New York Timesnoticiou o caso dando ênfase ao aumento da tensão no país após as eleições gerais de 9 de outubro.
Dois dos "principais apoiadores do principal candidato presidencial da oposição" foram mortos a tiros "após uma eleição marcada por alegações de fraude", destaca o jornal norte-americano.
Na Bélgica, o La Libre dá conta que o advogado de Venâncio Mondlane,"que estava a preparar uma queixa denunciando fraude nas recentes eleições de 9 de outubro, foi morto "à queima-roupa".
No Reino Unido, o The Guardian reportou o caso dando destaque aos protestos devido aos resultados eleitorais: "Figuras da oposição de Moçambique são mortas enquanto crescem os protestos contra os resultados das eleições", destaca o jornal britânico.
"Cada vez mais violência"
Em Portugal não foi exceção tendo a notícia sido divulgada por vários órgãos de comunicação social. O jornal Público destacou o duplo homicídio como “mancha indelével” nas eleições em Moçambique.
O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, condenou os assassinatos e, numa nota publicada no ‘site’ da Presidência, o chefe de Estado diz estar preocupado com a situação em Moçambique.
Também na Alemanha o duplo homicídio não passou despercebido tendo sido reportado por exemplo pelo Frankfurter Allgemeine.
O jornal alemão destacou na sua edição online destes domingo (20.10) que a "oposição em Moçambique tem vindo a protestar contra o Governo há semanas por causa de uma suposta fraude eleitoral".
No texto, o tradicional periódico refere que a polícia moçambicana está a responder aos atos da oposição com "cada vez mais com violência e dois partidários do popular candidato presidencial Venâncio Mondlane foram assassinados", escreve o Frankfruter Algemeine Zeitung.
Personalidades e ONGs nas redes sociais
Em Angola, Nelito Da Costa Ekuikui, deputado e secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA) usou a sua página no Facebook para lamentar a perda de Elvino Dias não só para Moçambique, mas também para África.
Também na rede social X (antigo Twitter) multiplicam-se reações que chegam de várias partes do mundo.
Josep Borrell, chefe da diplomacia europeira, condenou o sucedido. A UE apela a uma investigação "imediata, exaustiva e transparente" do caso.
No Zimbábue, a organização de direitos humanos "Zimbabwe Lawyers for Human Rights" juntou a sua voz à da Ordem dos Advogados de Moçambique:
No entanto, em Moçambique, há quem tenha marcado "falta de presença" ao Presidente da República no coletivo de reações aos assassinatos. Adriano Nuvunga, diretor do Centro para a Democracia e Direitos Humanos (CDD), questionou o "silêncio" de Filipe Nyusi e exortou o chefe de Estado a fazer um "comunicado à Nação":
O caso promete continuar a dar que falar. Para esta segunda-feira (21.10) já estão agendadas no país marchas de repúdio ao homicídio de Elvino Dias e Paulo Guambe. O Governo pede calma e serenidade e garantindo que as autoridades estão a trabalhar para esclarecer o caso com celeridade.