Al-Shabab mata 147 pessoas no Quénia
2 de abril de 2015Nos dormitórios da universidade de Garissa, os estudantes acordaram esta quinta-feira (02.04) de madrugada ao som de tiros.
"Ouvimos os tiros, estávamos a dormir, eram cinco da manhã. Toda a gente começou a andar de um lado para o outro, a correr para salvar as próprias vidas."
Muitos estudantes conseguiram fugir e outros ficaram encurralados
Centenas de estudantes conseguiram fugir. Outros ficaram encurralados. "Nós fugimos para um campo, sentámo-nos lá e os tiros continuaram. Por isso, corremos para a vedação e saímos da escola. O pior foi que alguns correram na direção dos tiros."
Um outro estudante disse à agência de notícias Associated Press que conseguiu refugiar-se num quarto com três colegas. Ouviu passos e tiros no exterior. Ouviu ainda os atacantes dizer que pertenciam ao grupo extremista islâmico al-Shabab. Quando eles encontravam um cristão pelo caminho, ele era morto no local, contou ainda o estudante.
O ataque à universidade foi, entretanto, reivindicado pelo movimento radical. Esta quinta-feira de manhã, um porta-voz do al-Shabab, Sheikh Abdiasis Abu Musab, confirmou que havia muitos corpos de cristãos dentro do edifício, mas também muitos cristãos vivos, sem adiantar números.
"Operação de limpeza final"
Segundo as autoridades quenianas, havia polícias a guardar os dormitórios da universidade, que tentaram travar os atacantes, disparando contra eles. No entanto, tiveram de pedir reforços. O exército cercou a universidade. Os militantes refugiaram-se num dormitório e fizeram vários reféns. A seguir, as forças de segurança lançaram – nas palavras do ministro do Interior queniano – uma "operação de limpeza final".
Em 2013, o grupo radical al-Shabab foi também o responsável pelo ataque ao centro comercial Westgate, em Nairobi, em que morreram 67 pessoas – um ataque em represália pela decisão do Quénia de enviar tropas para a Somália para combater os extremistas.
Procura-se Mohamed Mohamud
Num discurso à Nação esta quinta-feira à tarde, o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, disse que é preciso reforçar as forças de segurança quenianas.
"O país tem sofrido desnecessariamente devido à falta de forças de segurança. O Quénia precisa de mais polícias e não vou deixar o país à espera."
O Quénia ofereceu uma recompensa de 220 mil dólares por informações que levem à captura de um homem chamado Mohamed Mohamud, que se pensa estar ligado ao ataque na universidade de Garissa.