As negociações para formar uma nova coligação de Governo na Alemanha arrastaram-se pela madrugada. A reunião entre os líderes da CDU/CSU e do SPD dura há cerca de 24 horas. Deverá terminar esta manhã.
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Não parece ter fim o impasse político na Alemanha. Após cinco dias de negociações entre os conservadores e os sociais-democratas e 24 horas desde o início da última reunião, os alemães continuam à espera de resultados.
As conversações entre os líderes da União Democrata-Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, da União Social-Cristã (CSU) e do Partido Social-Democrata (SPD) com vista à formação de uma coligação de Governo deveriam ter terminado esta quinta-feira (11.01). Mas, até agora, não há sinais de compromissos em torno de temas como o mercado de trabalho, reforma, saúde, finanças e refugiados.
A paciência é uma virtude
Ao início do último dia da primeira fase de negociações, Merkel já previa uma maratona de negociações "difícil", com "grandes obstáculos" pela frente.
A chanceler interina reconheceu que "é preciso criar as políticas certas para o país" e que isso leva o seu tempo, mas que encara as negociações "com grande energia, pois as pessoas esperam que sejam encontradas soluções.
Depois do fracasso, em novembro, das negociações com o Partido liberal (FDP) e os Verdes, um acordo com os sociais-democratas é uma das últimas oportunidades da chanceler para governar mais quatro anos.
Alemanha: Ainda não há fumo branco em Berlim
Tópicos controversos
As divergências que têm marcado esta primeira fase negocial passam sobretudo pelas políticas financeiras e a questão dos refugiados.
A CSU, já em campanha para as eleições regionais de outubro, exige um endurecimento da política migratória e uma redução dos impostos para todos. O SPD quer, por sua vez, a simplificação das condições para que os refugiados consigam o reagrupamento familiar, investimentos na educação e infraestruturas e novos apoios para as classes média e baixa.
Angela Merkel reconhece que as divergências persistem mas que tudo fará para "alcançar os compromissos necessários".
"Interesses em comum"
As conversações têm permitido, contudo, avançar em algumas matérias, como por exemplo a lei sobre imigração qualificada, fundamental para a maior economia europeia com uma população envelhecida.
Se os partidos decidirem esta sexta-feira que estão reunidas as condições para passar a uma segunda fase negocial, o SPD prevê consultar os delegados reunidos em congresso extraordinário a 21 de janeiro para saber se aprovam, ou não, negociações pormenorizadas com a CDU e a CSU.
O líder social-democrata, Martin Schulz, prometeu igualmente consultar o partido sobre um futuro acordo de coligação, e um novo Governo poderá ser formado em março. Mas tal como Angela Merkel, também Schulz reconheceu no último dia de negociações, que ainda existem obstáculos.
"Há vários pontos que identificámos como interesses comuns e sobre os quais pudemos avançar, mas ainda há grandes problemas que temos de ultrapassar", afirmou na quinta-feira de manhã.
Durante a madrugada, CDU, CSU e SPD ainda discutiam na sede dos sociais democratas, em Berlim. Os comités encontram-se novamente esta sexta-feira de manhã e ao meio-dia deverão dar a conhecer às bancadas parlamentares os resultados das negociações.
Os cartazes da campanha eleitoral na Alemanha
Personalizados, coloridos ou controversos: os rostos dos candidatos para as eleições legislativas da Alemanha já estão nas ruas. Veja aqui como os principais partidos alemães apresentam os seus candidatos.
Foto: picture alliance/dpa/B.Pedersen
CDU: patriotismo
Duas séries de motivos, 22 mil cartazes e um orçamento de 20 milhões de euros: é assim a campanha publicitária da CDU, partido de Merkel. "Por uma Alemanha em que vivamos bem e com gosto" - a legenda mostra-se patriótica com as cores nacionais da Alemanha na sua propaganda de rua. Os temas eleitorais da União Democrata Cristã são segurança, família e emprego.
Foto: picture alliance/dpa/B.Pedersen
SPD: cidadãos em foco
"O futuro precisa de novas ideias. E de alguém que as implemente" - nos seus cartazes, o Partido Social-Democrata (SPD) enfoca temas como educação, aposentadoria, investimento e igualdade salarial. Somente num segundo momento, o foco deverá recair sobre o candidato Martin Schulz, o grande rival de Merkel. O SPD promete surpresas no final de sua campanha, que deverá custar 24 milhões de euros.
A Esquerda: sem rosto
"Imposto sobre milionários, mais dinheiro para creches e escolas". Letras brancas junto ao vermelho simbólico do partido: A Esquerda ("Die Linke") continua fiel a seu estilo, dispensando, desta vez, mostrar rostos em seus cartazes. Sob o lema "Sem vontade para mesmice", a legenda enfoca três temas principais: rendas de casa acessíveis, pensões mais justas e o fim da exportação de armas.
Os Verdes: por isso, verde
"O meio ambiente não é tudo. Mas sem meio ambiente tudo é nada". Desta vez, Os Verdes apostam em texto em letras grandes diante de um motivo simbólico. O partido continua fiel aos seus temas. O foco recai sobre tópicos clássicos como meio ambiente ou integração. "Darum grün" ("Por isso, verde") é o lema de campanha. Em todos os cartazes, pode-se ver o girassol amarelo como motivo principal.
FDP: a campanha é ele
"Impaciência também uma virtude" - o Partido Liberal Democrático (FDP) vai gastar mais de 5 milhões de euros em publicidade com foco sobretudo numa só pessoa: Christian Lindner. O líder partidário é retratado sorrindo, com look casual ou barba de três dias. "Denken wir neu", "vamos repensar", é o slogan com que pretendem concorrer às eleições. Longos textos acompanham Lindner nos cartazes do FDP.
AfD: populismo
"Burcas? Nós gostamos de biquínis" - os cartazes do partido populista de direita Alternativa para Alemanha (AfD) provocaram discussões. Seu lema: "Trau Dich, Deutschland!" (Confie em você, Alemanha!"). E, confiantes, eles provocam, pois os textos nos cartazes visam o isolamento, sobretudo em relação ao islão. A "Alternative für Deutschland" ainda não tem deputados no parlamento federal.
Die Partei: nem tão sério
Reivindicações como conter a elevação do preço da cerveja estão no programa do "Die Partei" ("O Partido"). Os cartazes são acima de tudo irónicos (na foto, "Não faça merda com sua cruz"), bem ao estilo de seus fundadores, jornalistas da revista satírica "Titanic". Seu candidato à chanceler é o comediante Serdar Somuncu. Nas eleições de 2013, o partido teve apenas 0,2% dos votos.