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Alemanha: Angela Merkel cita África entre desafios para 2020

Kay-Alexander Scholz | tms
31 de dezembro de 2019

Em mensagem de final de ano, a chanceler alemã citou a migração em África como um dos desafios para 2020. E prometeu intensificar a ajuda ao continente: "A cooperação com África também é do nosso próprio interesse".

Foto: Reuters/M. Tantussi

"Os anos 2020 podem ser bons anos", disse a chanceler Angela Merkel no seu pronunciamento de Ano Novo. "Vamos surpreender a nós mesmos mais uma vez com o que podemos fazer. Mudanças para melhor são possíveis se nos envolvermos aberta e decisivamente em coisas novas". Com esse apelo, a chanceler de 65 anos quis reforçar a sua mensagem à Alemanha que se prepara para o novo ano e uma nova década.

À exceção da mensagem de Ano Novo, é raro um pronunciamento dos chanceleres federais em cadeia nacional. Merkel, por exemplo, nunca se dirigiu à nação em outra ocasião senão naquela mensagem. Este discurso é transmitido em horário nobre pela televisão alemã e geralmente regista altos índices de audiência.

Este é o 15º discurso de Ano Novo de Angela Merkel. Se tudo correr como previsto, terá sido o seu penúltimo. A próxima eleição do Bundestag, o Parlamento alemão, vai decorrer em 2021 – desta vez sem Angela Merkel. O discurso deste ano, portanto, também trata sobre o seu legado.

Merkel assumiu a sua chancelaria em 2005 com um perfil reformador. Desde então, alertou repetidamente para a importância de tornar o país e o seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), aptos para o futuro. Agora, o seu discurso de Ano Novo contém ecos daqueles seus primeiros anos. Mais do que nunca, a Alemanha precisa de "coragem para repensar" e "força para percorrer novos caminhos" ou "a determinação de agir mais rapidamente", alertou a líder alemã, que não parece olhar para trás e contentar-se com o que foi alcançado - isso também é algo típico da chanceler.

O percurso de Angela Merkel

02:26

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Desafios para 2020

Angela Merkel citou três desafios: a digitalização da vida profissional, a luta contra as causas de fuga em África e, sobretudo, as mudanças climáticas. "Temos que fazer tudo o que for humanamente possível para lidar com esse desafio da humanidade", afirmou.

A chanceler descreveu o pacote climático recentemente aprovado pelos Governos federal e estaduais da Alemanha como uma boa base sobre a qual construir novos caminhos. No entanto, ela disse estar ciente que as medidas acordadas podem ser encaradas por "alguns como uma carga excessiva ou como insuficientes por outros". Mas, no ponto de vista de Merkel, a Alemanha poderia se inspirar naquilo que "sempre nos fez fortes": ideias, engenhosidade, trabalho duro e tenacidade.

Merkel também disse que, como chanceler, ela usaria toda a sua "força" para a Alemanha fazer a sua parte para controlar as alterações climáticas "ecologicamente, economicamente, socialmente". Com isso, Merkel também enviou um sinal para os outros partidos, que proteção do clima será implementada com prudência, e não unilateralmente.

Para a chanceler, a bússola para a próxima década teria que permanecer os valores da Lei Fundamental (a Constituição alemã) e da economia social de mercado. Mesmo na era digital, "a tecnologia serve as pessoas" e não o contrário, destacou a líder alemã, garantindo que, com tudo isso, há "boas razões para estar confiante".

Merkel recebeu em novembro líderes africanos na cimeira "Compact with Africa", em BerlimFoto: Reuters/F. Bensch

Mais cooperação com a África

A chanceler Angela Merkel prometeu trabalhar para que a Europa tenha uma voz mais forte no mundo. E durante a presidência alemã do Conselho da União Europeia, por seis meses a partir de julho, Merkel deseja intensificar a cooperação com África convidando os Estados africanos para uma cimeira.

"A cooperação com a África também é do nosso próprio interesse. Porque somente se as pessoas tiverem a chance de uma paz e uma vida segura reduzirá a fuga e a migração. Somente se encerrarmos as guerras por meio de soluções políticas, a segurança sustentável surgirá", enfatizou.

"Aquilo que nos une"

No seu discurso, Merkel lembrou a reunificação alemã, que vai celebrar o seu 30º aniversário em 2020. Ao longo de 2019, houve intensos debates na Alemanha sobre as consequências políticas, económicas e sociais da reunificação. "Grandes coisas" foram alcançadas, disse Merkel, mas ainda há mais a ser feito "do que aquilo que pensávamos há 30 anos". E é importante basear-se naquilo que "nos une".

Merkel abordou a polarização política na Alemanha e as suas consequências no seu discurso. Prometeu aos políticos que se dedicam integralmente e honradamente "protegê-los do ódio, hostilidade e violência, do racismo e do antissemitismo". Essa é "a tarefa do Estado" - e o Governo Federal sente-se "particularmente obrigado" a fazê-lo, disse a chanceler.

A chanceler expressou um agradecimento especial a todos aqueles que "cumprem seus deveres longe de sua terra natal", como soldados, polícias e trabalhadores humanitários. Por fim, Merkel desejou a todos um "saudável, feliz e abençoado 2020".

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