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PolíticaAlemanha

Alemanha: Últimos apelos antes das eleições de domingo

William Glucroft | AFP
25 de setembro de 2021

Os candidatos a chanceler da Alemanha realizaram este sábado os seus últimos atos de campanha antes da votação de domingo. Apesar dos apelos, ainda não está claro quem poderá liderar o país na era pós-Merkel.

Foto: Martin Meissner/AP/picture alliance

Os principais candidatos a chanceler federal da Alemanha fizeram este sábado (25.09) os seus atos finais de campanha antes da eleição deste domingo, que entra para a história por marcar o fim da era Merkel, mas também pela disputa altamente renhida.

Nunca os resultados foram tão incertos: às vésperas da votação, as pesquisas eleitorais mostram um empate técnico, dentro da margem de erro, entre as duas legendas que dividiram o poder nos três dos quatro mandatos de Angela Merkel como chanceler federal.

Ambos os partidos - a União Democrata Cristã (CDU) de Merkel e seu atual parceiro de coligação, o Partido Social-Democrata (SPD) - buscam agora encerrar esse acordo e liderar um novo Governo provavelmente sem o outro. Mas quem sairá com a vitória, ainda é uma incógnita.

Essa incerteza injetou na corrida eleitoral um senso de urgência, claramente demonstrado nos eventos finais de campanha dos principais partidos. Neste domingo, eles saberão como suas mensagens chegaram aos eleitores.

Angela Merkel e Armin Laschet em ato na cidade de Aachen, no oeste da AlemanhaFoto: Martin Meissner/AP/picture alliance

Candidato de Merkel

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, instou no sábado, na cidade de Aachen, no oeste do país, os alemães a votarem no seu pretenso sucessor Armin Laschet para moldar o futuro da Alemanha, num último empurrão para apoiar a sua campanha.

"Trata-se do seu futuro, do futuro dos seus filhos e do futuro dos seus pais", disse a chanceler, apelando a uma forte mobilização.

Laschet, 60 anos, candidato da CDU, aprece em segundo nas pesquisas, depois do seu adversário social-democrata Olaf Scholz na corrida para a chancelaria, embora as últimas sondagens tenham diminuído a distância entre eles.

Merkel, que tinha planeado manter um perfil discreto na batalha eleitoral ao preparar-se para se afastar da política após 16 anos no poder, viu-se obrigada a comparecer na reta final da campanha para ajudar o candidato do seu partido.

Reforço na reta final

Nesta última semana da campanha, Merkel levou Laschet ao seu círculo eleitoral junto à costa báltica e, na sexta-feira (24.09), deu início ao comício de encerramento que reuniu os líderes dos conservadores em Munique, capital da Baviera, no sul da Alemanha.

Merkel lançou um apelo ao eleitorado predominantemente mais velho da Alemanha, pedindo-lhes que mantivessem os conservadores no poder em nome da estabilidade - uma marca registada da Alemanha.

Merkel esteve ao lado de Laschet (dir.) no evento de campanha em MuniqueFoto: Matthias Balk/dpa/picture alliance

"Para manter a Alemanha estável, Armin Laschet deve tornar-se chanceler, e a CDU e a CSU devem ser a força mais forte", disse a chanceler, instando os membros da União Social Cristã (CSU), partido irmão da CDU que governa a Baviera.

Laschet levou ao palanque a mesma mensagem de mau presságio que ele e seus aliados passaram durante grande parte da campanha: cuidado com a esquerda. E enfatizou a necessidade de um Governo que garanta a segurança, tanto económica como de outras naturezas. "Tributar a classe média é o caminho errado. Estamos com a classe média alemã", declarou o atual governador da Renânia do Norte-Vestfália.

Social-democrata apela ao "respeito"

O candidato do Partido Social Democrata (SPD), Ofalf Scholz, escolheu encerrar a sua campanha este sábado do outro lado do país, num pequeno evento para dialogar com os eleitores do seu círculo eleitoral em Potsdam - cidade onde reside e que fica nos arredores de Berlim.

Mas na sexta-feira, Scholz esteve na cidade de Colónia, no oeste alemão, para o último grande comício antes da votação. O candidato social-democrata demonstrou confiança diante do capital político que conquistou durante a campanha eleitoral e que está refletido nas pesquisas de intenção de voto.

Olaf Scholz no seu último grande evento de campanha, em Colónia, no oeste do paísFoto: Nina Haase/DW

"Após uma campanha tão longa, há algo de muito especial em estar aqui agora", disse Scholz à multidão, diante de um grande ecrã que dizia "O futuro da Alemanha: Scholz cuida disso".

Num discurso de cerca de meia hora, ele falou dos seus planos para aumentar o salário mínimo, aumentar os impostos sobre os mais ricos, ajudar mais os mais necessitados, manter as pensões estáveis, e investir em energias renováveis. O discurso foi "temperado" com a palavra-chave da sua campanha, "respeito".

"Num país tão rico como a Alemanha, não é aceitável que tantas crianças vivam na pobreza", disse o candidato do SDP, que também é vice-chanceler de Angela Merkel.

Olaf Scholz, que começou a campanha em terceiro lugar, atrás de CDU/CSU e do Partido Verde, cresceu de forma consistente e lentamente à medida que os seus concorrentes perdiam terreno, até consolidar-se na liderança, no final de agosto.

O papel dos Verdes 

As políticas dos dois partidos podem divergir, mas os verdes compartilham com a CDU a frustração de uma campanha que não saiu conforme o planeado. Seu distante terceiro lugar nas pesquisas representa quase o dobro do resultado eleitoral do Partido Verde em 2017, mas está muito longe das altas que a legenda registrou mais cedo este ano, quando chegou a liderar a corrida.

A candidata do partido a chanceler, Annalena Baerbock, ainda compartilha com o conservador Laschet um apoio não muito alto dentro do próprio partido. Críticos afirmam que Robert Habeck, que colidera o Partido Verde com Baerbock, teria sido uma escolha melhor.

Os dois presidentes fizeram uma aparição conjunta na sexta-feira perante simpatizantes do partido em Düsseldorf, capital da Renânia do Norte-Vestfália, estado de Laschet - mas se existe algum desconforto entre os líderes dos Verdes, ele não ficou visível no ato.

Annalena Baerbock, dos Verdes, esteve em ato pelo clima na sexta-feira, também em ColóniaFoto: Federico Gambarini/dpa/picture alliance

Habeck defendeu com muito afinco a candidatura de Baerbock e a agenda do partido promovida por ela, além de lançar críticas ao Governo dos conservadores. "Precisamos de políticos que estejam mais uma vez prontos para usar o tempo de que dispõem para fazer o melhor", afirmou Habeck às várias centenas de pessoas reunidas em Schadowplatz, uma área comercial no centro histórico da cidade.

"Tudo depende desta eleição", declarou, por sua vez, Baerbock. "Será que apenas mantemos o status quo, ou finalmente conquistamos um novo avanço? Vamos renovar este país e tirar o melhor proveito dele?", questionou.

A candidata verde classificou a votação de domingo como a "eleição do clima" - e pelo menos algumas das políticas climáticas dos verdes poderão fazer parte da agenda do próximo Governo.

Em terceiro nas pesquisas, o partido pode não conquistar a chancelaria, mas Baerbock e Habeck ainda têm chances de assumir cargos ministeriais na próxima gestão. Isso porque uma coligação com o Partido Verde ainda está em jogo tanto por parte da CDU como do SPD - embora os Verdes tenham indicado a sua preferência em governar com os social-democratas.

Com a conclusão dos eventos de sexta-feira e sábado, os apoiantes dos partidos saem para votar no domingo - se ainda não o fizeram por correio. Espera-se que os votos por correio atinjam o máximo de sempre este ano, o que significa que muitos alemães já tomaram a sua decisão

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