A CDU de Angela Merkel e o SPD de Martin Schulz chegaram a acordo para formar um Governo de coligação. As pastas ministeriais já terão inclusive sido atribuídas. Prevê-se que o acordo seja anunciado nos próximos dias.
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A notícia foi dada a conhecer esta quarta-feira (07.02), depois de 24 horas de intensas negociações entre os dois partidos.
Após quatro meses de impasse nas negociações entre os partidos de Angela Merkel e Martin Schulz finalmente vê-se luz ao fundo do túnel. Mas o acordo final depende do voto dos militantes do Partido Social Democrata (SPD), nas próximas semanas. O futuro dessa consulta ainda é incerto e os resultados só deverão ser conhecidos nos primeiros dias de março.
Tão fortes são os sinais para um acordo que as duas formações já terão mesmo começado a dividir as pastas ministeriais. Por exemplo, os ministérios das Finanças, dos Negócios Estrangeiros e dos Assuntos Sociais deverão ficar com o SPD.
Martin Schulz, ministro dos Negócios Estrangeiros
O líder do SPD, Martin Schulz, deverá ser o chefe da diplomacia alemã, apesar de incialmente ter recusado categoricamente a proposta feita pela União Democrata-Cristã (CDU), o partido de Angela Merkel.
Depois de uma derrota histórica nas eleições de setembro, o líder do SPD recusou propostas da CDU para formar um Governo de coligação. Com 20,5% dos votos, o partido teve o seu pior resultado eleitoral desde 1949.
Em meio a fortes pressões, Schulz deu uma reviravolta, negociou um pré-acordo com Merkel e convenceu o seu partido num congresso extraordinário que deviam iniciar conversas formais, ainda que apenas 56% dos seus correligionários tenha dado o sinal verde.
Sondagens indicam, entretanto, que a maioria dos alemães é contra a coligação do SPD com a CDU.
Schulz tem 62 anos e foi presidente do Parlamento Europeu. Dele espera-se que venha a contribuir para reformas profundas na União Europeia (UE), como pediu o Presidente da França, Emmanuel Macron.
Projetando o futuro
Alemanha: Coligação governamental à vista
O acordo de coligação governamental pode acabar com um longo período de incerteza política na Alemanha, depois de em novembro ter fracassado a primeira tentativa de Angela Merkel de fazer uma aliança com liberais e verdes.
O país nunca ficou tanto tempo sem Governo depois de eleições legislativas. Após o pleito de setembro, o SPD, que estava coligado com a CDU/CSU na última legislatura, anunciou que iria para a oposição.
A líder da CDU recorreu, então, aos liberais e aos verdes para tentar formar um governo de maioria, mas as negociações fracassaram. Agora, o SPD é tido como a última opção de Merkel em busca de um quarto mandato.
Se os membros do SPD rejeitarem a coligação, restarão apenas duas opções: um governo de minoria ou novas eleições – algo que nunca aconteceu e que pode resultar no fim da era de Angela Merkel.
Chefes de Governo da Alemanha: de Adenauer a Merkel
Desde 1949, a Alemanha teve oito chanceleres: sete homens e uma mulher. A chanceler atual, Angela Merkel, conseguiu um quarto mandato nas eleições legislativas de setembro de 2017.
Foto: picture-alliance-dpa/O. Dietze
Konrad Adenauer (CDU), 1949-1963
A eleição de Konrad Adenauer do partido democrata-cristão CDU como primeiro chefe de Governo da Alemanha, em 15 de setembro de 1949, marcou o início de um longo processo de reestruturação política no país. Reeleito em 1953, 1957 e 1961, renunciou ao cargo apenas aos 87 anos de idade, em 1963. Fortaleceu a aliança com os Estados Unidos da América. Na foto: no seu escritório em Bona.
Foto: picture-alliance/akg-images
Ludwig Erhard (CDU), 1963-1966
O segundo chanceler da Alemanha também pertenceu à CDU, mas esteve apenas três anos no Governo. Erhard renunciou devido ao rompimento da coligação com o partido liberal FDP. Mesmo assim, participou de forma ativa da reforma monetária alemã do pós-guerra. O fumador convicto ficou famoso como "pai" da economia social de mercado ("Soziale Marktwirtschaft") e do milagre económico alemão.
Foto: picture-alliance/dpa
Kurt Georg Kiesinger (CDU), 1966-1969
Foi eleito por uma grande coligação dos dois partidos CDU e SPD (de esquerda). O seu Governo teve que combater uma crise económica. Kiesinger foi duramente criticado pelo seu passado como membro ativo do partido nacional-socialista NSDAP durante a ditadura fascista na Alemanha. Com a ausência de uma oposição forte no Parlamento, formou-se em 1968 um movimento de protesto estudantil na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Willy Brandt (SPD), 1969-1974
A onda de protestos teve reflexos nas eleições: Willy Brandt tornou-se no primeiro chanceler social-democrata no pós-guerra. Melhorou as relações com os países comunistas do leste. Durante uma visita à Polónia, ajoelhou-se no monumento pelas vítimas do nazismo no Gueto de Varsóvia. Gesto que ficou famoso como pedido de desculpas. Renunciou ao cargo em consequência de um caso de espionagem.
Foto: picture-alliance/dpa
Helmut Schmidt (SPD), 1974-1982
Após a renúncia de Brandt, Helmut Schmidt prestou juramento como chanceler. O social-democrata teve de combater o terrorismo do grupo extremista de esquerda RAF. Negou negociar com os terroristas alemães. Enfrentou a oposição por causa do estacionamento de mísseis nucleares dos EUA na Alemanha. Depois da saída do Governo do parceiro FDP (liberais), perdeu um voto de confiança no Parlamento.
Foto: picture-alliance/dpa
Helmut Kohl (CDU), 1982-1998
Helmut Kohl formou uma nova coligação centro-direita com os liberais. Ficou 16 anos no poder, um recorde. Ficou famoso pela sua teimosia e por não gostar de reformas. Depois da queda do Muro de Berlim, Kohl consegui reunificar as duas Alemanhas, a RFA ocidental e a RDA oriental. Ficou conhecido como "chanceler da reunificação". T ambém é lembrado pelo seu empenho na construção da União Europeia.
Foto: imago/imagebroker
Gerhard Schröder (SPD), 1998-2005
Depois de quatro mandatos de Kohl, o desejo de mudança aumentou. Gerhard Schröder foi eleito primeiro chanceler de uma coligação de esquerda entre o SPD e os Verdes. Durante o seu Governo, o exército alemão, Bundeswehr, teve as primeiras missões no estrangeiro com a participação na guerra no Afeganistão. Reduziu os subsídios sociais, medida que foi criticada dentro do seu partido social-democrata.
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Angela Merkel (CDU), desde 2005
Em 2005, Merkel é eleita como primeira mulher na chefia do Governo alemão. Durante o primeiro e terceiro mandato, governou numa grande coligação com o SPD, no segundo mandato numa coligação de centro-direita com os liberais do FDP. Merkel é conhecida pelo estilo pragmático de liderança. Durante a crise financeira, assumiu um papel de liderança na UE. Em 2017, conseguiu o seu quarto mandato.