Alemanha defende zona de segurança internacional na Síria
Maximiliane Koschyk | rl
22 de outubro de 2019
A atual situação na Síria "requer uma iniciativa europeia mais forte", afirmou, em entrevista à DW, a ministra da Defesa alemã, Annegret Kramp-Karrenbauer. Rússia e Turquia também deviam participar, diz.
Publicidade
A ministra da Defesa da Alemanha, Annegret Kramp-Karrenbauer, defendeu a criação de uma zona de segurança no norte da Síria controlada internacionalmente. Numa entrevista à DW, esta segunda-feira (21.10), a governante explicou que o estabelecimento desta zona seria feito em cooperação com a Turquia e com a Rússia.
"Esta zona de segurança teria como objetivo a luta contra o terrorismo e contra o Estado Islâmico, que está num impasse", desde que a ofensiva da Turquia no norte da Síria começou a semana passada. Segundo Annegret Kramp-Karrenbauer, a zona de segurança "também asseguraria a estabilidade da região para que a reconstrução da vida civil fosse possível, e para que aqueles que fugiram pudessem voltar voluntariamente", explicou.
A ideia seria que a proposta desta zona de segurança ficasse a cargo da Alemanha, Reino Unido e França, mas que fosse feita em colaboração com a Rússia e Turquia. "A Rússia é um dos atores mais importantes na Síria. Independentemente de gostarmos ou não disso, é um facto com o qual temos de lidar", frisou.
Segundo a ministra da Defesa da Alemanha, que é também a líder do partido União Democrata Cristã (CDU), a chanceler Angela Merkel já foi informada sobre esta recomendação. No entanto, para avançar, esta deve primeiro ser aprovada pelo governo no parlamento.
Para Annegret Kramp-Karrenbauer, "a Europa não pode simplesmente ser um espectador. Temos que fazer as nossas próprias recomendações e iniciar discussões", defende.
Na semana passada, Angela Merkel propôs uma cimeira com a França, o Reino Unido e a Turquia para discutir a situação no norte da Síria. Desde que teve início, a 9 de outubro, a ofensiva da Turquia neste território já provocou o deslocamento de, pelo menos, 160 mil pessoas.
Zona de segurança de 120 quilómetros
Também, esta segunda-feira (21.10), a Turquia revelou que vai instalar uma "zona de segurança" de 120 quilómetros de comprimento no nordeste da Síria após a retirada das forças curdas.
A ofensiva da Turquia no nordeste da Síria foi suspensa no final da semana passada, na sequência de uma frágil trégua negociada entre turcos e norte-americanos que expira esta terça-feira (22.10).
No domingo, as Forças Democráticas da Síria, dominadas por combatentes curdos, começaram a sua retirada da cidade Ras al-Ain, no norte da Síria, cumprindo assim a sua parte do acordo.
Raízes africanas na Turquia
São descendentes de africanos trazidos pelo Império Otomano como escravos e trabalhadores domésticos. Estima-se que sejam mais de 100 mil. Identificam-se como Afro-Turcos e vivem principalmente no oeste da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Raízes turcas
Esat Sezar, à esquerda, está sentado com o amigo na sua aldeia perto de Izmir. Esat, que trabalhou na Turquia na indústria hoteleira, considera-se turco. Ele desenha a sua árvore genealógica, recuando à aldeia onde nasceu. A aldeia de Köyü é uma mistura de afro-turcos e não afro-turcos, onde a sua mãe, de 106 anos de idade, diz lembrar-se da declaração da República da Turquia em 1923.
Foto: Bradley Secker
Parte da comunidade
Sabriye Sınaiç e a sua família são agricultores e trabalhadores na sua aldeia e áreas circunvizinhas. Ela não sabe nada sobre a sua ancestralidade, mas acredita que vieram para a Turquia via Damasco, na Síria. Até à criação da Associação Afro-Turca disse que não sabia que existiam outros como ela. Só depois percebeu que havia muitos espalhados à sua volta.
Foto: Bradley Secker
Ambiente de trabalho
Şakir (no meio) passa o tempo com os seus ex-colegas de trabalho da fábrica perto de Izmir. Agora Şakir é o responsável da Associação Afro-Turca depois da morte do seu fundador, Mustafa Olpak em 2016.
Foto: Bradley Secker
Sacola de misturas
Şükriye İletmış, de 70 anos de idade, está no seu jardim na aldeia de Hasköy, perto de Izmir, na Turquia. Şükriye identifica-se como uma afro-turca e viveu toda a sua vida em Hasköy.
Foto: Bradley Secker
Vida familiar
Şakir tem uma fotografia da família na sua aldeia. Şakir está na foto, veste uma camisa azul, atrás do lado direito. Criada há uma década, a Associação Afro-Turca está sediada em Izmir. A associação tem por objetivo destacar a comunidade e os problemas que ela enfrenta. Ela serve também como centro cultural para a comunidade que está dispersa, principalmente na costa ocidental da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Recuperando tradições
Uma Godya fala com as pessoas e tenta prever o seu futuro durante o festival anual Afro-Turco de Dana Bayram (Festival dos Bezerros). Tradicionalmente, as Godyas eram mulheres que chefiavam as comunidades Afro-Turcas no Império Otomano e eram muito respeitadas e poderosas. Elas já não existem, mas, para o festival, uma mulher local é escolhida para fazer este papel em nome da tradição.
Foto: Bradley Secker
Origem misturada
O filho de Şakir, de 32 anos de idade (dir.), o neto Yağız Efe e a sua nora Aysel na casa da família Şakir num suburbio de Izmir. Casamentos mistos são muito comuns entre a comunidade Afro-Turca, o que torna difícil estimar números exatos da população afro-turca.
Foto: Bradley Secker
Ajudando os outros
Gülşen Ergüven, de 35 anos de idade (de vermelho no centro), trabalha numa cantina na escola da sua aldeia em Yeniçiftlik. Gülşen tem dois filhos na escola e trabalha em tempo parcial e também ajuda a mãe com tarefas domésticas.
Foto: Bradley Secker
Novamente em casa
Fehmi Yavaşer, de 85 anos de idade, na sua aldeia natal de Belevi, na parte oriental da Turquia. Fehmi viveu na Alemanha como trabalhador convidado por 18 anos antes de ser deportado. Ele era pugilista quando regressou à Turquia e não tinha ideia sobre as suas heranças para além da sua aldeia.