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Alemanha desaconselha viagens à Líbia mas continua a ajudar o país

15 de fevereiro de 2013

Teme-se que os rebeldes expulsos do Mali cheguem à Líbia através da insegura fronteira do sul. Por isso, o governo alemão deverá ajudar o país a garantir a segurança nesse local, no âmbito de projetos da União Europeia.

Líbia
Líbia

O ministério alemão dos Negócios Estrangeiros ainda ostenta um alerta contra viagens à Líbia. Recentemente, o órgão pediu que os cidadãos alemães deixassem a região em torno de Benghazi, ex-capital provisória do Conselho Nacional de Transição que desafiou o poder do ex-líder líbio Mouammar Kadhafi, que foi morto por rebeldes em outubro de 2011, cerca de seis meses depois do início da revolta popular no âmbito do movimento de protestos em países árabes que ficou conhecido como Primavera Árabe.

Até hoje, a Líbia luta por um futuro melhor. No país do norte africano, ex-grupos rebeldes continuam a disputar o poder. No leste da Líbia, onde começaram os protestos, a indignação contra o governo central cresce a cada dia, com tendências de divisão.

Também no sul da Líbia reina o caos: o país mal consegue controlar as fronteiras na região. A Alemanha deverá agora formar pessoal líbio que possa assumir as funções de segurança, já que, segundo especialistas ouvidos pela DW África, o temor é que rebeldes expulsos do Mali cheguem à Líbia através da insegura fronteira do sul.

Ajuda alemã já existe na Líbia

Mouammar Kadhafi foi morto por rebeldes em outubro de 2011, cerca de seis meses depois do início da revolta popularFoto: dapd

A ajuda da Alemanha já existe no país, por exemplo durante as eleições da Assembleia Constituinte, em julho do ano passado. Mesmo assim, especialistas como o professor de geografia económica e diretor do centro para pesquisa do Mundo Árabe da Universidade de Mainz, Guenter Meyer, consideram que o processo democrático na Líbia está ameaçado. “A Alemanha participa sobretudo com medidas e com projetos de fomento à democracia, por exemplo nas eleições e na preparação das eleições, nas quais estavam presentes especialistas alemães”, explica Meyer, acrescentando que “a ideia é criar estruturas democráticas.”

O governo alemão, porém, também ajuda em outras frentes, já que continuam em circulação grandes quantidades de armas de fogo de pequeno porte na Líbia. Para coibir a violência recorrente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha também dá dinheiro para a implementação do Centro Líbio de Ações contra Minas, que controla armas, munições, minas terrestres e resquícios de conflitos. A Alemanha também já tinha dado ajuda humanitária à Líbia, num total de 8 milhões de euros, quando eclodiram os protestos populares contra Kadhafi.


País tem de reconstruir economia

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha pediu aos cidadãos alemães para deixarem a região em torno de BenghaziFoto: A.Doma/AFP/Getty Images

No entanto, além das instituições políticas, a Líbia precisa de reconstruir a economia, que não se normalizou depois da revolta. “Vemos que o comércio funciona, que a exportação da Alemanha para a Líbia funciona, mas as empresas hesitam em investir porque não se sentem seguras quanto aos seus direitos na Líbia”, explica Steffen Behm, diretor da seção África do Norte do conselho da Câmara Alemã de Comércio e Indústria em Berlim.

Outras empresas alemãs estariam esperando pagamentos devidos por empresas que tinham contratos com a Líbia antes da revolução. O comércio entre os dois países caiu de mil milhões de euros em 2011 para 650 milhões de euros no ano passado, uma vez que a Líbia se interessa principalmente por máquinas de construção alemãs.

O setor da construção também ficou paralisado com a revolução e as suas consequências. Por outro lado, a Líbia conseguiu reativar a produção de petróleo - o que beneficiaria a Alemanha, de acordo com especialistas.

Autores: Diana Hodali/Renate Krieger
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha

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