O Governo alemão vai ajudar Moçambique a enfrentar a seca com 18 milhões de euros. Os fundos visam também aumentar o número de refeições escolares grátis e serão pagos através do Programa Alimentar Mundial (PAM).
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O apoio da Alemanha a Moçambique visa suprir as necessidades das comunidades afetadas pela seca principalmente no sul de Moçambique. Os fundos do Governo da Alemanha serão canalizados através do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) e do Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas, refere um comunicado de imprensa divulgado pela embaixada alemã em Maputo.
"Este apoio é mais um sinal substancial da solidariedade alemã para com Moçambique", destacou o embaixador alemão em Maputo, Detlev Wolter. "O Governo Federal quer apoiar os esforços de Moçambique para lidar com os efeitos da seca e fortalecer a resiliência das populações caso ocorram no futuro desastres naturais."
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O comunicado da embaixada alemã cita estimativas que, até ao início época da colheita nos meses de março e abril de 2017, cerca de 2,3 milhões de moçambicanos vão precisar de ajuda. O Governo alemão estima que o Programa Alimentar Mundial possa fornecer um apoio alimentar a cerca de 250.000 moçambicanos com os fundos disponibilizados pela Alemanha.
Em 2015 e 2016, Moçambique e muitos outros países no sul e leste de África foram atingidos pelo fenómeno climático El Niño que provocou uma seca aguda. A FAO, a Agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, chegou a falar de "crise humanitária".
O apoio à alimentação será acompanhado de formação em técnicas agrícolas, bem como em matéria de gestão de recursos pecuários. Segundo as autoridades alemãs, todas estas medidas visam capacitar as populações por forma estarem melhor preparadas para futuros fenómenos climáticos extremos.
Alimentação Escolar
Um outro pilar do projeto é o Programa Nacional de Alimentação Escolar de Moçambique, informou a embaixada da Alemanha: com a ajuda alemã, cerca de 100.000 alunos das províncias mais afetadas pela seca, Inhambane e Gaza, receberão refeições nas escolas durante o ano letivo de 2017. Um dos objetivos da cooperação alemã é reduzir o abandono escolar. "O incentivo de uma refeição regular é muitas vezes suficiente para convencer os pais a enviar os seus filhos para a escola, pois garante que a criança tenha pelo menos uma refeição diária nutritiva, bem como compensa as famílias pela 'perda da ajuda' nas tarefas domésticas", explica o comunicado.
A Alemanha tem a educação como uma das suas prioridades na cooperação com Moçambique. Com 20 milhões de euros, a Alemanha é o maior doador bilateral neste setor, em 2017, segundo dados da embaixada.
Seca em África
Não chove, as colheitas são más, pouco há para comer, há quem consuma ervas para saciar a fome: É a pior seca das últimas décadas. 14 milhões de pessoas estão em perigo. Angola e Moçambique são dois dos países afetados.
Foto: Reuters/T. Negeri
À espera de água
Os jerricans estão vazios, não há água à vista. A Etiópia atravessa a pior seca das últimas três décadas, sem chover durante meses a fio. Segundo as Nações Unidas, mais de dez milhões de pessoas precisam urgentemente de assistência alimentar. Em breve, o número pode duplicar.
Foto: Reuters/T. Negeri
Sem fonte de sustento
Uma grande parte dos etíopes vive da agricultura e da criação de gado. Os animais são, muitas vezes, a fonte de sustento da família. "Vi as últimas gotas de chuva durante o Ramadão", conta um agricultor da região de Afar, no nordeste da Etiópia. O mês de jejum dos muçulmanos terminou em julho. "Desde essa altura, nunca mais choveu. Não há água, não há pasto. O nosso gado morreu".
Foto: Reuters/T. Negeri
Perigo para as crianças
Em 1984, mais de um milhão de pessoas morreu de fome na Etiópia. Pouco mais de três décadas depois, os etíopes voltam a correr perigo, sobretudo as crianças. Segundo o Governo etíope, mais de 400.000 rapazes e raparigas estão gravemente subnutridos e precisam de tratamento médico.
Foto: Reuters/T. Negeri
O El Niño
A colheita também foi magra no Zimbabué. Neste campo perto da capital, Harare, em vez de maçarocas de milho viçosas crescem apenas estes grãos secos. A seca foi agravada pelo El Niño. Noutros locais, o fenómeno meteorológico provocou chuvas fortes e inundações.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
No limite
Esta vaca está no limite das suas forças, mal consegue manter-se em pé. Os agricultores de Masvingo, no centro do Zimbabué, tentam movê-la. Em 2015, choveu metade do que havia chovido no ano anterior. Os campos ficaram completamente secos.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca em Moçambique
"Lá no nosso bairro já perdi trinta e cinco cabeças", conta um criador de gado do distrito de Moamba, a 80 quilómetros da capital moçambicana, Maputo. Milhares de famílias estão em situação de insegurança alimentar. A seca afeta principalmente o sul do país. O norte e centro têm sido fustigados por chuvas intensas.
Foto: DW/R. da Silva
Ervas para combater a fome
A província do Cunene, no sul de Angola, também tem sido afetada pela seca. À falta de outros alimentos, há populares que comem ervas para saciar a fome: "Muitos morreram, não há comida. Mas, depois, estas ervas causam diarreia", contou um morador do município do Curoca.
Foto: DW/A.Vieira
Rio seco
Seria impossível estar aqui, não fosse a seca. O rio Black Umfolozi, a nordeste da cidade sul-africana de Durban, ficou sem água à superfície. Só cavando os habitantes conseguem obter o líquido vital.
Foto: Reuters/R. Ward
Seca inflaciona os preços
O Malawi também atravessa um período de seca. E isso reflete-se aqui neste mercado perto da capital, Lilongwe. Os preços de produtos básicos como o milho aumentaram bastante, porque a colheita foi má e é necessário importá-los. Muitas vezes, os habitantes mal conseguem pagar os alimentos que precisam para sobreviver.