Alemanha e Angola reforçam laços económicos
4 de junho de 2013 No primeiro dos dois dias do Fórum, os participantes alemães e angolanos destacaram o estreitamento nas relações de negócios. Mais de 50 empresários alemães e mais uma centena de representantes de instituições e empresas angolanas discutem as condições gerais para futuros financiamentos e proteção de riscos de investimento em Angola.
O governo de Luanda faz-se representar pelo ministro da Saúde, José Van-Dúnem, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, da Indústria, Bernarda Gonçalves Martins, e ainda o ministro da Economia, Santos Gourgel, que concedeu uma entrevista à DW África.
O ministro da Economia angolano tem boas recordações da Alemanha. Mas Abrahão Pio dos Santos Gourgel concentra a sua atenção nos negócios entre os dois países, com forte potencial de crescimento.
DW África: À parte de relações profissionais, o ministro Santos Gourgel tem uma relação pessoal especial com a Alemanha?
Abrahão Santos Gourgel (ASG): A minha relação pessoal explica-se porque eu estudei lá, primeiro na antiga RDA (República Democrática Alemã) e, mais tarde, fiz uma pós-graduação em Berlim Ocidental.
DW África: E tem boas recordações desses tempos?
ASG: Sim. O tempo em que estudámos é das épocas mais interessantes das nossas vidas. Depois vêm outras coisas, mas não há dúvidas de que aquela é sempre uma época interessante. De modo que, tenho algumas boas recordações desse período.
DW África: Pensa que a Alemanha e Angola são parceiros ideais para cooperarem? Em que áreas?
ASG: São parceiros, sobretudo porque são economias complementares, não são economias concorrentes.
Produzem diferentes tipos de produtos, têm valências em diferentes áreas da atividade económica e do saber. De modo que, há muitas oportunidades e há uma grande expectativa, quer da parte dos empresários angolanos quer da parte dos empresários alemães e, igualmente, das autoridades dos dois governos.
DW África: No entanto, é pouco significativo o volume de negócios de Angola com a Alemanha, em comparação com outros países como Portugal, China, Estados Unidos, Fraça ou Grã-Bretanha?
AGS: Exatamente. E isso aumenta o volume de oportunidades de crescimento das relações comerciais e da cooperação industrial. O crescimento do volume de negócios entre Angola e a Alemanha tem muito que ver também com a atitude cultural do empreendedor alemão. O empreendedor alemão é muito distinto do empreendedor português ou lusófono ou mesmo latino, porque tem uma atitude cultural diferente perante os negócios.
Geralmente, o empreendedor alemão precisa de mais tempo de preparação e, talvez por isso mesmo, também tem negócios muito mais sólidos e de mais longo prazo.
Nós estamos interessados em que essa pequena limitação seja ultrapassada e pensamos que a qualidade das nossas relações tem condições para que isso aconteça.
DW África: Desde a visita a Angola da chanceler alemã Angela Merkel, o que é que mudou nas relações bilaterais?
AGS: Os negócios aumentaram. Os contactos diretos tanto entre empresas alemãs e o nosso país como entre empresários angolanos e a Alemanha também aumentaram. Além disso, foi criado um fórum em que é possível abordar os aspectos mais estruturantes da cooperação entre os dois países. Portanto, estamos melhor depois da visita da chanceler alemã do que antes da sua visita.
É um processo de aproximação e de aperfeiçoamento das nossas relações que tem melhorado já desde a visita do senhor Presidente angolano José Eduardo dos Santos à Alemanha (em fevereiro de 2009). E um outro ponto alto foi, sem dúvida, a visita da chanceler Angela Merkel a Angola (em 2011).
DW África: Na altura, em 2011, não se falou praticamente de outro assunto senão do negócio das fragatas que a Alemanha quer vender a Angola. Como vê essa questão?
AGS: Sobre esse negócio sei muito pouco, para ser sincero. Portanto, contrariamente ao que referiu, eu penso que as grandes atenções dos negócios foram mais no sector da energia e não tanto nas fragatas.