Alemanha e França consideram que criação de força militar internacional será a esperança da África Ocidental para derrotar o radicalismo. Governantes dos dois países estiveram no Níger e no Mali.
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Após um encontro com o Presidente do Níger, Mahamadou Issoufou, na capital Niamey, a ministra alemã da Defesa, Ursula von der Leyen, garantiu que a Alemanha está bem posicionada para apoiar o desenvolvimento da força G5 Sahel, composta por tropas do Mali, Mauritânia, Burkina Faso, Níger e Chade.
Neste sentido, esta segunda-feira (31.07), a governante alemã anunciou o fornecimento de equipamento militar ao Níger no valor de 5 milhões de euros para apoiar a luta contra o extremismo islâmico na região.
"Disponibilizámos, por exemplo, camiões, motorizadas e telefones de satélite para a mobilidade e a comunicação, mas também discutimos a força conjunta do G5 Sahel e a forma como podemos apoiar esta força", disse von der Leyen. "Para nós, alemães, é muito importante investir na segurança e no desenvolvimento."
Alguns observadores consideram que a nova força internacional - que deverá estar no terreno até 2018, contando com 5 mil soldados - poderá lançar as bases para uma eventual estratégia de retirada das 4 mil tropas francesas que se encontram atualmente na região. Mas França já afirmou que não tem planos para a retirada dos soldados e a ministra da Defesa, Florence Parly, voltou a deixar esta garantia em Niamey: "Queremos prosseguir ativamente com esta cooperação com o Níger, porque estamos convencidos de que é esta força G5 Sahel que vai encontrar a solução para os problemas da região. Mas a Operação francesa Barkhane continuará ao lado desta força."
À procura de parceiros e financiamento
Numa conferência de imprensa conjunta na nova sede da força do G5 Sahel, em Niamey, as ministras da Defesa francesa e alemã sublinharam a necessidade de encontrar outros parceiros para avançar com a força militar conjunta.
Antes de deixar o Níger, a ministra alemã da Defesa afirmou que Itália, Espanha e outros países já demonstraram interesse nesta parceria. A União Europeia anunciou uma ajuda de 50 milhões de euros e França prometeu contribuir com 8 milhões até ao final de 2017. A força internacional deverá custar entre 400 a 500 milhões de euros por ano. Paris quer as tropas no terreno já em outubro.
Segundo Florence Parly, França e Alemanha preparam-se para angariar apoio financeiro. A ministra francesa da Defesa anunciou que será realizada, em meados de setembro, uma conferência de doadores em Berlim.
Alemanha e França unem-se contra extremismo islâmico
Mais dinheiro para desenvolvimento
Para além do combate ao extremismo islâmico, também a imigração ilegal e o tráfico de pessoas estiveram na agenda da visita ao Níger, um dos países de trânsito para os migrantes que tentam chegar à Europa. Segundo dados da ONU, em 2016, cerca de 330 mil pessoas passaram pelo Níger na travessia para o continente europeu.
"Tivemos uma conversa muito construtiva com o Presidente do Níger sobre a parceria na luta contra o terrorismo e a estabilização da região, mas também sobre o combate ao tráfico de pessoas e o crime organizado e a criação de perspetivas de desenvolvimento económico, para que as populações possam ter um futuro no seu país", afirmou a ministra alemã da Defesa.
Esta terça-feira, Ursula von der Leyen regressa ao Mali, onde esteve no domingo para participar nas cerimónias fúnebres de dois soldados alemães da missão de paz da ONU mortos num acidente de helicóptero em Gao. A visita da ministra da Defesa alemã à África Ocidental termina em Bamako, novamente ao lado da homóloga francesa. Na agenda estão encontros com as autoridades malianas e dirigentes da MINUSMA, a missão das Nações Unidas no país.
Lazer em vez de terror: o jardim zoológico de Maiduguri na Nigéria
Durante anos, o grupo terrorista islamita Boko Haram marcou a vida em Maiduguri. Ainda hoje acontecem atentados ocasionais. Mas o regresso à vida normal já permite prazeres como uma tarde passada no jardim zoológico.
Foto: DW/T. Mösch
Elefantas à espera dum elefante
As elefantas Izge e Juma são muito populares entre os visitantes. Mustapha Pogura (segundo da esquerda) veio da cidade vizinha de Yobe para passar uma tarde no jardim zoológico. "Antigamente teria receado vir por causa da falta de segurança. Mas agora reina aqui a paz." Pogura diz que ainda seria melhor se investissem mais no jardim zoológico. Os tratadores queriam um elefante para as elefantas.
Foto: DW/T. Mösch
Parque e zoológico há quase 50 anos
Chefes tradicionais e patrocinadores privados doaram alguns animais quando o parque foi criado em 1970. Em 1974, após uma visita ao parque, o Presidente queniano Jomo Kenyatta enviou uma série de animais da savana para a Nigéria. O parque transformou-se definitivamente num jardim zoológico. Mas aos poucos os animais foram morrendo de velhice ou porque não se adaptavam ao clima seco e quente.
Foto: DW/T. Mösch
Sombra e sossego no meio da azáfama urbana
Por um bilhete de 50 nairas (dez cêntimos do euro) o visitante pode visitar 17 hectares de parque com jaulas e cercas. Uma mão cheia de quiosques vende refrescos. Os visitantes preferem vir ao fim da tarde para fugir à canícula. Os pares sentam-se nos bancos à sombra e as crianças observam as cobras.
Foto: DW/T. Mösch
Um sítio para as crianças
A estudante Khadija (à direita), de 15 anos, e a sua irmã Aisha (segunda da direita) vieram com amigos. O leão é um dos animais preferidos de Khadija. "Fico feliz por haver um sítio tão bonito para nós, crianças", diz Aisha. Aos fins-de-semana o jardim zoológico enche bastante. Os empregados dizem que nos feriados importantes como a Festa do Sacrifício, vêm milhares de visitantes.
Foto: DW/T. Mösch
Leões comilões
Por detrás de uma grade grossa, o leão parece saciado. O rei dos animais partilha o recinto com duas leoas. Quando Maiduguri vivia o terror do Boko Haram, era difícil alimentar os leões. Foi preciso sacrificar-lhes algumas das cabras do jardim zoológico. Muitos carnívoros não sobreviveram, contam os tratadores.
Foto: DW/T. Mösch
Crocodilos prolíficos
A natureza conferiu aos crocodilos a capacidade de sobreviverem longos períodos sem comer. Estes não parecem ter sofrido nos anos de escassez de Maiduguri. O recinto está quase sobrelotado, porque os répteis reproduzem-se com rapidez. Fotos tiradas há alguns anos mostram o recinto cheio de lixo. Mas hoje os crocodilos dormitam sobre a areia branca e limpa.
Foto: DW/T. Mösch
Um diretor confiante
O diretor Usman Lawal trabalha aqui há mais de 20 anos. Mostra com orgulho o canto onde os crocodilos enterram os ovos. "Os governos passados não estavam interessados no jardim zoológico," conta. "Também por isso perdemos tantos animais”. Mas o atual governador do estado de Borno aumentou o orçamento, diz o diretor: "Pudemos proceder a limpezas e reparação de jaulas e recintos."
Foto: DW/T
Um recomeço com novos escritórios
O diretor Lawal tem grandes planos para o seu jardim zoológico. Fundos adicionais de Borno e o aumento de visitantes permitiram-lhe construir um novo edifício administrativo para os cerca de 40 empregados. Alguns recintos também obtiveram cercas novas.
Foto: DW/T.Mösch
A hiena aguarda uma casa nova
As jaulas para as hienas e os chacais estão na outra margem do pequeno rio que atravessa o parque. Para os ver, os visitantes têm que atravessar uma ponte. No outro lado do rio ainda falta construir e reparar muita coisa. A hiena decerto que agradeceria uma casa nova: a sua jaula é minúscula. Anda em círculos com um ar perdido e agitado.
Foto: DW/T. Mösch
Novos animais para assegurar o futuro
As avestruzes têm um recinto grande, para o qual vieram há pouco tempo. Pertenciam ao governador Kashim Shettima, que os ofereceu ao zoológico. Um gesto que o diretor Lawal agradece e diz que espera conseguir obter mais animais da savana, como zebras e girafas. Talvez o Quénia possa voltar a ajudar, acrescenta: "Brevemente iremos contactar as autoridades em Nairobi."
Foto: DW/T. Mösch
Babuínos no meio de detritos plásticos
Um dos maiores desafios para a administração são os visitantes que desrespeitam as regras. Há pessoas que acham graça atirar garrafas de plástico ou sacos de plástico com água aos babuínos. O lixo fica no recinto. Já em 2014 os peritos se queixavam do mau comportamento dos visitantes. Pelo menos o jardim deixou de ser ponto de encontro para traficantes de drogas e prostitutas e os seus clientes.
Foto: DW/Thomas Mösch
Uma cidade que anseia pela paz
O jardim zoológico fica numa estrada principal que leva ao centro da cidade. Os visitantes no parque estão longe da azáfama que reina lá fora. A vida em Maiduguri regressa lentamente à normalidade. Têm ocorrido alguns ataques suicidas nos arredores. Servem para lembrar às pessoas em Maiduguri que a liberdade ainda está longe de ser um dado adquirido.