Alemanha e Gana assinam acordo de investimentos e reformas
Claus Stäcker | DPA | mjp
13 de dezembro de 2017
A Alemanha vai apoiar o Gana com 100 milhões de euros para a promoção das energias renováveis, a eficácia energética e a formação profissional.
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A Alemanha e o Gana assinaram esta terça-feira (12.12) um acordo de "Parceria de Investimento e Reforma" após um encontro na capital do Gana, Accra, entre o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e o homólogo ganês, Nana Akufo-Addo.
Segundo o dirigente alemão, após quatro mudanças de poder pacíficas e um claro compromisso com o Estado de direito e a democracia, o Gana apresenta o quadro de investimentos mais estável do continente africano.
"Esta parceria de reforma que assinámos hoje é um sinal de respeito pelo que foi feito no Gana nos últimos anos e aquilo que distingue o Gana de outros países africanos, de forma positiva", afirmou Steinmeier.
Além do apoio ao desenvolvimento
Depois da Tunísia e da Costa do Marfim, o Gana é a terceira parceria de reforma da Alemanha no continente africano, inserida na iniciativa "Compact with Africa", criada pelo Governo alemão no âmbito do G20 para reforçar o investimento privado no continente. As expetativas são altas, até porque a delegação de Berlim conta com 18 empresários na visita oficial ao Gana.
O Presidente Nana Akufo-Addo agitou as águas recentemente, quando explicou o conceito de "Um Gana além do Apoio ao Desenvolvimento", durante a visita do Presidente francês, Emmanuel Macron: em vez de esperar apenas pelo dinheiro dos contribuintes europeus, Akufo-Ado quer parcerias genuínas, que beneficiem ambos os lados.
O Gana não tem apenas ouro, cacau e petróleo, mas também trabalhadores que precisam urgentemente de emprego - uma preocupação central do seu Governo, como explicou ao homólogo alemão: "Investimos uma parte significativa dos fundos públicos na educação, porque queremos aumentar a capacidade e a competência dos nossos trabalhadores", disse Akufo-Ado.
Alemães interessados em negócios com África
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Travar migração económica
Em Accra, o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, aproveitou ainda para alertar para os perigos da migração.
Em entrevista ao diário Daily Graphic, Steinmeier lembrou que a Alemanha recebeu centenas de milhares de refugiados, mas sublinhou que é preciso fazer uma clara distinção entre aqueles que fogem da guerra e da perseguição política e quem emigra em busca de uma vida melhor. A Europa, explicou, não pode dar esta perspetiva a todos os ganeses e africanos.
Durante a visita oficial ao Gana, o Presidente alemão sublinhou, por isso, a importância de criar infraestruturas estáveis e oportunidades para os jovens, de forma a dissuadi-los de partir. "Acredito que [o desenvolvimento económico] é a direção certa e que isto não pode funcionar sem que sejam dadas todas as oportunidades à geração mais jovem de construir o seu futuro no seu próprio país, graças à educação e à formação profissional", referiu Steinmeier.
Alemanha e Gana assinam acordo de investimentos e reformas
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O Presidente do Gana, por sua vez, identificou três pilares do sucesso da economia alemã, que diz serem muito relevantes para o seu país: uma classe média forte, excelente tecnologia - nomeadamente na área das energias renováveis - e uma excelente formação profissional, "talvez a melhor do mundo". Akufo-Addo espera, assim, que a presença da delegação empresarial alemã no Gana dê bons frutos, "para que as fortes relações entre os dois países continuem a desenvolver-se."
Esta quarta-feira (13.12), a primeira visita oficial do Presidente alemão ao continente africano continua em Accra. Antes de seguir viagem para a Gâmbia, Steinmeier inaugura na capital do Gana um centro de aconselhamento à migração que visa formar jovens ganeses e apoiar pequenas empresas.
Nzulezo: Viver sobre a água no Gana
Os moradores de Nzulezo vivem sobre a água e fazem dela o seu sustento. Esta aldeia no sudoeste do Gana foi totalmente construída sobre estacas. Mas não é só por isso que este local, no lago Tadane, é famoso.
Foto: DW/G. Hilse
A Veneza do Gana
A aldeia de Nzulezo fica a cerca de 300 quilómetros a oeste da capital do Gana, Acra. No idioma local, "nzema" significa "superfície da água". Os 500 habitantes vivem literalmente sobre o lago Tadane. Nzulezo é a única localidade do país construída totalmente sobre estacas. Por isso, a comunidade ficou conhecida como "Veneza do Gana".
Foto: DW/G. Hilse
Candidata a património da humanidade
Em 2000, Nzulezo foi nomeada para receber o título de património natural da humanidade, concedido pela UNESCO, pois é uma união perfeita entre o Homem e a Natureza - o ecossistema não é prejudicado. Além disso, as zonas húmidas de Amanzuri, onde o lago Tadane se encontra, têm uma importante flora e fauna, com macacos, crocodilos, tartarugas e muitas espécies raras de pássaros.
Foto: DW/G. Hilse
Forçados a sair
Reza a lenda que os antepassados dos habitantes de Nzulezo eram originários do "Reino do Gana", no atual Mali. Mas, no século XV, foram obrigados a deixar a região após uma disputa com o povo "Mendé" pelas terras férteis e ricas em ouro. O seu deus teria aparecido em forma de caracol e tê-los-ia guiado à região onde fica hoje o Gana.
Foto: DW/G. Hilse
Finalmente a paz
A comunidade instalou-se aqui, sobre o lago Tadane, e, segundo a lenda, terá recebido a garantia divina de que não precisava de temer novos ataques. A população ficou finalmente em paz, após décadas a fugir de um lado para o outro. O deus prometeu que o lago protegeria e comunidade e garantiria o seu sustento; depois, entregou-a aos cuidados do deus da água.
Foto: DW/G. Hilse
Um altar para o deus da água
A comunidade venera o deus da água desde essa altura. Esta casa sobre estacas é-lhe dedicada. O lago tem um dia sagrado - à terça-feira é proibido pescar. As mulheres não podem atravessar as águas na altura da menstruação. Por respeito ao deus dos antepassados, o caracol, muitas pessoas não comem estes animais.
Foto: DW/G. Hilse
Acesso a TV e telefone
Hoje em dia, vivem aqui cerca de 500 pessoas. Os tectos são feitos de ráfia e as casas estão ligadas umas às outras por passadeiras de madeira. Cada família mora numa rua diferente e todas têm acesso a eletricidade, televisão via satélite e rede móvel. Graças a um projeto de uma petrolífera estrangeira, as famílias também têm acesso a água potável há vários anos.
Foto: DW/G. Hilse
Professores da comunidade
As autoridades enviam para a comunidade jovens professores recém-formados, mas a maioria não aguenta muito tempo em Nzulezo, pois considera a localidade demasiado monótona. Por isso, a aldeia forma agora os seus próprios professores. "Por serem daqui, eles sabem como a vida é e não desaparecem da noite para o dia", conta Nana Ette, filho do líder da aldeia.
Foto: DW/G. Hilse
Cuidado com o fogo
Akyaa prepara creme de amendoim para o almoço. E ao fundo já se vê o fumo que sai do forno onde ela cozinhará, a seguir, o puré de mandioca. A madeira não é à prova de fogo, por isso as mulheres cozinham em fornos de barro. As casas de banho também foram feitas em cima de uma superfície firme de barro, no meio do mato.
Foto: DW/G. Hilse
Preguiçosos não comem
Os habitantes de Nzulezo vivem sobre a água e fazem dela o seu sustento. A sua principal fonte de proteína são os peixes do lago. Os rapazes aprendem desde cedo a pescar. Também precisam de saber como arranjar as redes de pesca e preparar armadilhas na floresta. "Quem tem preguiça, não come", diz um ditado no Gana.
Foto: DW/G. Hilse
Terra fértil
Sengu Kulu e o filho Eric são pequenos agricultores, como muitos em Nzulezo. Em quase dois hectares de terra, junto à costa, cultivam mandioca, bananas, cocos e abacaxis. A maioria é para consumo próprio. "O chão lamacento torna a terra muito fértil, bom para o cultivo”, diz Kulu. O que não é consumido, é vendido no mercado de Beyin, a seis quilómetros de distância.
Foto: DW/G. Hilse
O melhor Akpeteshie do Gana
Nzulezo é conhecida além-fronteiras pela sua bebida destilada, o Akpeteshie, um gin local. Em toda a região pantanosa de Amanzuri é possível encontrar pequenas destilarias como esta. O vinho de palma - obtido da seiva da palmeira - é destilado até que seja possível separar o líquido, de cor clara, que é o gin, do resto. Com cinco euros pode-se comprar aqui um litro de Akpeteshie.
Foto: DW/G. Hilse
Negócios com a capital
14 baldes de vinho de palma dão um galão de gin Akpeteshie - cerca 3,7 litros. É um dia de trabalho. A bebida é depois armazenada e levada numa piroga à cidade costeira de Byin, que está ligada ao lago Tadane por um canal. A seguir, o gin é carregado em camiões e transportado para a capital Acra e para a Costa do Marfim.
Foto: DW/G. Hilse
Europeus em Nzulezo
A vida idílica sobre o lago Tadane também atrai europeus. Um casal de espanhóis é dono de um restaurante às margens do canal que liga Nzulezo a Byin. Eles viveram nesta casa construída sobre estacas durante quatro anos. Hoje, a residência é usada por amigos e familiares que vêm visitar o casal.
Foto: DW/G. Hilse
Viver a cultura de perto
A comunidade depende do turismo. Muitos, porém, vêm apenas para passar o dia e preferem pernoitar nos confortáveis hotéis de luxo à beira-mar, em Byin. Para viver a cultura de perto, os visitantes podem ficar hospedados em casa de um morador. A localidade não tem atendimento médico. É preciso ir de barco até ao posto de saúde mais próximo.
Foto: DW/G. Hilse
Ébola afastou turistas
Poucos turistas estrangeiros vieram a Nzulezo desde o início da epidemia do ébola, em dezembro de 2013. Os habitantes sentiram as consequências no bolso. Segundo Atta Mensa Kasapa, o país inteiro ressentiu-se com a queda do número de visitantes. "E o Gana nunca teve a epidemia do ébola". Atta sonha com o regresso dos turistas para poder vender os barcos que ele esculpe em madeira.