A Alemanha e o Quénia assinaram esta sexta-feira, em Berlim, um acordo que visa promover o recrutamento de trabalhadores qualificados quenianos para preencher lacunas no mercado de trabalho alemão e facilitar a repatriação de quenianos sem direito a permanecer no país.

O acordo foi celebrado durante a visita oficial do Presidente queniano William Ruto à Alemanha, onde se encontrou com o chanceler Olaf Scholz. Durante a cerimónia de assinatura, Scholz destacou a importância da cooperação entre os dois países em matéria de migração.

"Este acordo ajudará a compensar a escassez de trabalhadores qualificados que já sentimos e que continuará a afetar-nos durante anos e décadas", afirmou Scholz, referindo-se à necessidade urgente da Alemanha de atrair trabalhadores fora da União Europeia. Especialistas estimam que o país necessite de cerca de 400.000 imigrantes qualificados por ano para fazer face ao envelhecimento da sua força laboral.

Parceria estratégica

O chanceler alemão também sublinhou que o acordo facilita o regresso eficiente de quenianos que não têm ou não podem adquirir o direito de permanência na Alemanha. "Agora poderão regressar ao seu país de forma mais rápida e fácil", acrescentou.

Por seu lado, o Presidente Ruto afirmou que o acordo beneficia ambos os países, ao combinar o potencial de jovens quenianos com a tecnologia e os recursos alemães. Ruto mostrou-se confiante de que a saída de alguns quenianos não prejudicará o desenvolvimento do seu país, realçando que o Quénia tem uma população jovem e numerosa, com uma idade média de cerca de 20 anos.

Scholz mencionou ainda que a Alemanha tirará proveito do elevado número de especialistas quenianos na área de TI (tecnologias de informação).

A Alemanha já assinou acordos semelhantes com a Índia, Geórgia e Marrocos, e pretende assinar outro com o Usbequistão este fim de semana, durante uma visita oficial de Scholz àquele país.

O acordo foi assinado pela Ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, e pelo Secretário de Estado Principal do Quénia, Musalia Mudavadi, numa cerimónia realizada na chancelaria em Berlim, na presença de Scholz e Ruto.

Este acordo surge num momento em que o governo de coligação de Scholz enfrenta desafios da extrema-direita, com o partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) a ganhar terreno nas eleições estaduais recentes na Alemanha oriental.