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Alemanha espera e desespera por novo Governo

Guilherme Correia da Silva | Ben Knight | Klaudia Roth-Lundt | DPA | Lusa
3 de janeiro de 2018

A chanceler interina alemã, Angela Merkel, encontra-se esta quarta-feira com o líder social-democrata para debater a formação de um novo Executivo. Há três meses que na Alemanha funciona apenas um Governo de gestão.

Foto: picture alliance/dpa/M. Kappeler

A chanceler alemã Angela Merkel começa o novo ano como terminou o último: à procura de aliados. As eleições federais foram há mais de três meses, mas Merkel tarda em formar um novo Executivo. Nunca se esperou tanto pela formação de um novo Governo, nas últimas décadas.

2018 será um ano decisivo. "Caros cidadãos: deram-nos a nós, políticos, a tarefa de gerir os desafios futuros e de ter em vista as necessidades de todos os cidadãos. Estou comprometida com esta missão, e também com a tarefa de conseguir no novo ano um governo estável para a Alemanha", garantiu a chanceler no tradicional discurso de Ano Novo.

Chanceler alemã, Angela Merkel, e líder do SPD, Martin SchulzFoto: Reuters/A. Schmidt

SPD cauteloso

Nas legislativas de 24 de setembro, a União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel, e a União Social-Cristã (CSU) conseguiram, em conjunto, apenas 32,9% dos votos, ficando longe de uma maioria no Parlamento. Após as eleições, Merkel tentou formar uma coligação com o Partido liberal (FDP) e os Verdes. Mas as negociações falharam e as atenções da CDU/CSU voltaram-se para o Partido Social Democrata (SPD).

A formação política de Martin Schulz está, no entanto, reticente. Os últimos quatro anos de coligação com o partido de Merkel feriram os sociais-democratas - o SPD sofreu uma derrota histórica nas últimas eleições, conquistando só 20,5% dos votos, e Schulz está cauteloso.

"Vamos sondar se é possível formar um novo Governo na Alemanha. Não há decisões prévias. Nada é automático. Não estamos pressionados pelo tempo. Temos um Governo de gestão, capaz de agir", afirmou o líder social-democrata no início de dezembro.

Alemanha espera e desespera por novo Governo

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Reforma da Europa

As conversações entre a CDU/CSU e o SPD poderão arrastar-se até abril. E Schulz espera mudanças: "um novo Governo neste país tem de ser capaz de enfrentar os grandes desafios políticos. E, para lidar com eles, a nível nacional, europeu ou mundial, não basta que continuemos a agir como até aqui."

Reformar a União Europeia é um dos grandes objetivos de Martin Schulz. O líder social-democrata sonha com a formação de uns "Estados Unidos da Europa" até 2025. Pretende ainda introduzir um orçamento comum e um ministro das Finanças para a zona euro - duas metas partilhadas igualmente pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.

Macron apresentou, em setembro, uma série de propostas para reformar a União Europeia. Espera agora pela formação do novo Governo na maior economia do bloco, a Alemanha. Angela Merkel prometeu que a Alemanha não ficará para trás.

"A Europa não funciona sem uma Alemanha forte e uma forte aliança franco-alemã. É por isso que Berlim tem a grande responsabilidade de formar um Governo estável", disse a chanceler.

Nem um Governo minoritário, nem novas eleições são opções para Angela Merkel.

Eixo franco-alemão: Chanceler alemã e Presidente francês, Emmanuel MacronFoto: Reuters/L.Marin

"O mundo não espera por nós"

Mas os alemães parecem esperar e desesperar pelo novo Governo. Numa sondagem divulgada no final de dezembro, 47 por cento dos inquiridos preferiam que Merkel não completasse um quarto mandato; só 36 por cento gostariam de a ver como chanceler.

Tudo dependerá das conversações com os sociais-democratas. Esta quarta-feira (03.01), Merkel debate com Schulz a formação de um novo Governo, antes da primeira fase de negociações efetivas entre a CDU/CSU e o SPD, a partir de domingo, 7 de janeiro.

Para já, não se esperam resultados concretos. Mas Merkel fez um avisou na mensagem de Ano Novo: "O mundo não espera por nós. Temos de criar as condições para que a Alemanha continue a prosperar daqui a 10 ou 15 anos."

Só nas próximas semanas ou meses se poderá confirmar se a espera por um novo Governo terá o fim desejado pela chanceler alemã.

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