Quem o diz é a chanceler Angela Merkel, que saudou a "coragem" dos cidadãos que contribuíram para a reunificação da Alemanha há 30 anos. Presidente Frank-Walter Steinmeier celebra a "melhor Alemanha de sempre".
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A chanceler alemã recordou este sábado (03.10) a "revolução pacífica" na República Democrática Alemã (RDA) e aqueles que no Ocidente ajudaram a levar a cabo o processo de reunificação.
"Foi necessária muita coragem para chegar até aqui. As pessoas na RDA que saíram para a rua e encorajaram a revolução pacífica, mas também a coragem dos que na antiga República Federal Alemã (RFA) partiram para a unidade alemã", disse.
"Neste dia, quero agradecer a todos os cidadãos que contribuíram para que a unidade alemã fosse uma realidade", acrescentou a chanceler, recordando ainda os "parceiros no mundo" que "confiaram na Alemanha", numa referência a Moscovo, Paris, Londres e Washington, que não levantaram obstáculos à reunificação.
30 anos de reunificação alemã em Berlim
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"Muita coisa aconteceu desde então. Sabemos que hoje é necessário voltarmos a ser corajosos. Corajosos para percorrer novos caminhos por causa da pandemia. Corajosos para superar realmente as diferenças que persistem entre o oriente e o ocidente. Mas também corajosos para trabalhar para a coesão de toda a nossa sociedade", argumentou a chanceler.
Na opinião de Angela Merkel, "trinta anos depois da reunificação, o mundo não é necessariamente mais pacífico, por isso é preciso "coragem” novamente para avançar pelo caminho da paz. "Espero que continuemos corajosos para avançar por novos caminhos, para que aqueles que vêm até nós, os jovens, as crianças, tenham uma boa vida", concluiu.
"Melhor Alemanha de sempre"
Por seu turno, o Presidente Frank-Walter Steinmeier disse que os alemães vivem na "melhor Alemanha de sempre", 30 anos depois que o país foi reunificado.
Falando num evento para marcar o Dia da Unidade Alemã, na cidade histórica de Potsdam, Steinmeier agradeceu a todos que contribuíram para a prosperidade alemã nas últimas três décadas, dizendo que "nenhuma pandemia pode nos impedir de ter orgulho" do progresso do país.
"Nestes tempos, o nosso país mostrou que estamos juntos, que somos fortes e agimos com responsabilidade", disse Steinmeier. O Presidente também fez alusão aos problemas no país, no entanto, dizendo que alguns ex-alemães orientais ainda se sentiam privados de direitos.
"Se as pessoas se sentem permanentemente negligenciadas, se o seu ponto de vista não aparece no debate político, não nos devemos sentir indiferentes. Se a coesão se desgasta e a desconfiança na política aumenta, o terreno fértil para o populismo e partidos extremistas cresce", defendeu.
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"Momento decisivo"
A NATO assinalou hoje que a reunificação alemã, concretizada há 30 anos, foi um momento "decisivo" para a Europa e para o mundo, destacando que a aliança atlântica contribuiu para que esse momento fosse "possível".
"O 3 de outubro de 1990 foi um momento decisivo para a Alemanha, para a Europa e para o mundo. Ao proteger a liberdade e a democracia, a NATO ajudou a tornar possível a reunificação pacífica da Alemanha", escreveu o secretário-geral da aliança atlântica, Jens Stoltenberg, na rede social Twitter.
Segundo disse o responsável norueguês, citado também pela agência Efe, "uma Europa unida e um vínculo transatlântico forte continuam a ser vitais para a nossa segurança hoje".
As imagens da queda do muro de Berlim no dia 9 de novembro de 1989 converteram-se no símbolo da queda do bloco comunista e no fim da Guerra Fria.
O processo alemão de reunificação foi validado nas urnas no dia 18 de março de 1990, e posteriormente a união entre as duas Alemanhas selou-se no dia 3 de outubro de 1990.
A partir desse dia, a República Democrática da Alemanha (RDA, leste) deixou de existir e os novos estados federados passaram a fazer parte da unificada República Federal da Alemanha (RFA).
Berlim antes e depois da queda do muro
A capital alemã foi o símbolo da Alemanha dividida, palco da Guerra Fria e da reunificação. Acompanhe-nos numa visita guiada à Berlim de há 30 anos e de hoje.
A Porta de Brandemburgo
É um dos monumentos mais famosos de Berlim. Construída em 1791, a Porta de Brandemburgo demarcou a fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental quando havia duas Alemanhas. Situada diretamente por trás da linha divisória na parte oriental, era inacessível ao público. Em 1989, caíram as barreiras. Desde então, a praça diante do monumento enche-se todos os dias de alemães e estrangeiros.
A prisão de Hohenschönhausen
Hohenschönhausen serviu até 1989 como a "Prisão Central da Segurança do Estado". Os prisioneiros políticos eram sujeitos a torturas psicológicas e físicas, na Alemanha de Leste. O complexo de edifícios estava ocultado por altas muralhas e não aparecia em nenhum mapa da cidade. Foi encerrado após a reunificação e reaberto alguns anos mais tarde como memorial.
O Muro de Berlim
O Muro de Berlim dividiu a cidade durante 28 anos. Fortificações ao longo dos seus 160 quilómetros impediam a fuga para o ocidente. Muitas pessoas tentaram e morreram. O seu número exato continua por ser apurado. A chamada East Side Gallery, o troço mais longo que ainda resta do muro, foi pintada por muitos artistas nacionais e internacionais no ano da reunificação.
Este colosso de 19 metros de altura de granito vermelho dominou o bairro de Friedrichshain de 1970 a 1991. 200 mil pessoas assistiram à inauguração oficial, presidida pelo líder da República Democrátcia Alemã (RDA), Walter Ulbricht. No início dos anos 90, o comunismo - e com ele Lenine - chegou ao fim. A estátua foi desmontada. Hoje, a antiga Praça Lenine chama-se "Praça das Nações Unidas".
Do Palácio da República ao Palácio de Berlim
O Palácio da República era o centro do poder na RDA, sede da assembleia popular e palco das conferências do partido SED. O ostentoso edifício, mandado edificar pelo líder comunista Erich Honecker e inaugurado em 1976, estava altamente contaminado com amianto. Foi demolido entre 2006 e 2008. No seu lugar foi reconstruido o histórico Palácio da Cidade de Berlim com o controverso Fórum Humboldt.
As Intershops da RDA
"Intershop" era o nome de uma cadeia de retalho da RDA onde só se podia pagar com moeda estrangeira. O que, à partida, excluía das lojas a maioria dos cidadãos, que não tinha acesso à gama de produtos, muitas vezes de luxo. As primeiras destas lojas foram instaladas na estação Friedrichstraße em Berlim Oriental (foto da esquerda). Hoje, a praça hoje tem lojas para todos os gostos e bolsos.
Parque infantil
Um parque infantil é sinónimo de infância despreocupada. Quase todos os parques infantis no leste tinham estas construções de metal para escalar (foto da esquerda). Hoje, usa-se para o mesmo fim cordas sólidas. Por isso não dói tanto quando miúdos (e graúdos) batem com os joelhos quando brincam. Veja mais fotos no Facebook: #GermanyThenNow #BerlinThenNow
O Hotel reservado às elites
O Interhotel Metropolitano de Friedrichstraße, com treze andares, foi inaugurado em 1977. Aqui cruzaram-se empresários, diplomatas e celebridades. A maioria dos cidadãos da RDA, que não tinha acesso a moeda estrangeira, limitava-se a admirá-lo de fora. Hoje, encontra-se no local um hotel da cadeia Maritim. Aberto a todos os visitantes, mas não acessível a todos os bolsos.
KaDeWe - tradição de luxo
A Kaufhaus des Westens, conhecida pela abreviatura KaDeWe, é a casa comercial mais famosa da Alemanha. Com 60 mil metros quadrados de superfície, é a segunda maior da Europa a seguir ao Harrods, em Londres. Foi inaugurada em 1907 e quase completamente destruída na Segunda Guerra Mundial. Situada em Berlim Ocidental na era da divisão, é hoje uma atração para turistas, residentes e amantes de luxo.