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PolíticaAlemanha

Alemanha: Mais de 200 mil protestam contra a extrema-direita

DW (Deutsche Welle) | com agências
21 de janeiro de 2024

Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas em manifestações contra extremismo de extrema-direita em cidades de toda a Alemanha. Manifestações eram esperadas em mais de 100 cidades e vilas alemãs neste fim de semana.

Deutschland Frankfurt | Demonstration gegen AfD und Rechtsextremismus
Foto: Michael Probst/AP Photo/picture alliance

Na Alemanha, um plano concebido numa reunião secreta de extremistas de direita e do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) para deportar milhões de migrantes e minorias tem gerado uma avalanche de protestos  pró-democracia em cidades de todo o país.

Pelo menos 300 mil pessoas enfrentaram o frio de inverno e foram às ruas para protestar em Hamburgo, Frankfurt, Hannover, Kassel, Dortmund, Wuppertal, Karlsruhe, Nuremberga, Erfurt e outras cidades alemãs, com alguns cartazes a reproduzir: "O fascismo não é uma alternativa".

Manifestações contra o extremismo de direita na cidade de Koblenz, oeste alemãoFoto: Thomas Frey/dpa/picture alliance

Grandes manifestações 

Este sábado (20.01), cerca de 35 mil pessoas reuniram-se em Frankfurt para uma marcha em defesa da democracia. Os manifestantes encheram a praça central e as ruas. A polícia afirmou que a manifestação foi pacífica.

Um dos co-organizadores do protesto em Frankfurt, Peter Josiger, disse que os planos de deportação discutidos na reunião secreta na cidade Potsdam, próxima a Berlim, eram "nada menos do que um ataque à base coexistência" e apelou a "uma posição ativa contra a direita de toda a sociedade alemã".

O antigo presidente alemão Christian Wulff e o primeiro-ministro do Estado da Baixa Saxónia, Stephan Weil, discursaram perante cerca de 35 mil pessoas na cidade de Hanôver, norte da Alemanha. Os manifestantes carregavam cartazes com slogans como "Nós somos diversos" e "Votar na AfD é como 1933", numa alusão à ascensão do regime nazi.

Manifestações contra o extremismo de direita em Frankfurt lembraram a data da ascensão nazi ao poder Foto: Michael Probst/AP/picture alliance

Na sexta-feira (19.01), uma grande manifestação em Hamburgo teve de ser interrompida mais cedo, uma vez que o número de pessoas presentes foi muito superior ao esperado. Foi o maior protesto até agora, com a polícia a informar que havia 50 mil pessoas no local. Os organizadores estimaram o número em 80 mil, salientando que a manifestação foi encerrada antes de muitos terem conseguido chegar ao local.

As estimativas da polícia sobre a dimensão das multidões noutros protestos incluem: 12 mil em Kassel, 7 mil em Dortmund e Wuppertal, 20 mil em Karlsruhe, pelo menos 10 mil em Nuremberga, cerca de 16 mil em Halle/Saale, 5 mil em Koblenz e vários milhares em Erfurt.

Neste domingo, protestos foram esperados também em Berlim, Munique, Colónia, Dresden, Leipzig e Bona. O maior protesto deverá ter lugar na capital, Berlim, onde uma aliança de organizações apelou às pessoas para se reunirem em frente ao Bundestag, ou câmara baixa do parlamento, a partir das 16 horas locais (15h00 - Tempo Universal Coordenado, UTC).

Milhares de pessoas reunidas em EstugardaFoto: Christoph Schmidt/dpa/picture alliance

Porque tantos protestos?

As manifestações foram desencadeadas por uma reportagem do periódido Correctiv, que descrevia como membros da AfD se encontraram com extremistas de extrema-direita em novembro, na cidade de Potsdam. Estiveram também presentes membros da União Democrata-Cristã (CDU), o maior partido da oposição.

Os participantes na reunião discutiram a "remigração", um termo frequentemente utilizado nos círculos de extrema-direita como um eufemismo para a expulsão de imigrantes e minorias, incluindo aqueles que são cidadãos alemães naturalizados.

A notícia da reunião chocou muita gente na Alemanha, numa altura em que o AfD está em alta nas sondagens de opinião antes de três grandes eleições regionais no leste da Alemanha - onde o apoio do partido é mais forte.

O partido anti-imigração confirmou a presença dos seus membros na reunião, mas afirma que as suas propostas para a remigração, que faziam parte do seu último manifesto eleitoral, não envolvem cidadãos alemães naturalizados. Os comentários na reunião foram feitos por uma figura da extrema-direita austríaca, Martin Sellner, que não é membro da AfD.

Uma manifestante leva uma placa na cabeça contra o partido AfD, em ErfurtFoto: Jacob Schröter/dpa/picture alliance

Políticos alemães

Os principais políticos, incluindo o chanceler Olaf Scholz, que se juntou a uma manifestação no passado fim de semana juntamente com a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, afirmaram que qualquer plano de expulsão de imigrantes ou de cidadãos equivalia a "um ataque contra a nossa democracia e, por sua vez, contra todos nós", disse.

Scholz também apelou a que "todos tomem uma posição - pela coesão, pela tolerância, pela nossa Alemanha democrática".

A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, salientou que os grupos de extrema-direita se reuniram num hotel de Potsdam, perto do local onde o partido nazi, a 20 de janeiro de 1942 - há exatamente 82 anos - coordenou a "Solução Final da Questão Judaica" e discutiu o assassinato sistemático de milhões de judeus na Europa.

"Foi um acontecimento que me fez recordar involuntariamente a terrível Conferência de Wannsee", afirmou aos media alemães neste sábado.

Protestos neste domingo, em Berlim, capital alemãFoto: Annegret Hilse/REUTERS

"Por trás de termos inofensivos"

Sublinhando que não queria equiparar as duas coisas, ela disse que era importante deixar claro que "o que se esconde por trás de termos inofensivos como 'remigração' é a ideia de expulsar e deportar pessoas em massa por causa da sua origem étnica ou das suas opiniões políticas".

Na Renânia do Norte-Vestefália, o estado mais populoso da Alemanha, o primeiro-ministro Hendrik Wüst, CDU, apelou a uma "aliança do centro" entre todos os partidos e níveis de governo.

"Precisamos que os democratas se unam", disse ele, chamando o AfD de um "perigoso partido nazista" que não se baseia na constituição da Alemanha.

Friedrich Merz, líder da oposição da CDU, publicou, na rede social X, antigo Twitter, que era "muito encorajador que milhares de pessoas se manifestassem pacificamente contra o extremismo de direita". Mas não comentou sobre os membros da CDU presentes na reunião de Potsdam.

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