São cada vez mais os cidadãos da Nigéria que pedem asilo político na Alemanha. O número de pedidos recusados também é significante. Os cidadãos com pedidos rejeitados são obrigados a abandonar a Alemanha.
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As autoridades alemãs receberam desde 2016 mais de 38 mil pedidos de asilo de cidadãos nigerianos, mas a maioria foi rejeitada. De acordo com o Governo alemão, há mais de 12 mil nigerianos que já esgotaram todos os recursos legais e devem agora deixar o país, projetando-se assim um aumento significativo das deportações nos próximos tempos.
No entanto, para Ulla Jelpke, deputada do partido da oposição alemão "Die Linke" (A Esquerda), essa seria uma decisão errada. "Se o Governo assume que não há problemas em administrar drogas às pessoas que resistem à deportação e usar algemas nos pés dessas pessoas, então este Governo é simplesmente implacável", afirma.
Denúncias de maus tratos
Jelpke refere-se às denúncias feitas no ano passado por alguns jornais nigerianos e cidadãos deportados, que relataram que foram algemados durante todo o voo de regresso a casa. Outros disseram que foram forçados a tomar medicamentos contra a sua vontade. Contudo, o Governo alemão nega as alegações, tendo sublinhado que não tem conhecimento de violações aos diretos humanos durante o processo de deportação.
Alemanha poderá deportar 12 mil nigerianos
Rex Osa, ativista nigeriano para os refugiados, conta à DW que os problemas dos deportados continuam quando chegam ao país de origem: "Ao chegar ao aeroporto, eles são deixados no portão das cargas sem que ninguém se mostre preocupado com a situação. Têm de implorar por telemóveis para ligar aos familiares e amigos. Alguns dormem na rua durante dias a fio até poderem contactar as suas famílias. Sabemos também que as jovens com filhos, mães solteiras, são abandonadas lá com os seus filhos", denuncia o ativista.
Mais depotações na forja
As deportações da Alemanha para a Nigéria aumentaram de 44, em 2016, para 282, entre janeiro e agosto do ano passado. Apesar das reclamações, os observadores não acreditam que o Governo alemão mude de estratégia.
"Diria que não há tantas deportações para a Nigéria como os ministros da Segurança Interna da Alemanha e da União Europeia gostariam", comenta Karl Kopp, do grupo pró-refugiados ProAsyl. "Mas há um medo real de que estas deportações sejam feitas com muito mais rigor do que antes".
Nigéria: Dar e receber para sobreviver
Fugiram do grupo terrorista Boko Haram e vivem sem dinheiro no campo de refugiados de Bakasi, na Nigéria. A troca de produtos foi a solução que muitos encontraram para sobreviver e satisfazer necessidades básicas.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Alguma autonomia
Os alimentos e os produtos doados nem sempre são os desejados. Dinheiro e trabalhos remunerados são raros no campo de refugiados de Bakasi, no nordeste da Nigéria. Com a troca de produtos, os refugiados encontraram uma maneira de satisfazer as suas necessidades.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Dinheiro significa corrupção
"Nós não ganhamos dinheiro. Por isso é que fazemos as trocas", explica Umaru Usman Kaski. O refugiado quer trocar um molho de lenha no valor de 50 nairas (cerca de 11 cêntimos de euro) por alimentos para a família de oito membros. Muitos residentes preferiam receber dinheiro. Mas o risco é grande porque a corrupção na rede de distribuição do campo é generalizada.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Arroz em troca de farinha
Falmata Madu (à dir.) troca arroz pela farinha de milho de Hadisa Adamu. As refugiadas fazem parte dos dois milhões de pessoas que fugiram do Boko Haram. Uns refugiaram-se no interior do país, outros no estrangeiro. Há mais de oito anos que o grupo terrorista aterroriza o nordeste da Nigéria, onde quer estabelecer um califado. Segundo a ONU, esta é uma das piores crises humanitárias mundiais.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Milhares de refugiados
Há 670.000 refugiados nos vários campos espalhados pelo nordeste da Nigéria. No campo de Bakasi, nos arredores da cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, vivem 21 mil pessoas. Em troca do seu milho, Falmata Ahmadu recebe folhas de amaranto de Musa Ali Wala.
Foto: Reuters/A. Sotunde
"Não havia mais nada"
Abdulwahal Abdulla não gosta muito de peixe. Mas as pequenas tilápias foram a única coisa que conseguiu comprar porque os produtos são muitos escassos. Em vez do peixe seco, que custou 150 nairas (cerca de 36 cêntimos de euro), o refugiado de 50 anos, que vive no campo de Bakasi há três anos, preferia ter comprado óleo.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Necessidades alteram-se
Nasiru Buba (à dir.) comprou detergente com o dinheiro que conseguiu a trabalhar como porteiro na cidade. Na altura, não precisava de nada especial. Agora precisa urgentemente de amendoins, mas já não tem dinheiro. "A minha mulher acabou de ter um bébé, mas não tem leite", diz Buba. Acredita-se que os amendoins estimulam a produção de leite.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Violência sem fim à vista
Maiduguri é considerada o berço do Boko Haram e centro de violência. Em finais de dezembro de 2017, pelo menos nove pessoas morreram num ataque do grupo terrorista na capital do estado de Borno. Face a este cenário, é pouco provável que os refugiados deixem o campo de Bakasi em breve. Por enquanto, a troca direta de bens deverá continuar.