1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Alemanha: Protestos a favor e contra a imigração em Chemnitz

DPA | Reuters | AP | tms
1 de setembro de 2018

Mais de oito mil pessoas participaram de diferentes protestos em Chemnitz, no leste alemão. Extrema-direita protestou contra estrangeiros, enquanto outros grupos defendiam a política migratória de Angela Merkel.

"O coração em vez do ódio": protesto contra os grupos xenófobos e da extrema-direitaFoto: Sean Gallup/Getty Images

Na Alemanha, os defensores e opositores da política de imigração da chanceler Angela Merkel realizaram manifestações rivais este sábado (01.09), na cidade de Chemnitz, no leste do país, onde um cidadão alemão foi morto supostamente por dois imigrantes no último fim de semana. Segundo a polícia, mais de oito mil pessoas tomaram as ruas da cidade no total.

Cerca de 1.200 policiais vigiaram as manifestações na cidade, onde profundas divisões sobre a decisão de Merkel em 2015 de acolher mais de um milhão de requerentes de asilo aumentaram desde o assassinato do homem de 35 anos, seis dias atrás.

Manifestantes de mais de 70 organizações e partidos políticos de esquerda iniciaram uma marcha sob o lema "O coração em vez do ódio" (Herz Statt Hetze, em alemão) no início da tarde no centro de Chemnitz. Mais de três mil apoiantes reuniram-se numa praça principal da cidade, onde há alguns dias manifestantes de extrema-direita entraram em confronto com a polícia.

Extrema-direita também nas ruas

No outro lado da cidade, manifestantes de extrema-direita reuniram-se perto de um grande busto do pai do comunismo antes de iniciar uma marcha. A polícia de choque assistiu de longe.

Merkel, que na sexta-feira terminou uma visita de três dias à África Ocidental, ainda não comentou os eventos na cidade. "Onde ela está? Viajando pela África", disse um homem grisalho dirigindo-se à multidão anti-imigrante. "Ela deveria vir aqui e nos encarar."

Manifestantes da extrema-direitaFoto: picture-alliance/dpa/R. Hirschberger

Os defensores dos grupos da extrema-direita, incluindo o movimento xenófobo Pegida e o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), descreveram a marcha como um lamento à morte do homem que foi esfaqueado no fim de semana passado. Também, segundo os apoiantes, é uma forma de condenar o que eles dizem ser inação do Governo diante do aumento da criminalidade devido à imigração. Várias centenas de pessoas seguiram a manifestação. Muitos participantes impunhavam bandeiras alemãs e cartazes de supostas vítimas de imigrantes.

Os apoiantes de esquerda acusam os da extrema-direita de usar o assassinato para alimentar o ódio racial contra imigrantes e refugiados. "Quem foi a vítima do esfaqueamento?", perguntou uma mulher de 50 anos na manifestação contra a xenofobia, recusando-se a dar seu nome. "A extrema-direita está explorando a morte dizendo: 'Um alemão foi assassinado'. Mas ele era um antifascista e as pessoas de fora da cidade não sabem disso".

A polícia alemã disse pouco sobre o homem e as circunstâncias em torno de seu assassinato.

Violência

No fim de semana passado, centenas de manifestantes da extrema-direita entraram em confronto com a polícia e perseguiram imigrantes nas ruas de Chemnitz, depois que as autoridades disseram que um sírio e um iraquiano foram detidos como suspeitos do esfaqueamento fatal.

O ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, citado pela imprensa alemã, afirmou que, apesar do medo e da raiva, "não há desculpa para a violência" em Chemnitz.

Polícia acompanhou as manifestações deste sábadoFoto: picture alliance/dpa/B. Roessler

"Precisamos de um estado forte e temos que fazer tudo politicamente para superar a polarização e a divisão de nossa sociedade", disse o ministro, que tem postura firme sobre a imigração, que já o colocou em desacordo com a chanceler Angela Merkel.

Imagens de pessoas levantando os braços para uma saudação de Hitler, perseguindo qualquer um que viam como forasteiros e combatendo a polícia, foram um doloroso lembrete para muitos alemães de que nem todos aprenderam as lições do passado nazista do país.

"Enfrentar o fascismo"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, cujos sociais-democratas de centro-esquerda ocupam o gabinete da prefeitura em Chemnitz e ajudaram a organizar a marcha contra a xenofobia deste sábado, disse no Twitter que os alemães tinham o dever especial de enfrentar qualquer forma de fascismo.

"Quando as pessoas estão mais uma vez perambulando pelas ruas com a saudação de Hitler, nossa história nos manda defender a democracia", escreveu o ministro.

O afluxo de mais de 1,6 milhão de pessoas buscando asilo nos últimos quatro anos, principalmente muçulmanos da Síria, Iraque e Afeganistão, já mudou a paisagem social e política da Alemanha.

A AfD, que diz que o islamismo é incompatível com a Constituição alemã, entrou no Parlamento pela primeira vez na eleição ano passado, garantindo o terceiro lugar depois de roubar eleitores tanto dos conservadores de Merkel quanto do SPD.

Saltar a secção Mais sobre este tema