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PolíticaAlemanha

Alemanha: Aumenta quantidade de fake news

Lusa
19 de setembro de 2021

A uma semana das eleições legislativas na Alemanha, e com milhares de eleitores a votarem por correio, as notícias falsas ganham impacto na campanha. Candidata dos Verdes, Annalena Baerbock, é a mais afetada.

Bundestagswahl  2021 Wahlplakate in Frankfurt am Mai
Cartazes dos três partidos políticos até aqui mais bem colocados nas sondagens eleitorais alemãs (da esq. para a dir.: Olaf Scholz, Partido Social-Democrata SPD; Armin Laschet, União Democrata-Cristã - CDU; e Annalena Baerbock, Verdes). Foto: Arne Dedert/dpa/picture alliance

De acordo com a organização não-governamental (ONG) Avaaz, entre os principais candidatos a chanceler na Alemanha, Annalena Baerbock, que concorre pelos Verdes, reúne 71% das narrativas de desinformação e o candidato da União Democrata-Cristã, Armin Laschet, 29%.

Já Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), e que é o candidato mais bem colocado nas sondagens, parece escapar aos ataques. 

"Há um grande desequilíbrio", salientou o diretor da Avaaz Christoph Schott, comentando a análise de dezenas de incidentes identificados ou reportados pela ONG.

Annalena Baerbock concorre pelos Verdes.Foto: Michele Tantussi/REUTERS

"É difícil perceber os motivos"

"É difícil perceber os motivos. Neste caso, Annalena Baerbock é uma mulher, é nova, quer uma mudança, talvez mais do que os outros candidatos. E, talvez por isso, enfrente uma maior resistência e haja interesse em espalhar informação falsa para que ela seja vista de uma outra forma", revelou o diretor de campanha da Avaaz. 

Um estudo realizado pela plataforma de investigação YouGov, encomendado pela Avaaz, adianta que metade dos eleitores alemães já se deparou, pelo menos uma vez, com uma informação falsa relativa à candidata dos Verdes. 

"Vemos que na Alemanha a desinformação tem ganho mais e mais espaço. Vemos especialmente desinformação em relação aos candidatos a chanceler, começando no Facebook, passando por outras plataformas. Chega mesmo às televisões. Muitas vezes é questionada ou rebatida, mas, até isso acontecer, muitas pessoas ficam com falsa informação", constatou Christoph Schott. 

Para a ONG, a solução passa pela imposição de regulamentação europeia, que obrigue à transparência e ao assumir de responsabilidades, muitas vezes por discursos de ódio que circulam nas redes sociais.

Foto de arquivo.Foto: picture alliance/dpa/S. Stache

Plataformas sem regulamentação

"As plataformas de social media, na Alemanha, não têm praticamente regulamentação, por isso é muito difícil perceber exatamente a quantidade e o alcance da desinformação. E muitas definem as suas próprias regras, o que torna complicado saber a quantas pessoas chega determinada desinformação", lamentou. 

Numa altura em que milhares de alemães votam por correio - é expectável que mais de metade dos eleitores opte por esta forma - as notícias falsas já deixaram marca. 

"Acho que as informações falsas já tiveram consequências. Nos últimos meses, muitas conversas à volta dos candidatos têm sido sobre coisas muito específicas e pessoais. Agora, pouco a pouco, estão a centrar-se nas questões realmente importantes como as mudanças climáticas, digitalização, pandemia. Penso que agora os meios de comunicação se estão a focar nisso", apontou o diretor da Avaaz. 

Especialistas acreditam que, mesmo depois das notícias falsas serem rebatidas e denunciadas, permanecem dúvidas.  

Pouco depois de apresentar a sua candidatura, Annalena Baerbock foi acusada, em publicações online, de querer proibir as crianças de terem animais de estimação em casa. 

Os Verdes rapidamente denunciaram a informação como falsa, mas, meses depois, continuam a ser questionados sobre a sua veracidade. 

Schott recomenda que antes de partilhar qualquer publicação, se olhe para ela, duas, três ou mais vezes. 

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