Alemanha rejeita participar em ação militar na Síria
Lusa | EFE
12 de abril de 2018
Alemanha "não participará" numa eventual intervenção militar contra a Síria em represália pelo uso de armas químicas por parte do regime, declarou Angela Merkel. Presidente francês diz ter provas de que Assad as usou.
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Numa conferência de imprensa em Berlim, ao lado do primeiro-ministro dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, Angela Merkel ressalvou, porém, que para Berlim "o uso de armas químicas é inaceitável".
"A Alemanha não fará parte de uma possível ação militar - e quero clarificar novamente que não há decisões tomadas [sobre um eventual ataque] - mas vemos, e apoiamos, que tudo está a ser feito para mandar um sinal de que este uso de armas químicas é inaceitável", disse a chanceler alemã.
O Presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou esta quinta-feira (12.04) que dispõe de provas de que foram usadas armas químicas no ataque ao enclave opositor de Duma e que foram usadas pelo regime de Bashar al-Assad, reiterando sua intenção de atacar o país.
"Temos provas de que foram utilizadas armas químicas e que foi o regime quem as utilizou", afirmou Macron à emissora TF1.
Macron: "Tomaremos decisões no momento oportuno"Foto: Reuters/F. Lenoir
O Presidente francês disse que a intervenção deve estar destinada a impedir que Damasco volte a fazer uso dessas armas químicas, embora não tenha dado mais detalhes sobre a mesma.
Em contacto diário com seu homólogo norte-americano, Donald Trump, Macron garantiu que a intervenção na Síria estava destinada a lutar contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), mas que esse país "abriga várias guerras dentro da guerra" nas quais "nem tudo está permitido".
A intervenção deve contribuir também para "preparar a Síria de amanhã" que tem de ser dirigida por um Governo "que inclua a todas as minorias", disse.
Assad fala "em mentiras"
O Presidente Bashar al-Assad disse que as ameaças ocidentais de ataques à Síria se baseiam "em mentiras" e visam desvalorizar os ganhos recentes das suas forças nos arredores de Damasco.
Os Estados Unidos e aliados ameaçaram atacar a Síria em resposta ao alegado ataque com armas químicas de 7 de abril contra Douma, no último grande bastião rebelde de Ghouta Oriental, agora sob controlo das forças sírias e russas.
A oposição síria e vários países acusam o regime de Bashar al-Assad da autoria do ataque, mas Damasco e Moscovo negam.
Para Assad, os ocidentais estão a reagir desta forma porque "perderam a aposta" que fizeram na oposição ao regime.
Chefes de Governo da Alemanha: de Adenauer a Merkel
Desde 1949, a Alemanha teve oito chanceleres: sete homens e uma mulher. A chanceler atual, Angela Merkel, conseguiu um quarto mandato nas eleições legislativas de setembro de 2017.
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Konrad Adenauer (CDU), 1949-1963
A eleição de Konrad Adenauer do partido democrata-cristão CDU como primeiro chefe de Governo da Alemanha, em 15 de setembro de 1949, marcou o início de um longo processo de reestruturação política no país. Reeleito em 1953, 1957 e 1961, renunciou ao cargo apenas aos 87 anos de idade, em 1963. Fortaleceu a aliança com os Estados Unidos da América. Na foto: no seu escritório em Bona.
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Ludwig Erhard (CDU), 1963-1966
O segundo chanceler da Alemanha também pertenceu à CDU, mas esteve apenas três anos no Governo. Erhard renunciou devido ao rompimento da coligação com o partido liberal FDP. Mesmo assim, participou de forma ativa da reforma monetária alemã do pós-guerra. O fumador convicto ficou famoso como "pai" da economia social de mercado ("Soziale Marktwirtschaft") e do milagre económico alemão.
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Kurt Georg Kiesinger (CDU), 1966-1969
Foi eleito por uma grande coligação dos dois partidos CDU e SPD (de esquerda). O seu Governo teve que combater uma crise económica. Kiesinger foi duramente criticado pelo seu passado como membro ativo do partido nacional-socialista NSDAP durante a ditadura fascista na Alemanha. Com a ausência de uma oposição forte no Parlamento, formou-se em 1968 um movimento de protesto estudantil na Alemanha.
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Willy Brandt (SPD), 1969-1974
A onda de protestos teve reflexos nas eleições: Willy Brandt tornou-se no primeiro chanceler social-democrata no pós-guerra. Melhorou as relações com os países comunistas do leste. Durante uma visita à Polónia, ajoelhou-se no monumento pelas vítimas do nazismo no Gueto de Varsóvia. Gesto que ficou famoso como pedido de desculpas. Renunciou ao cargo em consequência de um caso de espionagem.
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Helmut Schmidt (SPD), 1974-1982
Após a renúncia de Brandt, Helmut Schmidt prestou juramento como chanceler. O social-democrata teve de combater o terrorismo do grupo extremista de esquerda RAF. Negou negociar com os terroristas alemães. Enfrentou a oposição por causa do estacionamento de mísseis nucleares dos EUA na Alemanha. Depois da saída do Governo do parceiro FDP (liberais), perdeu um voto de confiança no Parlamento.
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Helmut Kohl (CDU), 1982-1998
Helmut Kohl formou uma nova coligação centro-direita com os liberais. Ficou 16 anos no poder, um recorde. Ficou famoso pela sua teimosia e por não gostar de reformas. Depois da queda do Muro de Berlim, Kohl consegui reunificar as duas Alemanhas, a RFA ocidental e a RDA oriental. Ficou conhecido como "chanceler da reunificação". T ambém é lembrado pelo seu empenho na construção da União Europeia.
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Gerhard Schröder (SPD), 1998-2005
Depois de quatro mandatos de Kohl, o desejo de mudança aumentou. Gerhard Schröder foi eleito primeiro chanceler de uma coligação de esquerda entre o SPD e os Verdes. Durante o seu Governo, o exército alemão, Bundeswehr, teve as primeiras missões no estrangeiro com a participação na guerra no Afeganistão. Reduziu os subsídios sociais, medida que foi criticada dentro do seu partido social-democrata.
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Angela Merkel (CDU), desde 2005
Em 2005, Merkel é eleita como primeira mulher na chefia do Governo alemão. Durante o primeiro e terceiro mandato, governou numa grande coligação com o SPD, no segundo mandato numa coligação de centro-direita com os liberais do FDP. Merkel é conhecida pelo estilo pragmático de liderança. Durante a crise financeira, assumiu um papel de liderança na UE. Em 2017, conseguiu o seu quarto mandato.