Alemanha: SPD decide este domingo se avança para coligação
Reuters | DPA | AP | AFP | mjp
21 de janeiro de 2018
Após quatro meses de impasse pós-eleitoral, os sociais-democratas alemães vão decidir se aceitam o princípio de uma nova aliança com a chanceler Angela Merkel.
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Cerca de 600 delegados de várias organizações estatais do Partido Social-Democrata Alemão (SPD) estão reunidos este domingo na cidade de Bona, na Alemanha, para decidir se o partido deve ou não dar início a negociações formais com a União Democrata Cristã (CDU) de Angela Merkel e a sua irmã bávara, a União Social Cristã (CSU).
Se o congresso do SPD decidir a favor de entrar em conversações com os conservadores de Merkel e as negociações forem bem sucedidas, isto significa que a Alemanha poderá ter um Governo em funções até à Páscoa, pondo fim àquele que tem sido o seu mais longo período sem um Executivo. Um voto contra poderá resultar num Governo minoritário liderado pela CDU/CSU ou, eventualmente, em novas eleições.
Unidos independentemente do resultado
Num discurso inflamado, particularmente sobre a Europa, o líder do partido e antigo presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, defendeu o projecto de coligação, garantindo que obteve concessões "históricas” nas conversações preliminares que marcarão o fim da política de "austeridade” na Europa levada a cabo por Merkel e o "fantasma do neoliberalismo”.
Schulz pediu ao SPD que continue unido, independentemente do resultado do congresso deste domingo. Mas lançou o alerta: novas eleições podem dar força à extrema-direita. Num apelo aos delegados para que votem a favor das negociações com a CDU/CSU, o líder do SPD disse que seria "negligente” não aproveitar a oportunidade para alcançar mais justiça social na Alemanha e a reestruturação da Europa. "Com todo o respeito pelas dúvidas que muitos de vocês possam ter, peço-vos que tenham confiança”, disse Schulz.
Nos últimos dias, também Angela Merkel usou a União Europeia para tentar convencer os sociais-democratas hesitantes.
Ala jovem opõe-se
No seio do SPD, muitos membros opõe-se a uma "grande coligação” renovada sob a liderança de Angela Merkel, temendo que o partido de centro-esquerda, já enfraquecido nas sondagens, possa perder ainda mais força com esta decisão.
O líder dos "Jovens Socialistas” do SPD, Kevin Kühnert, deu voz à oposição às negociações, afirmando que o partido já cedeu muito nas conversações preliminares com a CDU/CSU na semana passada. No seu discurso, Kühnert disse que o SPD deveria arriscar passar para a oposição, para voltar a ganhar força. "Para já, isso significa ser um anão por um tempo, para que no futuro, talvez, possamos ser um gigante novamente”, afirmou, referindo-se às palavras do político da CSU Alexander Dobrindt que acusou a juventude do SPD de levar a cabo "uma rebelião de anões”.
A CDU e o SPD governaram em coligação nos últimos quatro anos, mas, nas eleições legislativas de 24 de setembro, Schulz e a líder parlamentar social-democrata, Andrea Nahles, recusaram uma coligação com a CDU e optaram por ser oposição.
No entanto, depois de fracassarem as negociações da CDU com o Partido Liberal (FDP) e os Verdes, o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, também social-democrata, apelou à responsabilidade política de todos os partidos e, depois de se reunir com o chefe de Estado, Schulz consultou a direção do SPD e mudou de posição.
Andrea Nahles e o antigo líder do partido Sigmar Gabriel, atual ministro dos Negócios Estrangeiros, têm estado a tentar garantir o apoio ao documento de 28 páginas saído das conversações preliminares. À agência Reuters, a líder parlamentar do SPD mostrou-se "cautelosamente otimista” na aprovação das negociações formais.
Chefes de Governo da Alemanha: de Adenauer a Merkel
Desde 1949, a Alemanha teve oito chanceleres: sete homens e uma mulher. A chanceler atual, Angela Merkel, conseguiu um quarto mandato nas eleições legislativas de setembro de 2017.
Foto: picture-alliance-dpa/O. Dietze
Konrad Adenauer (CDU), 1949-1963
A eleição de Konrad Adenauer do partido democrata-cristão CDU como primeiro chefe de Governo da Alemanha, em 15 de setembro de 1949, marcou o início de um longo processo de reestruturação política no país. Reeleito em 1953, 1957 e 1961, renunciou ao cargo apenas aos 87 anos de idade, em 1963. Fortaleceu a aliança com os Estados Unidos da América. Na foto: no seu escritório em Bona.
Foto: picture-alliance/akg-images
Ludwig Erhard (CDU), 1963-1966
O segundo chanceler da Alemanha também pertenceu à CDU, mas esteve apenas três anos no Governo. Erhard renunciou devido ao rompimento da coligação com o partido liberal FDP. Mesmo assim, participou de forma ativa da reforma monetária alemã do pós-guerra. O fumador convicto ficou famoso como "pai" da economia social de mercado ("Soziale Marktwirtschaft") e do milagre económico alemão.
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Kurt Georg Kiesinger (CDU), 1966-1969
Foi eleito por uma grande coligação dos dois partidos CDU e SPD (de esquerda). O seu Governo teve que combater uma crise económica. Kiesinger foi duramente criticado pelo seu passado como membro ativo do partido nacional-socialista NSDAP durante a ditadura fascista na Alemanha. Com a ausência de uma oposição forte no Parlamento, formou-se em 1968 um movimento de protesto estudantil na Alemanha.
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Willy Brandt (SPD), 1969-1974
A onda de protestos teve reflexos nas eleições: Willy Brandt tornou-se no primeiro chanceler social-democrata no pós-guerra. Melhorou as relações com os países comunistas do leste. Durante uma visita à Polónia, ajoelhou-se no monumento pelas vítimas do nazismo no Gueto de Varsóvia. Gesto que ficou famoso como pedido de desculpas. Renunciou ao cargo em consequência de um caso de espionagem.
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Helmut Schmidt (SPD), 1974-1982
Após a renúncia de Brandt, Helmut Schmidt prestou juramento como chanceler. O social-democrata teve de combater o terrorismo do grupo extremista de esquerda RAF. Negou negociar com os terroristas alemães. Enfrentou a oposição por causa do estacionamento de mísseis nucleares dos EUA na Alemanha. Depois da saída do Governo do parceiro FDP (liberais), perdeu um voto de confiança no Parlamento.
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Helmut Kohl (CDU), 1982-1998
Helmut Kohl formou uma nova coligação centro-direita com os liberais. Ficou 16 anos no poder, um recorde. Ficou famoso pela sua teimosia e por não gostar de reformas. Depois da queda do Muro de Berlim, Kohl consegui reunificar as duas Alemanhas, a RFA ocidental e a RDA oriental. Ficou conhecido como "chanceler da reunificação". T ambém é lembrado pelo seu empenho na construção da União Europeia.
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Gerhard Schröder (SPD), 1998-2005
Depois de quatro mandatos de Kohl, o desejo de mudança aumentou. Gerhard Schröder foi eleito primeiro chanceler de uma coligação de esquerda entre o SPD e os Verdes. Durante o seu Governo, o exército alemão, Bundeswehr, teve as primeiras missões no estrangeiro com a participação na guerra no Afeganistão. Reduziu os subsídios sociais, medida que foi criticada dentro do seu partido social-democrata.
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Angela Merkel (CDU), desde 2005
Em 2005, Merkel é eleita como primeira mulher na chefia do Governo alemão. Durante o primeiro e terceiro mandato, governou numa grande coligação com o SPD, no segundo mandato numa coligação de centro-direita com os liberais do FDP. Merkel é conhecida pelo estilo pragmático de liderança. Durante a crise financeira, assumiu um papel de liderança na UE. Em 2017, conseguiu o seu quarto mandato.