Alemanha suspende exportações de armas para Turquia
Reuters | DPA | Lusa | AP | tms
12 de setembro de 2017
Ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Sigmar Gabriel, anunciou a suspensão da maior parte das exportações de armas face ao agravamento da situação dos direitos humanos na Turquia.
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A pressão da Alemanha sob Ancara aumenta após a detenção de vários cidadãos alemães na Turquia. Segundo o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Sigmar Gabriel, a maior parte das exportações de armas da Alemanha para a Turquia foi suspensa devido ao agravamento da situação dos direitos humanos no país.
"Suspendemos os maiores pedidos feitos pela Turquia – e não são poucos", afirmou Gabriel na segunda-feira à noite. De acordo com o ministro, há, porém, alguns requerimentos que terão de ser despachados por razões contratuais. Pedidos de exportação de veículos também serão enviados.
Alemanha suspende exportações de armas para Turquia
Segundo a agência de notícias alemã DPA, desde o início do ano, o Governo alemão já autorizou a exportação de mais de 25 milhões de euros em armamento para a Turquia.
Detenções arbitrárias
O anúncio do governante surge pouco depois de o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha divulgar que mais dois cidadãos alemães terão sido detidos na Turquia, no domingo, por motivos políticos.
As detenções ocorrem no âmbito de uma "purga" lançada pelo Governo de Ancara após uma tentativa de golpe de Estado, no ano passado. O jornalista germano-turco Deniz Yücel está preso desde o início do ano, acusado de terrorismo. Outros 12 cidadãos alemães também estão detidos por razões políticas, segundo Berlim.
Merkel e Schulz contra adesão da Turquia à UE
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Alertas cruzados
Na semana passada, Berlim emitiu um alerta, em que afirma que todos os cidadãos da Alemanha que viajam para a Turquia estão sujeitos a prisões arbitrárias, mesmo em zonas turísticas. Em resposta, Ancara chamou a atenção da comunidade turca na Alemanha para o perigo de possíveis ataques racistas durante a campanha eleitoral alemã.
A chanceler Angela Merkel sublinha, no entanto, que os cidadãos turcos na Alemanha não estão em perigo. Na segunda-feira, Merkel voltou a defender o fim das negociações de adesão da Turquia à União Europeia.
"Mudámos as nossas políticas em relação à Turquia. Não vamos negociar um alargamento da união aduaneira e, em outubro, o Conselho Europeu irá discutir se deve suspender as negociações de adesão da Turquia", afirmou. "Somos criticados muitas vezes pela comunidade turca, mas é preciso deixar claro que temos outros pontos de vista."
Raízes africanas na Turquia
São descendentes de africanos trazidos pelo Império Otomano como escravos e trabalhadores domésticos. Estima-se que sejam mais de 100 mil. Identificam-se como Afro-Turcos e vivem principalmente no oeste da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Raízes turcas
Esat Sezar, à esquerda, está sentado com o amigo na sua aldeia perto de Izmir. Esat, que trabalhou na Turquia na indústria hoteleira, considera-se turco. Ele desenha a sua árvore genealógica, recuando à aldeia onde nasceu. A aldeia de Köyü é uma mistura de afro-turcos e não afro-turcos, onde a sua mãe, de 106 anos de idade, diz lembrar-se da declaração da República da Turquia em 1923.
Foto: Bradley Secker
Parte da comunidade
Sabriye Sınaiç e a sua família são agricultores e trabalhadores na sua aldeia e áreas circunvizinhas. Ela não sabe nada sobre a sua ancestralidade, mas acredita que vieram para a Turquia via Damasco, na Síria. Até à criação da Associação Afro-Turca disse que não sabia que existiam outros como ela. Só depois percebeu que havia muitos espalhados à sua volta.
Foto: Bradley Secker
Ambiente de trabalho
Şakir (no meio) passa o tempo com os seus ex-colegas de trabalho da fábrica perto de Izmir. Agora Şakir é o responsável da Associação Afro-Turca depois da morte do seu fundador, Mustafa Olpak em 2016.
Foto: Bradley Secker
Sacola de misturas
Şükriye İletmış, de 70 anos de idade, está no seu jardim na aldeia de Hasköy, perto de Izmir, na Turquia. Şükriye identifica-se como uma afro-turca e viveu toda a sua vida em Hasköy.
Foto: Bradley Secker
Vida familiar
Şakir tem uma fotografia da família na sua aldeia. Şakir está na foto, veste uma camisa azul, atrás do lado direito. Criada há uma década, a Associação Afro-Turca está sediada em Izmir. A associação tem por objetivo destacar a comunidade e os problemas que ela enfrenta. Ela serve também como centro cultural para a comunidade que está dispersa, principalmente na costa ocidental da Turquia.
Foto: Bradley Secker
Recuperando tradições
Uma Godya fala com as pessoas e tenta prever o seu futuro durante o festival anual Afro-Turco de Dana Bayram (Festival dos Bezerros). Tradicionalmente, as Godyas eram mulheres que chefiavam as comunidades Afro-Turcas no Império Otomano e eram muito respeitadas e poderosas. Elas já não existem, mas, para o festival, uma mulher local é escolhida para fazer este papel em nome da tradição.
Foto: Bradley Secker
Origem misturada
O filho de Şakir, de 32 anos de idade (dir.), o neto Yağız Efe e a sua nora Aysel na casa da família Şakir num suburbio de Izmir. Casamentos mistos são muito comuns entre a comunidade Afro-Turca, o que torna difícil estimar números exatos da população afro-turca.
Foto: Bradley Secker
Ajudando os outros
Gülşen Ergüven, de 35 anos de idade (de vermelho no centro), trabalha numa cantina na escola da sua aldeia em Yeniçiftlik. Gülşen tem dois filhos na escola e trabalha em tempo parcial e também ajuda a mãe com tarefas domésticas.
Foto: Bradley Secker
Novamente em casa
Fehmi Yavaşer, de 85 anos de idade, na sua aldeia natal de Belevi, na parte oriental da Turquia. Fehmi viveu na Alemanha como trabalhador convidado por 18 anos antes de ser deportado. Ele era pugilista quando regressou à Turquia e não tinha ideia sobre as suas heranças para além da sua aldeia.