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Alterações Climáticas: Ação coletiva ou o suicídio coletivo?

Lusa | rl
5 de novembro de 2022

O alerta é do secretário-geral da ONU e surge na véspera do arranque da COP27, que se realiza no Egito. Para António Guterres, é urgente que os países ricos cumpram o tão prometido mecanismo de compensação de danos.

Ägypten l COP27 Konferenzbereich im ägyptischen Ferienort Sharm el-Sheikh
Foto: Sayed Sheasha/REUTERS

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou, este sábado (04.11), para a necessidade urgente de um acordo climático entre os países ricos e os que estão em desenvolvimento, caso contrário a população mundial estará "condenada".

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, publicada na véspera da conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP27), que arranca, este domingo (06.11), em Sharm el-Sheikh, no Egito, António Guterres lembrou o compromisso não cumprido, assumido há 10 anos pelos países desenvolvidos, de dar às nações mais pobres do mundo um total de 100.000 milhões de euros, até 2020, no âmbito da ajuda à proteção climática.

"Não há como evitar uma catástrofe se ambos não chegarem a um acordo neste sentido", declarou o secretário-geral da ONU. "Neste momento, estamos todos condenados", alertou.

António Guterres afirmou que o mundo está a aproximar-se de uma crise climática "irreversível" e de "danos dos quais não será capaz de recuperar". 

O responsável vincou que "metade da humanidade está na zona de perigo de enchentes, secas, tempestades extremas e incêndios florestais".

"Nenhuma nação está imune. No entanto, continuamos a alimentar o nosso vício em combustíveis fósseis. Perante isto, temos uma de duas opções: ou a ação coletiva, ou o suicídio coletivo", afirmou.

Compensação de danos

Também em declarações na véspera do evento, Daniel Willis, gestor de campanhas e política da organização não-governamental Justiça Global Agora [Global Justice Now], chama a atenção para esta promessa, sucessivamente adiada. 

Decisores políticos, especialistas, académicos e ONG reúnem-se entre 6 e 18 de novembro em Sharm el-SheikhFoto: Sayed Sheasha/REUTERS

O compromisso de os países mais desenvolvidos contribuírem com estes 100.000 milhões de dólares por ano para ajudar os países em desenvolvimento na transição para energias renováveis e na adaptação aos impactos das alterações climáticas foi de novo falhado na COP26. O presidente da conferência, Alok Sharma, admitiu, o ano passado, que só seria alcançado o mais tardar em 2023. 

"Uma esperança é que na COP27 os países possam anunciar que finalmente atingimos os 100.000 milhões de dólares por ano, mas temos quase a certeza de que não o fizeram. Tudo indica que o financiamento climático está estagnado em cerca de 90.000 milhões de dólares por ano", afirmou Willis. 

Moçambique entre as nações mais afetadas

Como consequência, acrescentou, países como o Paquistão ou Moçambique, onde se têm registado grandes inundações nos últimos anos, continuam sem compensação por perdas e danos devido às alterações climáticas. 

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"A Presidência egípcia deixou muito claro que o financiamento de perdas e danos tem de estar no topo da agenda este ano e muitos ativistas e grupos no Sul Global estão a dizer que, se não houver uma espécie de acordo sobre o mecanismo financeiro para perdas e danos este ano, então isso significa que as negociações terão essencialmente fracassado", vincou. 

Segundo Tom Evans, assessor político do centro de estudos E3G, por se realizar no Egito, "a COP27 é uma das melhores oportunidades até agora para alcançar um acordo inovador sobre financiamento de perdas e danos".

"A perspetiva africana nas negociações, dando prioridade a questões de justiça climática, equidade e necessidade de financiamento para desbloquear transições energéticas justas, ajudará certamente a proporcionar uma pressão construtiva para desbloquear resultados importantes", vincou.

Decisores políticos, especialistas, académicos e organizações não-governamentais reúnem-se entre 06 e 18 de novembro em Sharm el-Sheikh, no Egito na COP27, para tentar travar o aquecimento do planeta.

A COP27, que marca o 30.º aniversário da adoção da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla original) mantém os mesmos objetivos de outras cimeiras desde 2015, quando foi assinado o Acordo de Paris, para limitar o aquecimento global a 2ºC (graus celsius), e se possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.

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