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Angola: Deficientes sem escola própria em Malanje

Nelson Camuto (Malanje)
4 de outubro de 2021

Pais e alunos com necessidades educativas especiais em Malanje pedem a criação de uma escola adaptada aos estudantes com deficiência. Setor do ensino tem falta de máquinas de escrever, papel braile e outros itens.

Angola Malanje Braille-Schreibmaschine
Foto: Nelson Camuto/DW

Manuel João, de 57 anos, é pai de um jovem de 21 anos que é deficiente auditivo e que frequenta o sétimo ano do Ensino Geral em Malanje. O taxista acredita que o filho já poderia estar a frequentar o Ensino Superior se não existissem tantos entraves na Educação em Angola.  

"Não há escola para este grupo de pessoas. Tem de haver mais escolas para os deficientes físicos. Têm que existir faculdades para que eles continuem os seus estudos para futuramente serem alguém na sociedade", considera Manuel João. 

Apesar de não se conhecerem dados públicos sobre o número de crianças e jovens fora do sistema de ensino por serem portadores de deficiência, muitos cidadãos acabam isolados e sem oportunidades por causa da sua condição.

Manuel João (à esquerda) é pai de um jovem de 21 anos que é deficiente auditivoFoto: Nelson Camuto/DW

Discriminação dos colegas

Em declarações à DW África, Rodrigue Ngoma salienta que o seu irmão foi alvo de discriminação por parte dos colegas da escola nas chamadas salas inclusivas – destinadas a alunos com e sem deficiência.

"Não somos nós que estamos a negar as escolas que temos em Malanje, são as escolas que não aceitam", lamenta. "É difícil pô-lo numa escola como a que tem aqui em Malanje", acrescenta.

Hemenegildo Malundo, técnico do Departamento de Educação e Ensino Especial em Malanje, acredita na evolução do ensino das crianças e jovens com deficiência com a ampliação do número de escolas inclusivas.

Neste ano letivo, existem 1.840 alunos com necessidades educativas especiais matriculados na província, mas as dificuldades que o setor enfrenta são muitas e atingem vários níveis.

"Temos carência de máquinas braile e de papel porque [existe] um papel especificamente para o uso numa máquina de braile. Temos carência de dicionários de língua gestual angolana e temos carência de algumas figuras ilustrativas visto que o nosso dicionário de língua gestual angolana não está totalmente acabado", recorda.

Hermenegildo Malundo, técnico do Departamento de Educação e Ensino Especial em MalanjeFoto: Nelson Camuto/DW

Falta de condições nas escolas

Nem todos são da opinião que as escolas inclusivas são uma solução para os alunos com deficiência. O jurista Israel da Silva diz que já é altura de Malanje ter uma escola do ensino especial.

"A lei diz que, para as instituições escolares, deveria haver condições para pessoas que andam de cadeira de rodas ou que se movem em canadianas. Têm que existir rampas próprias", adverte.

"Mas nas escolas em Malanje, se se circular por toda a província, não há condições criadas para essas pessoas com deficiência ou mobilidade condicionada", conclui.

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