Ambassador Aviation aumenta concorrência aérea em Moçambique
6 de dezembro de 2016
Companhia aérea moçambicana inaugura (05.12) avião com a capacidade de 15 lugares em voos que deverão operar entre Maputo e Nampula.
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O transporte aéreo de pessoas e bens poderá ser mais fácil e competitivo em Moçambique, principalmente na região norte do país. Para o efeito, foi inaugurado na última segunda-feira (05.12) o primeiro dos dois aviões que a empresa dispõe, com a referência C9-MAF, cuja capacidade é de 15 lugares, pertence à Ambassador Aviation.
Com origem moçambicana, a companhia aérea criada em 1999 no país iniciou as suas atividades na província de Nampula em Março de 2015 com foco nos locais turísticos. Numa primeira fase, a companhia vai operar nos voos das províncias de Nampula, Cabo Delgado e Niassa podendo até chegar a zonas de difícil acesso terrestre e em pistas curtas.
Entusiasmo
Os cidadãos residentes em Nampula mostram-se entusiasmados, pois acreditam que a companhia aérea aumentará a concorrência e trará melhorias nos serviços aéreos, que até agora eram monopólio da empresa pública Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
Ortigo Marcos é um dos cidadãos otimistas com a nova companhia aérea. Ele deseja que a empresa não busque apenas lucro, mas que também preste melhores serviços à população. "Com esta companhia teremos a oportunidade de chegar aos locais onde a LAM não chega’’, disse.
Elisa Rodrigues, uma outra cidadã ouvida pela DW África, mostra-se satisfeita e acredita que a companhia “flexibilizará as viagens”, além de chegar aos lugares mais recônditos e comunidades. Contudo, ela diz que as empresas não devem aumentar os preços para que esses sejam sempre acessíveis aos consumidores.
Outras companhias
Além da Ambassador Aviation, já operou na região norte-centro uma outra companhia denominada Air Corridor, que não resistiu ao mercado devido a várias dificuldades financeiras. Elisa Rodrigues encoraja a nova empresa mais seriedade para sua permanência. “Estávamos habituados com a Air Corridor, que não durou. Espero que esta empresa venha para ficar’’, disse Rodrigues.
06.12.2016 Nova Companhia Aérea -Nampula - MP3-Mono
Segundo o administrador da Ambassador Aviation, Dinis Cardoso, o objetivo da companhia é servir as comunidades da província de Nampula, incluindo as empresas, as organizações governamentais e as não-governamentais, para transportar bens e pessoas para locais de difícil acesso por vias terrestres, e onde as aeronaves não têm capacidade para aterrar.
“São aviões dotados de sistemas para que possam aterrar em pistas muito curtas e com segurança’’; salienta Dinis Cardoso, que já anunciou voos bonificados para igrejas e organizações que trabalham nas comunidades recônditas.“Queremos manter esta maneira de pensar, mas sem descartar o lucro que nos fará crescer’’, acrescentou.
Já o governador da província de Nampula, Victor Borges, procedeu a inauguração e disse que a companhia poderá jogar um papel importante no crescimento e exploração do setor turístico na província e do país, além de melhorar o transporte de pessoas e bens. "O governo provincial está disposto a prestar apoio para que esta empresa vá avante”, afirmou o governador.
As riquezas minerais de Nampula
Em Moma, a província moçambicana de Nampula tem algumas das maiores reservas de areias pesadas do mundo, das quais se podem extrair minerais como a ilmenite, o zircão e o rutilo.
Foto: DW/Petra Aschoff
Cadeia de riquezas minerais
Em Moma, a província moçambicana de Nampula tem algumas das maiores reservas de areias pesadas do mundo, das quais se podem extrair minerais como a ilmenite, o zircão e o rutilo. As areias pesadas da região são parte de uma cadeia de dunas que se estendem desde o Quénia até Richards Bay, na África do Sul. Em Moma, exploram-se os bancos de areia de Namalote e as dunas de Topuito.
Foto: Petra Aschoff
Areias para diferentes indústrias
Unidade de lavagem de areias pesadas da mineradora irlandesa Kenmare, um dos chamados "megaprojetos" estrangeiros em Moçambique. A ilmenite, o zircão e o rutilo, extraídos das areias, são usados, respetivamente, na indústria de pigmentos, cerâmica e na produção de titânio. O rutilo, um óxido de titânio, é fundamental para a produção do titânio usado para a construção de aviões.
Foto: Petra Aschoff
Lucro após prejuízo
Os produtos são transportados através de um tapete rolante até um pontão no Oceano Índico. Segundo media moçambicanos, a extração de areias pesadas na mina de Topuito, em Moma, resultou num lucro de 39 milhões de dólares no primeiro semestre de 2012. No mesmo período de 2011, a empresa registou prejuízo de 14 milhões por causa da baixa dos preços devido à crise económica mundial.
Foto: Petra Aschoff
Problemas trabalhistas?
O semanário moçambicano Savana repercutiu, em outubro de 2011, a decisão do ministério do Trabalho de suspender 51 trabalhadores estrangeiros em situação ilegal na Kenmare. Segundo o Savana, na mesma altura, a Inspeção Geral do Trabalho descobriu que 120 trabalhadores indianos estavam para ser recrutados pela Kenmare. O recrutamento foi cancelado.
Foto: Petra Aschoff
Mudança de aldeia
Para poder explorar as areias pesadas em Nampula, entre 2007 e 2010 a mineradora irlandesa Kenmare transferiu as moradias de centenas de pessoas na localidade de Moma, no norte do país. A empresa prometeu acesso à água, casas melhores e postos de saúde. Na foto, nova escola primária para a população local.
Foto: Petra Aschoff
Acesso à água
Em 2011, o novo bairro de Mutittikoma, em Moma, ainda não tinha um poço d'água. Esta é transportada até o vilarejo com um camião cisterna. O acesso à água também é garantido com uma tubulação que a Kenmare instalou ali. Porém, como a mangueira só deixa correr um fio d'água, as mulheres que vêm buscá-la esperam no sol durante horas a fio para encher baldes e recipientes.
Foto: Petra Aschoff
Responsabilidade social
Uma casa construída pela Kenmare para a população desalojada por causa da exploração das areias pesadas em Moma. No início de setembro, Luísa Diogo, antiga primeira-ministra de Moçambique, disse que o país deve estar "muito atento" para que os grandes projetos de recursos naturais – como carvão e gás – beneficiem as populações. Ela também defende renegociação de contratos multinacionais.
Foto: Petra Aschoff
Em busca do brilho
Para além das areias pesadas, o solo da parte sul da província moçambicana de Nampula oferece mais riquezas. Na foto: garimpeiros à procura da pedra preciosa turmalina em Mogovolas. Os garimpeiros recebem cerca de um euro por dia para cavar buracos com vários metros de profundidade. As pedras são vendidas a um comerciante intermediário.
Foto: Petra Aschoff
Verde raro
As pedras de turmalina costumam ter várias cores. Uma das mais conhecidas é a verde. Mas existe outro verde precioso que se torna cada vez mais raro em Mogovolas: o da vegetação. Os buracos cavados pelos garimpeiros podem não ter pedras, mas permanecem após a escavação e sofrem erosão. As plantas não são plantadas novamente, apesar de a recomposição da vegetação ser prevista pela lei.