1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Analistas questionam posicionamento do Constitucional

Conceição Matende
12 de dezembro de 2024

Conselho Constitucional (CC) parece estar a oficializar narrativas para validar as eleições em Moçambique, diz André Mulungo. Mas Dércio Alfazema considera que CC abriu um espaço para clarificar as dúvidas.

Moçambique - Conselho Constitucional
Conselho Constitucinal na mira de analistasFoto: Romeu da Silva/DW

O Conselho Constitucional (CC) está no centro das atenções, após um encontro significativo realizado na tarde desta quarta-feira (11.12) com o presidente do Partido Otimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Albino Forquilha. O analista político André Mulungo afirma que o encontro não passa de um entretenimento, porque não se percebe o alcance prático do mesmo.

Segundo André Mulungo, o Conselho Constitucional parece estar a oficializar as narrativas que os comentadores do regime têm promovido para validar as eleições em Moçambique. Mulungo afirma que, com isso, o CC está a transformar mentiras em verdades.

"O objetivo era ver se conseguiam validar toda a narrativa que ia sendo vendida”, frisa o analista político, lembrando que "eles pediram editais a uma organização da sociedade civil e depois daquilo houve ataques ao Conselho Mais Integridade por via de pessoas ligadas ao partido FRELIMO e mesmo próximas ao Presidente Nyusi, procurando vender a ideia que não houve fraude, que tudo foi uma invenção da sociedade civil e que o PODEMOS também não tem editais.”

De acordo com André Mulungo, "tudo indica que o Conselho Constitucional vai validar os resultados”. E insiste: "basta ver o tom de arrogância da presidente do Conselho Constitucional”, Lúcia Ribeiro, dando a entender ainda "que os resultados eleitorais vão ser validados”. Ele acredita que "haverá aumento da intensidade das manifestações e será um caos mais profundo”. Mulungo admite que "estão reunidos todos ingredientes para Moçambique mergulhar numa guerra civil.”

Existe o receio de intensificação das manifestações e de aumento do caos em Moçambique Foto: ALFREDO ZUNIGA/AFP

Perspetiva diferente

Por outro lado, o analista político Dércio Alfazema oferece uma perspetiva diferente. Para Alfazema, o encontro do Conselho Constitucional com o PODEMOS abriu um espaço crucial para esclarecer dúvidas e questionamentos sobre os recursos submetidos.

"Este foi um encontro importante do ponto de vista de alargamento do espaço democrático, apesar de não ter grande impacto a nível jurídico”, afirma, adiantando que, politicamente o referido encontro abre espaço para o diálogo, visando "esclarecer algumas dúvidas que poderiam existir por parte do partido PODEMOS em relação ao processo em si”. Para o analista político, este foi também um espaço "para, por exemplo, clarificar as questões que têm a ver com os ditos 300 quilos [de documentos que provam a fraude] que o PODEMOS colocou e está muito na expetativa em relação a esses documentos”.

Dércio Alfazema diz, entretanto, que a presidente do Conselho Constitucional aproveitou a ocasião para esclarecer que "o processo eleitoral não se avalia em função da quantidade dos quilos, mas sim em função do conteúdo que está lá presente”.

Arranca nova fase de protestos em Moçambique

01:51

This browser does not support the video element.

A situação em Moçambique revela duas visões distintas sobre o papel do Conselho Constitucional. De um lado, existe uma crítica contundente à sua atuação, vista como uma legitimação das eleições controversas; de outro lado, um reconhecimento da importância do diálogo e da transparência.