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ANC à frente na contagem de votos na África do Sul

Madalena Sampaio | Thuso Khumalo | com agências
9 de maio de 2019

Sem surpresas, o ANC lidera a contagem de votos na África do Sul, mas a vitória deverá ser menos expressiva que em 2014, segundo as primeiras previsões. Nas ruas, os sul-africanos pedem mais empregos e menos corrupção.

Foto: Reuters/R. Ward

Numa altura em que estão contados cerca de metade dos votos das eleições gerais de quarta-feira (08.05), o Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), lidera a contagem com 57% dos votos, de acordo com os resultados anunciados esta quinta-feira (09.05) pela Comissão Eleitoral Independente.

Em segundo lugar surge a Aliança Democrática (DA), o maior partido da oposição, com cerca de 23%, e logo depois os Combatentes da Liberdade Económica (EFF), o partido radical fundado por Julius Malema, com cerca de 9%.

ANC à frente na contagem de votos na África do Sul

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Como já era previsto, os primeiros resultados desta ida às urnas dão uma clara vantagem ao ANC, que tem registado um declínio no apoio popular nos últimos tempos.

No entanto, o Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul (CSIR) acredita que a vitória será menos expressiva que em 2014, quando o ANC venceu as eleições com 62%. "Fizemos as nossas projeções e concluímos que o ANC conseguirá entre 56% a 57% a nível nacional", afirma o diretor executivo do CSIR, Fulufhelo Nelwamondo.

Este é o primeiro grande teste eleitoral para o Presidente Cyril Ramaphosa, que tem tentado redinamizar o ANC, envolvido em sucessivos escândalos de corrupção. Mas o partido no poder prefere esperar pelo fim da contagem para festejar. "Estamos bastante encorajados com os resultados. Mas ainda é cedo para qualquer discurso de vitória", decalrou o porta-voz do ANC, Pule Mabe.

Os resultados finais só deverão ser anunciados oficialmente no próximo sábado. "Contámos os votos em 44,17% de todas as assembleias de voto e os resultados já foram anunciados. Esperamos concluir a contagem dos restantes 55% dos votos durante a manhã de sexta-feira", anunciou o presidente da Comissão Eleitoral Independente, Sy Mamabolo.

Eleições são vistas como barómetro da liderança do ANC do Presidente Cyril RamaphosaFoto: DW/A. Kriesch

Detenções por alegada fraude eleitoral

A Comissão Eleitoral está a investigar uma alegada fraude eleitoral, depois de denúncias de que alguns eleitores votaram por mais do que uma vez nas eleições gerais de quarta-feira. Quatro pessoas foram detidas por dupla votação, anunciou hoje em Pretória o presidente da Comissão Eleitoral Independente.

Segundo Sy Mamobolo, o organismo eleitoral pretende avançar com uma queixa-crime contra os eleitores alegadamente envolvidos em fraude eleitoral, mas não avançou pormenores. "A Comissão não pretende manter o país em suspense mas queremos que os resultados sejam declarados com grau de credibilidade", sublinhou.

África do Sul nas urnas para eleger Parlamento

02:16

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A Aliança Democrática, o EFF e o Partido da Liberdade Inkatha (IFP) questionaram a credibilidade do processo organizado pela Comissão Eleitoral Independente. "As alegações são graves. Além de termos provas de que milhares de eleitores votaram mais de uma vez, houve falta de boletins de voto, mesas de voto que não abriram, mesas de voto que encerraram antes da hora, e má organização do processo na generalidade", disse James Selfie, da Aliança Democrática, ao canal de televisão ENCA.

O maior partido da oposição também apresentou mais de 2.000 queixas junto da Comissão Eleitoral Independente e vai pedir uma "auditoria completa" aos resultados, o que, segundo observadores, pode atrasar a contagem.

Mais empregos e recursos

Enquanto se contam os votos, nas ruas de Joanesburgo as opiniões são unânimes: o Governo deve criar mais empregos e melhorar a vida dos sul-africanos. "Espero que sejam criados empregos para as pessoas que estão desempregadas, espero que consigam algo depois das eleições", diz o jovem Tshepo Situbo.

"Vivemos na pobreza, não temos empregos. Por isso, espero que criem empregos e parem com a corrupção, que é a principal preocupação na África do Sul", pede a jovem Mpho Malamabi. Já Pranesh Priyashi espera mudanças nos serviços sociais e na distribuição de recursos em todo o país. "Acho que a África do Sul devia ser um lugar melhor."

O desinteresse dos sul-africanos pela vida política do país é cada vez maior. Nestas eleições, realizadas depois de uma década de fraco crescimento económico, aumento da corrupção e tensões raciais, a taxa de participação foi de 65,5%, bem abaixo dos 73,5% registados em 2014.