Angela Merkel convida Joe Biden para visita à Alemanha
DW (Deutsche Welle) | Lusa
26 de janeiro de 2021
Depois de relações tensas durante o mandato de Donald Trump, quebra-se o gelo. No seu primeiro telefonema com Joe Biden, a chanceler alemã convidou o Presidente dos EUA a visitar o país, "assim que a pandemia o permita".
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Durante o primeiro telefonema entre os dois líderes, a chanceler alemã disse que a cooperação internacional é vital para enfrentar desafios globais como a pandemia do coronavírus e as alterações climáticas, disse segunda-feira (25.01) o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert.
Angela Merkel também saúdou Joe Biden, que tomou posse como Presidente na semana passada, pelo regresso dos EUA à Organização Mundial de Saúde (OMS) e ao acordo climático de Paris e convidou o chefe de Estado, de 78 anos, a deslocar-se à Alemanha assim que a pandemia lhe permitiu viajar.
Merkel, que deve deixar o cargo de chanceler depois das eleições legislativas de 26 de setembro, indicou a Biden que a Alemanha está pronta "a assumir as suas responsabilidades para responder aos desafios internacionais com os parceiros europeus e transatlânticos".
Os dois dirigentes concordaram que a luta contra a pandemia do novo coronavirus necessita de "esforços internacionais reforçados", adiantou.
Trump "arrefeceu" relações
Durante os quatro anos que esteve na Casa Branca, o antecessor de Joe Biden, Donald Trump, nunca se deslocou à Alemanha. Apesar de a Alemanha e os EUA manterem tradicionalmente relações estreitas, o mandato de Trump foi marcado por um acentuado arrefecimento entre Berlim e Washington.
O republicano criticou "a fraca contribuição alemã" para o orçamento da NATO, mas também as exportações alemãs. Em julho, anunciou mesmo a decisão unilateral de retirada de 12 mil soldados norte-americanos estacionados na Alemanha.
A relação pessoal entre Merkel e Trump sempre foi difícil. Na semana passada, durante uma conferência de imprensa, a chanceler disse que havia agora mais margem de entendimento com Washington com Joe Biden.
Um dos pontos que provoca tensão nas relações germano-norte-americanas é a importação pela Alemanha de energia por gasoduto da Federação Russa, que motivou a aplicação de sanções a esta por parte dos EUA.
Na semana passada, Merkel afirmou que não deseja abandonar o projeto germano-russo do gasoduto Nord Stream 2, adiantando que pretende falar sobre o assunto com a nova administração norte-americana. Washington tem alegado que o Nord Stream 2 vai aumentar a dependência dos europeus do gás russo e, assim, fortalecer a influência de Moscovo.
Putin e Merkel: Uma relação de altos e baixos
A relação entre a Rússia e a Alemanha atravessa tempos difíceis. No fim de semana, a chanceler alemã, Angela Merkel, esteve no Azerbaijão à procura de um novo parceiro para reduzir a dependência do gás russo.
Foto: picture-alliance/dpa
Líderes em ascensão
Em 2002, Angela Merkel era líder do então principal partido da oposição na Alemanha, a União Democrata Cristã (CDU). Putin era o novo Presidente de uma nova e moderna Rússia. Depois de se encontrar com Putin no Kremlin, conta-se que Merkel terá dito aos seus assessores que passou no "teste da KGB" de manter o olhar fixo - uma alusão à carreira anterior de Putin nos serviços secretos soviéticos.
Foto: picture-alliance/dpa
A nova chanceler
Vladimir Putin construiu uma amizade com o antecessor de Angela Merkel, Gerhard Schröder, que se mantém até hoje. No final de 2005, já era claro que Merkel iria destronar o social-democrata Schröder. Numa conversa com Merkel na Embaixada russa em Berlim, Putin prometeu aumentar os laços entre os dois países. Merkel descreveu o diálogo como "muito aberto".
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Um "ouvido amigo" para Putin
Cerca de um ano depois, Putin partilhou as suas impressões sobre a mulher que se tornou chanceler da Alemanha: "Não nos conhecemos a nível muito pessoal, mas estou impressionado com a sua capacidade de ouvir", disse Vladimir Putin à emissora pública alemã MDR de Dresden, acrescentando que ouvir era uma qualidade rara entre as mulheres na política.
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Quando Merkel conheceu o cão de Putin...
É conhecido o medo que a chanceler alemã tem de cães. No entanto, Putin deixou que o seu cão, Konni, passeasse livremente em Sochi, no local em que recebeu Merkel, em janeiro de 2007. Tentativa de intimidação? Merkel parece pensar que sim. "Acho que o Presidente russo sabia muito bem que eu não estava entusiasmada com a ideia de conhecer o cão dele, mas ainda assim trouxe-o com ele", disse.
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E a liberdade de imprensa?
Em 2012, Vladimir Putin assumiu uma posição mais dura em relação à imprensa e aos dissidentes políticos. Questionada sobre a liberdade de imprensa, quando estava em São Petersburgo, Angela Merkel respondeu: "Se eu ficasse irritada todas as vezes que abro um jornal, não duraria três dias como chanceler".
Foto: picture-alliance/dpa
Diálogo na idade do gelo
As relações entre Moscovo e o Ocidente pioraram após a anexação da Crimeia, em 2014. No entanto, Putin disse à imprensa alemã que ainda mantinha uma "relação de negócios" com a chanceler alemã. "Eu confio nela. É uma pessoa muito aberta. Ela, como qualquer outra pessoa, está sujeita a certas limitações, mas está a tentar resolver as crises de forma honesta", disse ao jornal alemão "Bild".
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Sem querer ofender, mas...
"Não pretendo insultar ninguém, mas a declaração de Merkel é a explosão de uma raiva acumulada há muito sobre a soberania limitada", disse Putin à imprensa em São Petersburgo, em 2017, comentando um discurso da líder alemã em Munique, durante a campanha eleitoral. Angela Merkel pediu aos europeus que confiassem em si próprios, numa altura de disputas com o Presidente norte-americano, Donald Trump.
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"Temos de conversar um com o outro"
Quando Merkel chegou a Sochi, em 2018, Putin recebeu-a com um ramo de flores. Uma oferta de paz? Um galenteio? Sexismo? A chanceler apareceu depois ao lado de Putin e disse que o diálogo precisava de continuar. "Mesmo que haja graves diferenças de opinião sobre alguns assuntos, temos de conversar um com o outro", disse Merkel.