Merkel pede empenho de países contra mudanças climáticas
11 de novembro de 2017A chanceler alemã instou este sábado (11.11) os países mais industrializados a lutar de forma responsável contra as mudanças climáticas e disse que a Alemanha deve servir de exemplo, mostrando que as emissões de gases de efeito estufa podem ser reduzidas sem prejudicar o mercado.
Merkel ressaltou que estes países devem aproveitar a cimeira do clima de Bona (COP23) para tomar medidas concretas nessa direção, já que "o tempo escasseia".
"A urgência é grande, como demonstram as catástrofes naturais. Quando falamos de migrações também sabemos que estas são indiretamente condicionadas pelas mudanças climáticas", afirmou a chanceler na sua mensagem semanal, antes da sua intervenção na próxima quarta-feira na COP23, que decorre até o dia 17 na antiga capital federal da Alemanha.
Todos os países, e especialmente as potências mais industrializadas, "entre as quais se inclui a Alemanha", recordou - devem contribuir "para o objetivo de que o aumento da temperatura [da Terra] fique abaixo de 2 graus, se possível de 1,5 graus", continuou a líder alemã.
Compromisso
Merkel insistiu que a situação agora é muito mais preocupante do que na década de 1990, aludindo à sua própria experiência como ministra do Meio Ambiente, de 1994 a 1998, pelo que afirmou que não é possível permitir mais atrasos para que "as coisas mudem de uma vez". Para isso, disse, é preciso o compromisso de todos os envolvidos.
A Alemanha reduziu as suas emissões de gases de efeito estufa em 20%, entre 1990 e 2010, e estabeleceu o mesmo objetivo para a próxima década, até 2020, lembrou a chanceler, afirmando-se comprometida com essa meta.
Entretanto, devido ao forte crescimento económico e à imigração mais alta do que o esperado, o país corre o risco de não atingir o seu próprio objetivo de reduzir as emissões em 40% até 2020 se o próximo governo não implementar medidas adicionais.
"É por isso que também estamos a procurar em conversas exploratórias uma possível nova coligação para isto: como podemos adotar ainda mais medidas para alcançar esse objetivo de 2020", disse Merkel.
Mas a chanceler insistiu que o "núcleo industrial" da Alemanha não deverá ser posto em risco e quaisquer outras medidas climáticas não deverão forçar as empresas a saírem do país.
"Se as siderúrgicas, as fábricas de alumínio, as fábricas de cobre, deixarem o nosso país e forem para algum lugar em que as regulamentações ambientais não sejam rigorosas, não ganhamos nada para o clima global", disse Merkel.
O Governo deve, portanto, adotar uma combinação sólida de políticas regulatórias, incentivos financeiros e medidas voluntárias, a fim de evitar grandes distúrbios e desemprego, disse Merkel.
Acordo de Paris
A COP23, que arrancou a 6 de novembro, entrará na próxima semana na sua ronda decisiva. A cimeira é marcada pela decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de abandonar o Acordo de Paris o mais rápido possível, o que será efetivo no final de 2020.
O Acordo de Paris foi conseguido em dezembro de 2015 e entrou em vigor em novembro de 2016, com o objetivo de juntar os esforços de todos os países para reduzir as emissões e conseguir limitar a subida da temperatura do planeta aos 2.ºC ou, preferencialmente, 1,5.ºC.
Para Merkel, referindo-se ao acordo climático, "da forma como as coisas estão atualmente, o objetivo de limitar a subida temperatura não será alcançado".
A delegação oficial dos Estados Unidos na COP23 é pequena, mas há várias iniciativas assinadas por presidentes de câmara, senadores e governadores dos estados dos Estados Unidos da América, quer republicanos quer democratas, determinados em demonstrar que o país continua comprometido com a luta contra as mudanças climáticas.
Entre as presenças mais proeminentes na COP23 está o ex-vice-Presidente dos Estados Unidos, Al Gore, que se tem destacado na luta contra as mudanças climáticas. A cimeira conta ainda com a presença de Michael Bloomberg, ex-presidente da Câmara de Nova Iorque.
Os Estados Unidos podem tornar-se o único país a ficar de fora do compromisso global de luta contra as alterações climáticas, uma vez que outros que estavam à margem -- Nicarágua e Síria - anunciaram a intenção de subscrever o Acordo de Paris.