Angela Merkel visita Reino Unido antes de cessar funções
DPA | Lusa | tms
2 de julho de 2021
Chanceler da Alemanha viaja hoje (02.07) para o Reino Unido, naquela que deve ser a sua última visita oficial ao país antes de deixar o cargo. Estão agendadas reuniões com o PM Boris Johnson e a rainha Isabel II.
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A chanceler Angela Merkel viaja, esta sexta-feira, primeiro para Checkers Court, o retiro do primeiro-ministro britânico, para uma reunião com Boris Johnson. As relações Alemanha-Reino Unido depois do Brexit e o combate à pandemia de Covid-19 devem estar no topo da agenda.
Merkel e outros líderes alemães expressaram preocupação com o número de espetadores autorizados a assistir a jogos do Euro2020 no Estádio de Wembley, em Londres. As autoridades alemãs têm estado alarmadas com a rápida propagação da variante Delta do novo coronavírus na Grã-Bretanha.
Uma audiência privada com a Rainha Isabel II no Castelo de Windsor, nos arredores de Londres, está agendada para o final da tarde.
Medalha
O chefe do executivo britânico vai apresentar a criação de uma medalha em homenagem à dirigente alemã que vai premiar com 10.000 libras (11.600 euros) uma cientista do Reino Unido ou Alemanha que se destaque no campo da astrofísica.
A medalha terá o nome de Caroline Herschel, astrofísica britânica nascida na Alemanha e pioneira na área, mas pretende reconhecer a formação científica de Merkel em física e química.
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05:40
A Alemanha é o segundo maior parceiro comercial do Reino Unido, havendo igualmente fortes laços económicos e culturais próximos. Mais de 21.000 alemães estudam ou trabalham em universidades do Reino Unido, e cerca de dois milhões de britânicos visitam anualmente a Alemanha.
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Parcerias
O Governo britânico adiantou, em comunicado, que vão ser estabelecidas várias iniciativas para aprofundar as relações bilaterais, incluindo reuniões anuais dos Governos e um Diálogo Cultural a partir de 2022.
"Ao longo dos 16 anos de mandato da chanceler Merkel, a relação Reino Unido-Alemanha foi energizada e revigorada para uma nova era. E as novas colaborações que vamos aprovar vão deixar um legado que durará durante gerações", disse Johnson.
Na quarta-feira já tinha sido anunciada uma declaração conjunta sobre cooperação em matéria de política externa e de segurança. Assinada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, e o seu homólogo alemão, Heiko Maas, a declaração estabelece "prioridades partilhadas entre o Reino Unido e a Alemanha e ambições em relação a uma série de questões, que incluem as alterações climáticas, China e Indo-Pacífico", indicou o Governo britânico.
No mesmo comunicado, os dois países comprometiam-se a promover a reforma do Conselho de Segurança da ONU e Londres manifestou o apoio à aspiração de Berlim de obter um assento permanente, juntamente com o Reino Unido, França, Estados Unidos, China e Rússia.
Angela Merkel e Boris Johnson reuniram-se na cimeira do G7 realizada na Cornualha entre 11 e 13 de junho, onde realizaram uma reunião bilateral. A chanceler deixará o cargo após as eleições de setembro na Alemanha.
Chefes de Governo da Alemanha: de Adenauer a Merkel
Desde 1949, a Alemanha teve oito chanceleres: sete homens e uma mulher. A chanceler atual, Angela Merkel, conseguiu um quarto mandato nas eleições legislativas de setembro de 2017.
Foto: picture-alliance-dpa/O. Dietze
Konrad Adenauer (CDU), 1949-1963
A eleição de Konrad Adenauer do partido democrata-cristão CDU como primeiro chefe de Governo da Alemanha, em 15 de setembro de 1949, marcou o início de um longo processo de reestruturação política no país. Reeleito em 1953, 1957 e 1961, renunciou ao cargo apenas aos 87 anos de idade, em 1963. Fortaleceu a aliança com os Estados Unidos da América. Na foto: no seu escritório em Bona.
Foto: picture-alliance/akg-images
Ludwig Erhard (CDU), 1963-1966
O segundo chanceler da Alemanha também pertenceu à CDU, mas esteve apenas três anos no Governo. Erhard renunciou devido ao rompimento da coligação com o partido liberal FDP. Mesmo assim, participou de forma ativa da reforma monetária alemã do pós-guerra. O fumador convicto ficou famoso como "pai" da economia social de mercado ("Soziale Marktwirtschaft") e do milagre económico alemão.
Foto: picture-alliance/dpa
Kurt Georg Kiesinger (CDU), 1966-1969
Foi eleito por uma grande coligação dos dois partidos CDU e SPD (de esquerda). O seu Governo teve que combater uma crise económica. Kiesinger foi duramente criticado pelo seu passado como membro ativo do partido nacional-socialista NSDAP durante a ditadura fascista na Alemanha. Com a ausência de uma oposição forte no Parlamento, formou-se em 1968 um movimento de protesto estudantil na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Willy Brandt (SPD), 1969-1974
A onda de protestos teve reflexos nas eleições: Willy Brandt tornou-se no primeiro chanceler social-democrata no pós-guerra. Melhorou as relações com os países comunistas do leste. Durante uma visita à Polónia, ajoelhou-se no monumento pelas vítimas do nazismo no Gueto de Varsóvia. Gesto que ficou famoso como pedido de desculpas. Renunciou ao cargo em consequência de um caso de espionagem.
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Helmut Schmidt (SPD), 1974-1982
Após a renúncia de Brandt, Helmut Schmidt prestou juramento como chanceler. O social-democrata teve de combater o terrorismo do grupo extremista de esquerda RAF. Negou negociar com os terroristas alemães. Enfrentou a oposição por causa do estacionamento de mísseis nucleares dos EUA na Alemanha. Depois da saída do Governo do parceiro FDP (liberais), perdeu um voto de confiança no Parlamento.
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Helmut Kohl (CDU), 1982-1998
Helmut Kohl formou uma nova coligação centro-direita com os liberais. Ficou 16 anos no poder, um recorde. Ficou famoso pela sua teimosia e por não gostar de reformas. Depois da queda do Muro de Berlim, Kohl consegui reunificar as duas Alemanhas, a RFA ocidental e a RDA oriental. Ficou conhecido como "chanceler da reunificação". T ambém é lembrado pelo seu empenho na construção da União Europeia.
Foto: imago/imagebroker
Gerhard Schröder (SPD), 1998-2005
Depois de quatro mandatos de Kohl, o desejo de mudança aumentou. Gerhard Schröder foi eleito primeiro chanceler de uma coligação de esquerda entre o SPD e os Verdes. Durante o seu Governo, o exército alemão, Bundeswehr, teve as primeiras missões no estrangeiro com a participação na guerra no Afeganistão. Reduziu os subsídios sociais, medida que foi criticada dentro do seu partido social-democrata.
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Angela Merkel (CDU), desde 2005
Em 2005, Merkel é eleita como primeira mulher na chefia do Governo alemão. Durante o primeiro e terceiro mandato, governou numa grande coligação com o SPD, no segundo mandato numa coligação de centro-direita com os liberais do FDP. Merkel é conhecida pelo estilo pragmático de liderança. Durante a crise financeira, assumiu um papel de liderança na UE. Em 2017, conseguiu o seu quarto mandato.