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Angola à beira da liderança petrolífera em África

Nuno de Noronha15 de julho de 2013

Angola pode tornar-se no maior produtor africano de petróleo já em 2014, ultrapassando a Nigéria. A China pode ajudar a indústria petrolífera angolana a crescer, afirma analista.

Em breve, Angola pode passar a produzir mais petróleo do que a NigériaFoto: MARTIN BUREAU/AFP/Getty Images

Angola já ultrapassou a produção nigeriana em alguns meses deste ano. Segundo a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), em maio, por exemplo, a Nigéria produziu 1,676 milhões de barris diários, ao passo que Angola chegou aos 1,730.

Na semana passada, o ministro dos petróleos de Angola, José Maria Botelho de Vasconcelos, afirmou em Luanda que o país vai atingir uma produção de dois milhões de barris diários até 2015.

De acordo com Amrita Sen, analista-chefe para a área do petróleo da Energy Aspects, uma consultora sedeada no Reino Unido, a produção angolana tem, de facto, vindo a crescer impulsionada pelas novas explorações. No entanto, elas não são a principal razão para o papel bem sucedido de Angola no que toca à extração deste recurso natural no contexto africano.

Plataforma de petróleo em AngolaFoto: AFP/Getty Images

"Tem havido uma exuberância relativamente à questão de Angola ultrapassar a Nigéria, mas isso está a acontecer porque a produção no país está a ser atingida por problemas políticos e sabotagem", diz Amrita Sen.

Segundo a analista, Angola só chegará à liderança petrolífera em África se a produção cair na Nigéria. "A produção diária nigeriana pode atingir os 2,2 milhões de barris por dia. Angola não consegue chegar a esse número. Quanto muito consegue tirar 1,8 milhões, talvez um pouco mais. Angola ainda tem um longo caminho a percorrer."

Problemas internos na Nigéria

A produção da Nigéria tem sofrido fortes quedas devido a roubos de petróleo e a interrupções no fornecimento, o que levou a produção da ex-colónia britânica a cair de 2,2 milhões de barris por dia, em 2012, para menos de 1,9 milhões nos dias de hoje.

Ainda na sexta-feira passada (12.07.2013), a petrolífera Shell anunciou o encerramento de um dos principais oleodutos na Nigéria, depois de ter sido localizada uma fuga numa conduta vandalizada várias vezes, na sequência de roubos de petróleo, na zona de Bomu-Bonny em, Owokiri, na região do Delta do Níger. O encerramento deste oleoduto deverá reduzir a produção de petróleo em cerca de 150 mil barris diários.

Angola à beira da liderança petrolífera em África

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O roubo de petróleo na Nigéria é um problema sério para as autoridades, que estimam que o flagelo cause um prejuízo de 6 mil milhões de dólares todos os anos, sem contabilizar as perdas provocadas por incêndios, explosões e danos ambientais.

"Neste momento, devido à quantidade de ataques que tem sofrido, é possível que a Shell feche alguns dos seus oleodutos. Não para sempre, mas por um longo período de tempo, enquanto pensam numa solução para travar estes roubos", comenta a analista da da Energy Aspects, Amrita Sen. "Até que tomem mais medidas e se certifiquem que os roubos não acontecem, podem passar meses ou até mesmo um ano."

China pode ajudar indústria a crescer
  
Até lá, Sen aponta que o caminho para o crescimento da indústria petrolífera em Angola seja uma maior aposta nos mercados asiáticos, sobretudo na China.

"A China tem um grande interesse em Angola porque as refinarias chinesas gostam de processar o crude angolano", diz. "Isto porque o crude angolano é pesado, tem um tipo de acidez e características particulares apreciadas pelos chineses. Portanto, julgo que uma das áreas em que Angola pode investir ainda mais é na atração de investimento da Ásia e da China, que precisam deste tipo de petróleo."

Este ano, a produção petrolífera em Angola tem rondado os 1,750 milhões de barris por dia, em média, estando as reservas estimadas em 12,7 mil milhões de barris.

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