Em Angola, muitos homens dizem que a sexta-feira é o seu dia. Eles vão divertir-se e deixam as mulheres a "controlar a casa". Na sociedade, persistem grandes desigualdades entre homens e mulheres. Mas já há resistência.
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Na capital angolana, a véspera de fim-de-semana ganhou a designação de "sexta-feira, dia do homem". À sexta-feira, solteiros e casados vão para as discotecas e outros lugares de lazer em Luanda para desanuviarem, depois da semana laboral. Muitas vezes, não levam nem esposas, nem namoradas.
"Isto é sabido de todo o mundo. Sexta-feira é dia do homem por intermédio de eventos, festas e divertimento da juventude", diz Carlos Alberto, um morador de Luanda.
Osvaldo Tomás, conhecido por DJPedrão, confirma. "As pessoas tiram esse dia, a 'sexta-feira, dia do homem' para desanuviar, para relaxar."
O sucesso é tal que, entretanto, até já terá sido instituída a mini "sexta-feira, dia do homem", conta Tomás, que põe música numa casa noturna no centro da capital: "As coisas mudaram em Luanda. As atividades nas casas noturnas eram às sextas-feiras, mas agora já se começa à quinta."
Cozinha é para as mulheres? Não!
Na sociedade angolana, ainda há sinais claros de machismo. Muitas mulheres continuam a ser relegadas para segundo plano.
Manuel André Adriano, outro residente em Luanda, diz que não dá grande importância à sexta-feira, seja qual for o mês. Para ele, a esse é um dia "como outro qualquer". Mas ele não tem dúvidas quanto ao lugar da mulher na sociedade: "O direito da esposa é o de controlar a casa", afirma.
Elizabeth Joaquim, também residente em Luanda, não entende, no entanto, como é que, em pleno século XXI, ainda existem homens que pensam que o lugar da mulher é na cozinha: "Não foram feitas só para a cozinha. Muitas mulheres podem-se formar para ser polícias, enfermeiras, bombeiras."
Em Angola, têm surgido movimentos de emancipação feminina como "As Mulheres Prendadas" e o "Odjango Feminista", que tentam lutar pelos seus direitos, embora ainda o façam de forma tímida.
Às sextas-feiras os homens vão às festas. E as mulheres?
Só duas das 18 províncias angolanas são governadas por mulheres: Aldina da Lomba, em Cabinda, e Cândida Narciso, na Lunda-Sul. No Governo central e no Parlamento angolano, a representação também é muito reduzida.
Mas Neidy dos Santos confia que, pouco a pouco, a mulher angolana vai conquistando o seu espaço.
"Há coisas que evoluíram muito", diz. "As mulheres estão a fazer coisas que nunca acreditámos que faríamos."
Um lenço para todas as ocasiões
Coloridos ou simples, no casamento ou no enterrro - as mulheres africanas têm um lenço de cabeça para cada ocasião. Para muitas ele é parte integrante da roupagem. Veja aqui exemplos de toda a África.
Foto: DW/T. Amadou
Proteção contra os espíritos maus
A moda do lenço de cabeça em África tem muitas facetas. Há inúmeras formas de atar o pano e muitos tecidos por onde escolher. Muitas mulheres no Burkina Faso dizem que o lenço não protege apenas da chuva, mas também dos espíritos maus. E todas gostam de ser cumprimentadas, porque os lenços são mesmo espectaculares.
Foto: DW/R. Tiene
Dia e noite
"Adoro o meu lenço de cabeça", diz a queniana Winnie Kerubo. "Sinto-me mais respeitada quando o uso. Sem o meu lenço, por vezes não me sinto nada confortável". A jornalista de 21 anos, de Mombasa, tem um lenço para cada ocasião: em casa, no trabalho, para casamentos e até para dormir – para manter o penteado em forma.
Foto: DW/E. Ponda
Identidade muçulmana
"Uso o lenço porque é a expressão da minha identidade muçulmana. Penso que é muito bonito e uso-o sempre que saio de casa", diz Adisa Saaki, da capital ganiana, Accra. A mãe da modista de 23 anos ensinou-lhe a atar os lenços com rapidez e facilidade.
Foto: DW/I. Kaledzi
Tradição africana
"As mulheres senegalesas são famosas pela elegância", diz Aissata Kane. O lenço de cabeça é uma contribuição importante para esta elegância, porque combina muito bem com a roupa africana ou ocidental, afirma. Ela própria é muçulmana, mas salienta: "Usar lenço de cabeça é uma tradição africana – não só das mulheres muçulmanas!"
Foto: DW/M. Alpha Diallo
Nunca sem lenço
Na Nigéria há centenas de maneiras de atar um lenço de cabeça. Para muitas mulheres trata-se de um acessório da moda. "Uso lenço de cabeça para ficar mais bonita", diz Mairo Buba, de 50 anos, do estado federado de Adamawa, no nordeste da Nigéria. Ramatu Shu'abu, de 21 anos, concorda: "Uma mulher que não usa lenço para completar a roupagem não fica bem".
Foto: DW/Abdul-Raheem Hassan
Símbolo de maioridade
Fátima Assimuna tem 38 anos e vive em Pemba, no norte de Moçambique. A empregada doméstica gosta de usar lenços de cabeça, porque está "habituada a que as mulheres os usem, por tradição". Para Fátima Assimuna o lenço faz parte da beleza feminina. "Aprendi a atar e usar lenços durante os ritos de iniciação à idade adulta".
Foto: DW/E. Silvestre
De menina a senhora
"Cada vez mais mulheres usam lenço de cabeça em Accra", diz Junita Sallah do Gana. "Penso que o lenço acentua a beleza da mulher. Com lenço sinto-me como uma senhora". A jornalista multimédia de 27 anos tem um lenço de cabeça à mão em qualquer ocasião.
Foto: DW/I. Kaledzi
Um lenço para mulheres casadas
Bongi Khumalo vende recordações na praia da cidade sul-africana de Durban. O seu lenço de cabeça mostra que é uma mulher zulu casada. "O lenço dá-me dignidade", diz a comerciante de 65 anos. Mas nas grandes cidades como Durban já há muitas mulheres zulus que não usam mais lenço.
Foto: DW/S. Govender
Parte do vestido de noiva
Este lenço de cabeça é muito especial para Nana Ama Akyia Barnieh, porque o vai usar no seu casamento. Na cultura akan do Gana, o lenço de cabeça é um sinal que uma mulher quer casar ou ter filhos. "Gosto do lenço porque salienta esta componente cultural da minha personalidade", diz Nana Ama.
Foto: DW/I. Kaledzi
Nobre e valioso
Azahra Shawurgi tem 18 anos e vive na região de Agadez, no Níger. "Comecei a usar lenço aos 15 anos", lembra-se. "Nesse dia fizemos uma grande festa". As mulheres tuaregues no Níger usam o lenço em ocasiões muito especiais, por exemplo, nas festas islâmicas. "Os lenços são muito caros, um custa 100 euros", conta uma das mulheres.