Angola: Administração Eleitoral da CPLP valida votação
Lusa
26 de agosto de 2022
Missão de observação da Rede dos Órgãos Jurisdicionais e de Administração Eleitoral dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) considera que as eleições em Angola decorreram "de acordo com os requisitos internacionais".
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A missão de observação eleitoral da Rede dos Órgãos Jurisdicionais e de Administração Eleitoral dos Países de Língua Portuguesa (ROJAE-CPLP) considerou esta sexta-feira (26.08), em Luanda, que as eleições de 24 de agosto em Angola decorreram "de acordo com os requisitos internacionais".
A avaliação foi apresentada pelo presidente desta missão, José Carlos Barreiros, que acrescentou que a votação decorreu "fundamentalmente em conformidade com os princípios legais angolanos".
Salvaguardando que o objetivo da missão não é fazer críticas mas sim recomendações, José Carlos Barreiros reconheceu, todavia, que no dia da votação registou "perturbações circunstanciais no início dos trabalhos" que disse "deverem-se a atrasos na abertura da votação e extinguiram-se imediatamente com a normalização do processo".
Missão de observação
Constituída por 16 observadores, que se dividiram em seis equipas, o trabalho da missão iniciou-se no dia 16 de agosto e termina hoje, tendo no dia 24 acompanhado a votação, incluindo abertura e encerramento de 80 assembleias de voto distribuídas pelas províncias de Luanda, Bengo, Benguela, Cuanza Norte e Cuanza Sul, num total de 34.206 eleitores registados.
Até ao dia da votação, a ROJAE-CPLP reuniu-se com partidos políticos e a comunicação social estatal angolana (rádio, televisões e Jornal de Angola) e com a emissora privada católica Rádio Ecclesia, tendo José Carlos Barreiros escusado opinar sobre a cobertura pela imprensa da campanha eleitoral.
"A missão não se pronuncia sobre os aspetos relacionados com a campanha eleitoral e a sua cobertura mediática por a duração dos seus trabalhos não ter ultrapassado os 10% do tempo total de campanha e portanto, a observação não ser significativa", justificou.
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Desequilíbrio na cobertura mediática
O desequilíbrio da cobertura mediática pela imprensa estatal em Angola constituiu uma das principais críticas da oposição angolana, situação que foi igualmente referida pelos analistas contactados pela agência Lusa.
"De qualquer forma, a missão vê com satisfação os esforços que venham a ser feitos no sentido de reforçar a igualdade de oportunidades das candidaturas e da máxima separação possível entre o exercício de funções públicas e a atividade dos candidatos e das candidaturas", disse na sua intervenção o presidente da missão de observação eleitoral da ROJAE-CPLP.
Quanto ao recenseamento eleitoral, José Carlos Barreiros defendeu que "a introdução de medidas que permitam conhecimento da situação de cada cidadão face ao recenseamento e o acesso dos delegados da informação sobre quem vota em cada secção, favoreceriam a transparência do processo e obviariam querelas muitas vezes escusadas".
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A ROJAE-CPLP, criada a 13 de dezembro de 2018, é uma associação sem fins lucrativos que congrega os órgãos jurisdicionais e de administração eleitoral dos países membros da CPLP, unidos pelos laços históricos, culturais e de amizade existente entre estes países, tendo, em comum, a língua portuguesa como um dos fundamentos da sua identidade.
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Ex-PR moçambicano dá nota positiva às eleições angolanas
Por seu turno, o ex-Presidente de Moçambique Joaquim Chissano elogiou hoje o processo de votação em Angola e encorajou os candidatos a olhar para os resultados "com serenidade" e a reclamarem por vias legais se não estiverem satisfeitos.
Numa declaração conjunta com o antigo Presidente da Tanzânia Jakaya Kikwete, os dois antigos chefes de Estado, que foram convidados para assistir às eleições gerais em Angola na qualidade de observadores internacionais, salientam que a votação foi conduzida "de forma livre, justa e transparente".
"Podemos afirmar com segurança que Angola está no caminho certo para a consolidação da democracia", afirmam os dois ex-líderes, na declaração conjunta lida em Luanda por Joaquim Chissano.
Angola: As eleições em imagens
Esta quarta-feira é dia de Angola decidir quem será o próximo Presidente e os deputados da Assembleia Nacional. A DW compilou as imagens desta manhã de eleições, no dia em que 14 milhões de angolanos vão às urnas.
Foto: Adolfo Guerra/DW
Longas filas no dia de decidir
As mesas de voto só abriram às 07h00, mas as filas para votar nas eleições mais disputadas de sempre em Angola começaram a formar-se bem cedo. Cabe aos eleitores decidir se "a força do povo" continua do lado do MPLA, mantendo no poder o partido que governa o país desde a independência, ou se dizem "sim" ao apelo de mudança da oposição liderada pela UNITA.
Foto: John Wessels/AFP
Oito partidos na corrida
Além dos rivais Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), concorrem Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Partido de Renovação Social (PRS), Aliança Patriótica Nacional (APN), Partido Nacionalista para a Justiça (P-NJANGO), Partido Humanista de Angola e a coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE).
Foto: António Cascais/DW
Madrugar para votar
Aos 79 anos, Adélia Namalange exerce hoje o seu direito de voto pela quinta vez. A idosa chegou às 5h00 à assembleia de voto número 9658, no município do Lobito, em Benguela, e esperou duas horas pela abertura das urnas, no dia que 14 milhões de angolanos decidem o futuro político do país.
Foto: Daniel Vasconcelos/DW
João Lourenço apela ao voto: "É Angola que ganha"
"Acabámos de exercer o nosso direito de voto, é rápido e é simples", disse João Lourenço, na assembleia de voto n.º 105, em Luanda, convidando os eleitores a fazerem o mesmo. No meio de uma enorme confusão de jornalistas que queriam registar o momento, o candidato do MPLA salientou que todos saem a ganhar: "É a democracia que ganha, é Angola que ganha."
Foto: AP Photo/picture alliance
Adalberto Costa Júnior critica processo
O líder da UNITA votou no bairro 28 de Agosto, em Luanda, onde foi fortemente aplaudido pelos eleitores presentes. "Fiquei satisfeito e votei no meio do meu povo e constatei que a votação está a ser feita sem cadernos eleitorais aos fiscais, apenas um caderno eleitoral na mesa", afirmou Adalberto Costa Júnior, que defendeu mais uma vez a afixação dos resultados nas assembleias de voto.
Foto: John Wessels/AFP
Manuel Fernandes "plenamente" confiante na vitória
Manuel Fernandes, o candidato da coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), votou esta manhã no Bairro Militar, em Talatona, Luanda. Depois de votar, manifestou "plena confiança" no resultado eleitoral do atual terceiro partido com mais assentos no parlamento angolano.
Foto: Borralho Ndomba/DW
"Grande expetativa" de Nimi Ya Simbi é ganhar eleições
Nimi Ya Simbi, candidato da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), votou em Viana, um dos mais populosos municípios de Luanda. Minutos depois, Nimi disse que a sua "grande expetativa é ganhar as eleições." O líder da FNLA acredita que o seu partido "vai vencer" as eleições, "porque quem vai para o combate não vai para perder", tendo enaltecido o cumprimento do seu dever cívico.
Foto: Nelson Francisco Sul/DW
Benedito Daniel exorta à afixação das atas
O candidato do Partido de Renovação Social (PRS) exerceu o seu direito de voto no Instituto Superior Politécnico do Bita, em Luanda. Após votar, Benedito Daniel manifestou um "sentimento de alegria e de dever cumprido", exortando à afixação das atas sínteses nas assembleias. Disse também esperar que a CNE possa corresponder às expetativas dos eleitores.
Foto: DW/M. Luamba
Bela Malaquias insite em "humanizar" Angola
A líder do Partido Humanista de Angola (PHA), Florbela Malaquias, manifestou um "sentimento de realização" após votar e reiterou a promessa de humanizar Angola, "que se encontra completamente desumanizada em todos os sentidos", sublinhou a única mulher a liderar um partido político em Angola, depois de votar no bairro do Maculusso, distrito urbano da Ingombota, em Luanda.
Quintino Moreira, líder da Aliança Patriótica Nacional (APN), sem assento no Parlamento angolano, manifestou-se "otimista" em relação à obtenção de uma "bancada parlamentar vasta", para que não haja maiorias absolutas na "casa das leis", afirmou esta manhã, depois de depositar o seu voto numa assembleia de voto, em Talatona, perto da capital angolana.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Dinho Chingunji contra "Votou, Sentou"
O candidato do Partido Nacional para a Justiça em Angola (P-Njango) considerou hoje as eleições como "ocasião soberana" para escolha dos governantes e exortou os eleitores a esperarem os resultados em casa, contrariando o movimento "Votou, Sentou". Chingunji, que votou no município do Kilamba Kiaxi, em Luanda, exortou "os cidadãos a regressarem para as suas casas e a esperar pelos resultados".
Foto: Borralho Ndomba/DW
CNE diz que está tudo a funcionar
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que as 13.238 assembleias de voto espalhadas pelos 164 municípios angolanos "estão abertas e em perfeito funcionamento" e "não há registo de qualquer incidente" que possa beliscar a votação. Também foram constituídas 45 mesas de voto no estrangeiro, para as quais foram recrutados 105.952 membros.
Foto: António Cascais/DW
UNITA denuncia irregularidades no Bengo
No Bengo, a UNITA chamou os jornalistas para denunciar supostas irregularidades na votação. De acordo com o partido do "galo negro", a CNE local está a proibir que os delegados de lista suplentes exerçam o direito de voto nas assembleias para as quais estão destacados, contrariando, desta forma, uma circular da própria Comissão Nacional de Eleições.
Foto: António Ambrósio/DW
Queixas de eleitores em Cabinda
A votação em Cabinda está a decorrer com alguma normalidade, mas com várias queixas por parte dos eleitores que dizem desconhecer as suas mesas de voto. Os cidadãos são obrigados a percorrer longas distâncias para votar, já que foram colocados em pontos longínquos da província e da capital. E há delegados de lista de partidos que não foram credenciados.
Foto: Simão Lelo/DW
Delegados monitorizam processo
Delegados de lista dos partidos políticos controlam o processo de votação no Bairro da Cuca, em Luanda, a capital. Durante a campanha eleitoral, o polémico movimento "Votou, Sentou", propalado por alguns partidos e membros da sociedade civil, também pediu aos eleitores para permanecerem nas imediações das assembleias de voto.
Foto: Manuel Luamba/DW
O voto da diáspora em Portugal
O ator Daniel Martinho, a viver há cerca de 40 anos em Portugal, foi ao Consulado Geral de Angola em Lisboa votar, feliz por ser a primeira vez que foi dada à comunidade radicada no exterior a possibilidade de exercer o direito de voto. "Era uma aspiração que nos incomodava", contou à DW. "É uma forma de contribuirmos para um país melhor, porque nós na diáspora também fazemos Angola", precisou.