Milhões doses de vacina contra febre-amarela para Angola
24 de junho de 2016A gestão das reservas mundiais de vacinas contra a febre-amarela, cólera e meningite, para situações de emergência, é assegurada pelo International Coordinating Group (ICG), criado por organizações internacionais, incluindo a OMS e a UNICEF, em 1997. Este organismo terá atribuído a Angola 2,3 milhões de doses adicionais da vacina, esperadas ao longo deste fim de semana, divulgou a agência de notícias Lusa.
Recorde-se, que a mesma fonte noticiou a 19 de junho que a OMS assumiu que a resposta à epidemia de febre-amarela em Angola, que se propaga desde dezembro, levou pela primeira vez à rutura das reservas mundiais de emergência da vacina.
A informação consta de um recente relatório da OMS sobre a propagação da epidemia de febre-amarela de Angola, a outros países africanos, como a República Democrática do Congo."A resposta ao surto de Angola esgotou as reservas globais de seis milhões de doses de vacina contra a febre-amarela, duas vezes este ano. Isso nunca aconteceu antes. No passado, o ICG nunca usou mais de quatro milhões de doses para controlar um surto num país", admitiu então a OMS.
347 pessoas já morreram em Angola
Até 20 de junho, a epidemia matou em Angola 347 pessoas, dos quais 115 casos foram confirmados laboratorialmente. Além disso, todas as províncias "têm casos confirmados laboratorialmente" e em 11 ocorre já "transmissão local" da doença.
"As campanhas de vacinação em larga escala que começaram em fevereiro atingiram quase 11 milhões de pessoas, de uma população alvo de 13.484.215", explica a OMS, em Luanda, que admite vir a incrementar o apoio a Angola.
"A OMS continuará a trabalhar com parceiros para ampliar os recursos humanos, logísticos, financeiros e outros necessários para que as equipas de resposta estejam presentes em todas as províncias de Angola onde casos foram relatados ou onde há alto risco. A OMS também prosseguirá os seus esforços de mobilização de recursos à medida que mais recursos são necessários para enfrentar os desafios operacionais em Angola", referiu a instituição.
Militares angolanos participam nas campanhas de vacinação
As campanhas de vacinação em Angola recorrem ao apoio dos militares e contam com ajuda financeira e técnica da OMS e da comunidade internacional, para a aquisição de vacinas, tendo arrancado em Luanda, foco da epidemia, nos primeiros dias de fevereiro.
Lembramos que o ministro da Saúde de Angola, Luís Gomes Sambo, anunciou a 23 de maio, em Genebra, querer vacinar cerca de 24 milhões de pessoas, ou seja "toda a população-alvo" da atual epidemia de febre-amarela, mas admitiu que não havia no mercado vacinas suficientes.
OMS lança em julho campanha de vacinação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que vai lançar uma campanha de vacinação de emergência em Angola e na República Democrática do Congo (RDCongo) para deter o surto de febre-amarela na região.
De acordo com um comunicado da OMS, como o surto de febre-amarela continua na região, a agência da ONU vai lançar uma campanha de vacinação de emergência na RDCongo, na fronteira de Angola e na capital congolesa, Kinshasa, para deter a epidemia e o risco de propagação internacional.
A fase inicial da campanha inicia-se em julho e irá concentrar-se em distritos com alta circulação de pessoas e atividades comerciais intensas, especialmente em distritos na fronteira norte de Angola e em distritos que fazem fronteira com países vizinhos.Especificamente, entre 75 a 100 quilómetros de distância da fronteira entre Angola e a RDCongo, tendo também como alvo as zonas/comunidades em risco na cidade de Kinshasa. Isto irá criar uma área "tampão" imune para impedir a propagação internacional.
Triagem nos principais pontos de entrada
Angola e RDCongo estão a ser apoiados pela OMS e outros parceiros para fortalecer a triagem da febre-amarela nos principais pontos de entrada, incluindo Luanda, Kinshasa, Lubumbashi e Matadi. A vacinação está a ser oferecida nesses pontos de entrada para os viajantes elegíveis.
Desde 13 de junho de 2016, em três países - China, Quénia e República Democrática do Congo - foram relatados casos ligados ao surto de Angola. Na RDCongo, segundo o Ministério da Saúde, ocorreram cinco casos fatais e há ainda mais de mil casos suspeitos.
A transmissão da doença é feita pela picada do mosquito (infetado) "aedes aegypti". Trata-se do mesmo mosquito responsável pela transmissão da malária, a principal causa de morte em Angola, e que se reproduz em águas paradas e na concentração de lixo, dois problemas (época das chuvas e falta de limpeza de resíduos) que afetaram a capital angolana desde agosto passado.