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Angola: Ativistas comprados em troca de silêncio?

Manuel Luamba
12 de junho de 2024

Dezenas de ativistas estão a ser acusados de terem sido comprados pelo MPLA, o partido no poder em Angola, em troca de silêncio, segundo um vídeo que circula nas redes sociais. Uma das visadas já rejeitou as acusações.

Protesto em Luanda (imagem de arquivo)
Foto: Reuters/H. Corarado

No vídeo que circula nas redes sociais, um ativista angolano, conhecido apenas por JPrivado, revela nomes de ativistas angolanos supostamente comprados pelo partido no poder.

JPrivado alega que dezenas de ativistas teriam recebido casas e dinheiro do MPLA em troca de silêncio.

"Não é para te deixar famoso, não é para te deixar orgulhoso quando teu nome sair aqui. É para você estar com vergonha", criticou.

Um dos nomes mais citados no vídeo é o de Yared Bumba. A ativista angolana rejeita as acusações do blogger angolano residente no Brasil.

"Eu tenho a minha consciência limpa e a minha integridade também limpa. Tudo o que o blogger do JPrivado diz são inverdades. São inverdades que lesam a mora de qualquer um", disse em declarações à DW África:

Yared Bumba não descarta a possibilidade de intentar uma ação judicial contra o ativista por calúnia e difamação.

"Os advogados estão a trabalhar num processo-crime contra ele para que prove por A mais B. Acho que JPrivado não tem como provar, com documentos assinados, a [suposta] compra de cada ativista", afirma.

A DW África tentou ouvir JPrivado e o MPLA, sem sucesso. 

"Revú" por um dia em Luanda

09:12

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Diminuição de vozes contestatárias

O jornalista angolano Jorge Neto lembra que esta não é a primeira vez que são divulgadas denúncias de compra de vozes críticas em Angola. 

"Se nós pegarmos mesmo nos próprios 'revús', antes de serem presos no processo dos 15+2, neste grupo e noutro grupo, há vários relatos e várias histórias. E não são só 'revús', até jornalistas conceituados, muitos já passaram por isso", lembra.

Se é verdade, não está provado. O que o jornalista angolano nota é uma diminuição das vozes contestatárias.

"Daquilo que nós vemos, a tal sociedade civil, grupos de pressão até baixaram de força. Hoje os grupos de pressão não têm a mesma energia, por exemplo, que tinham no tempo do ex-Presidente José Eduardo dos Santos", observa.

Mas isso também pode ter a ver com outros fatores, como a repressão a ativistas no país, conclui.

 

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