O Fórum das Autoridades Tradicionais(FAAT) está preocupado com o que chama de "instrumentalização" dos sobas em época de eleições. Mário Katapy, responsável do FAAT, pede o fim do direcionamento do voto do cidadão.
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Mário Katapy, secretário-geral do Fórum Angolano das Autoridades Tradicionais, diz que o Ministério da Administração do Território "controla" mais de 41 mil sobas. São esses, afirma, que são "instrumentalizados" em época de eleições. Ele diz que a prática é muito antiga, "na verdade, o que tem acontecido, no passado até hoje os sobas são instrumentalizados."
A DW África tentou obter uma reação do Governo angolano, sem sucesso.
Para o secretário-geral do Fórum Angolano das Autoridades Tradicionais (FAAT), a instrumentalização acentua-se em época de eleições. Durante a caça ao voto, os candidatos dos partidos políticos mantêm contacto com as autoridades tradicionais nas províncias angolanas por onde passam.
E por exemplo, o partido no poder, o MPLA, aparece na imprensa a oferecer aos sobas bens como motorizadas e bicicletas. O secretário-geral do Fórum Angolano das Autoridades Tradicionais diz que o poder tradicional não deve servir os interesses partidários.
Katapy explica que "o soba é pai de todos. O pai quando tem doze filhos não pode amar só um filho. O que tem acontecido hoje nos partidos políticos é que querem acomodar esses sobas para servir os seus interesses. Isso é um erro."
Fim das bandeiras dos partidos nas casas dos sobas
Para acabar, de uma vez por todas, com isso, Mário Katapy apela, por exemplo, aos partidos políticos que não coloquem bandeiras nas residências dos sobas, lembrando que "o soba é o pai de todos, é o pai da nação, é um fundador da nação, é um baluarte dessa cultura de Angola. Por isso, nessa época de eleições, os partidos políticos não devem colocar bandeiras de A ou B."
Katapy pede ainda aos próximos legisladores do Parlamento angolano para criarem um instrumento jurídico que permita valorizar as autoridades tradicionais angolanas e acabar com a sua vulnerabilidade. E ele recorda ainda que "o próprio estatuto especial das autoridades tradicionais ainda não existe".
Para já o secretário-geral do Fórum Angolano das Autoridades Tradicionais não quer ver os sobas a serem instrumentalizados durante a campanha eleitoral. Oficialmente, a caça ao voto começa daqui a um mês.
Famílias influentes em África
Para muitos, a política continua a ser um negócio de família: o filho recebe a Presidência de herança, a filha dirige a empresa estatal, a esposa torna-se ministra. Há vários exemplos.
Foto: picture-alliance/dpa
Filha milionária
Isabel dos Santos, a filha mais velha do Presidente angolano, é uma das dez pessoas mais ricas de África. Do império da empresária constam a maior empresa de telecomunicações do país e uma cadeia de hipermercados. Além disso, dos Santos lidera a petrolífera angolana Sonangol. O irmão José Filomeno dirige o Fundo Soberano de Angola, que gere mais de cinco mil milhões de dólares.
Foto: picture-alliance/dpa
O meu pai decide…
Teodoro Nguema Obiang Mangue é vice-Presidente da Guiné Equatorial – e o filho do chefe de Estado. O pai, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, dirige o país desde 1979. O seu enteado, Gabriel Mbaga Obiang, é ministro das Minas e Hidrocarbonetos. A petrolífera estatal GEPetrol é controlada pelo cunhado do Presidente, Nsue Okomo.
Foto: Picture-alliance/AP Photo/F. Franklin II
O meu filho, o guarda-costas
Muhoozi Kainerugaba é o filho mais velho do Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, que está desde 1986 no poder. Ele é um oficial superior no Exército ugandês e comanda a unidade especial responsável pela proteção do chefe de Estado. A mulher de Museveni, Janet, é ministra da Educação e do Desporto. O cunhado, Sam Kutesa, é ministro dos Negócios Estrangeiros.
Foto: DW/E. Lubega
Uma irmã gémea influente
Jaynet Désirée Kabila Kyungu é filha do ex-Presidente congolês, Laurent Kabila. Agora, é o seu irmão gémeo, Joseph Kabila, que governa o país. Jaynet está no Parlamento; além disso, tem uma empresa de comunicação. Os "Panama Papers" revelaram que ela foi co-presidente de uma empresa offshore que terá tido participações no maior operador móvel no Congo.
Foto: Getty Images/AFP/J. D. Kannah
De secretária a primeira-dama
Grace Mugabe é a segunda mulher do Presidente zimbabueano, Robert Mugabe. Começaram a namorar enquanto ela ainda era a sua secretária. Entretanto, Grace é presidente da "Liga das Mulheres" do partido no poder e tem bastante influência. Grace, de 51 anos, é vista como a sucessora do marido, de 92 anos, embora ela tenha afastado essa hipótese.
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi
A ex-mulher ambiciosa
Nkosazana Dlamini-Zuma foi a primeira mulher eleita como presidente da Comissão da União Africana. Antes, foi ministra dos Negócios Estrangeiros no Governo do Presidente sul-africano Thabo Mbeki. Foi também ministra do Interior no Executivo do ex-marido, Jacob Zuma. O casamento desfez-se antes de Dlamini-Zuma ocupar esses cargos ministeriais.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Prinsloo
A empresa familiar, o Estado
Nas mãos da família do Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, estão numerosas empresas estratégicas e altos cargos na política. O irmão Maurice é dono de várias empresas, a filha Claudia (na foto) dirige o gabinete de comunicação do pai e pensa-se que o filho Denis Christel esteja já a ser preparado para assumir a Presidência.
Foto: Getty Images/AFP/G. Gervais
Autorizado: Presidente Bongo II
O autocrata Omar Bongo Ondimba governou o Gabão durante 41 anos até falecer, em 2009. Numas eleições polémicas, em que bastou uma maioria simples na primeira volta, o filho do ex-Presidente, Ali Bongo, derrotou 17 opositores. Ele foi reeleito em 2016. A família Bongo já governa o país há meio século.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Tal pai, tal filho
Dos cerca de 50 filhos do ex-Presidente do Togo Gnassingbé Eyadéma, Faure Gnassingbé foi o único a enveredar pela política. Entretanto, governa o país. Os pais dos atuais chefes de Estado do Quénia e do Botswana também já tinham estado na Presidência.