Secretário da Comissão Sindical disse, esta sexta-feira (18.01), que período que a lei estabelece para a obrigatoriedade dos serviços mínimos terminou. Funcionários e administração da empresa não chegaram ainda a acordo.
Publicidade
A greve, por tempo indeterminado, dos trabalhadores dos Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL) prossegue na próxima semana e com a suspensão, a partir deste sábado (19.01), dos únicos dois comboios em circulação.
Em declarações à agência Lusa, o secretário da Comissão Sindical para os Assuntos Jurídicos, Dias Kinquela, em jeito de balanço da greve iniciada na segunda-feira (14.01), disse que os protestos vão continuar e que a lei estabelece que os serviços mínimos funcionam apenas do primeiro dia de greve até ao quinto. "Os serviços mínimos ficam suspensos a partir de sábado", garantiu o sindicalista.
Desde o arranque da greve, segunda-feira, apenas dois dos 17 comboios do CFL estavam a circular com a realização de duas viagens, assegurando o transporte de manhã e à tarde de cerca de 350 passageiros em cada período.
Sem acordo entre as partes
Segundo Dias Kinquela, na quarta-feira (16.01), foi realizado um encontro entre a comissão negociadora e o Conselho de Administração do CFL, mas o principal ponto de divergência, como já tinha noticiado a DW África no início da semana, os aumentos salariais, mantém-se sem solução. "Mesmo com a presença do secretário de Estado para os Transportes Terrestres não houve solução, a empresa continua a dizer que não tem dinheiro, recorreu-se ao Estado, que até aqui ainda não se pronunciou", disse.
O sindicalista referiu que o titular da pasta dos Transportes em Angola orientou a elaboração de um memorando, que foi já submetido à Casa Civil da Presidência da República, mas ainda não há resposta.
No encontro, avançou Dias Kinquela, o secretário de Estado e o conselho de administração da empresa pediram à equipa negociadora para se suspender a greve, mas os representantes dos trabalhadores consideraram não ter legitimidade para atender a esta solicitação.
"Até aqui a administração também ainda não nos deu nenhuma contraproposta, argumentando que não têm capacidade para aumentar sequer 1%. Isso frustra os trabalhadores", frisou o sindicalista, acrescentando que este ponto representa 60% das reivindicações.
Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda
O elevado índice de desemprego levou os jovens angolanos novamente às ruas. Durante a caminhada de sábado (08.12) os "kunangas", nome atribuído aos desempregados, exigiram políticas para a criação de postos de trabalho.
Foto: DW/B. Ndomba
Caminhar por mais emprego
Onde estão os 500 mil empregos que o Presidente da República, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral de 2017? Foi uma das questões colocadas pelos jovens desempregados que marcharam nas ruas de Luanda. A marcha decorreu sob o lema "Emprego é um direito, desemprego marginaliza".
Foto: DW/B. Ndomba
Apoio popular
Populares e vendedores ambulantes apoiaram o protesto deste sábado, que foi também acompanhado pelas forças de segurança. Participaram na marcha algumas associações como o Movimento Estudantil de Angola (MEA) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas. Os angolanos que exigem criação de mais postos de trabalho marcharam do Cemitério da Sant Ana até ao Largo das Heroínas, na Avenida Ho Chi Minh.
Foto: DW/B. Ndomba
Níveis alarmantes
O Governo angolano reconhece que o nível de desemprego é preocupante no país. 20% da população em idade ativa está desempregada, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados no ano passado. Os jovens em Angola são os mais afetados - 46% não têm emprego.
Foto: DW/B. Ndomba
Palavras de ordem
Os manifestantes exibiram vários cartazes com mensagens dirigidas ao Presidente e ao Governo: "João Lourenço mentiroso, onde estão os 500 mil empregos?", "Ser cobrador de táxi não é minha vontade" e "Por kunangar perdi respeito em casa”, foram algumas das questões levantadas.
Foto: DW/B. Ndomba
Estágios, inclusão e subsídios
Além de empregos, os manifestantes exigem políticas de estágio - para que os recém formados tenham a experiência exigida pelas empresas – e programas que beneficiem pessoas com deficiência física. Este sábado, pediram também ao Governo que atribua subsídio de desemprego aos angolanos que não trabalham.
Foto: DW/B. Ndomba
Sem perspetivas de trabalho
O índice do desemprego piorou com a crise económica e financeira em Angola, desde 2015. O preço do crude caiu no mercado internacional, e, como o país está dependente das exportações de petróleo, entraram menos divisas. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas e milhares de cidadãos ficaram desempregados.
Foto: DW/B. Ndomba
Formados e desempregados
Entre os manifestantes ouvidos pela DW África em Luanda, histórias como a de Joice Zau, técnica de refinação de petróleo, repetem-se. Concluiu a sua formação em 2015 e, desde então, não teve quaisquer oportunidades de emprego: "Já entreguei currículos em várias empresas no ramo petrolífero e nunca fui convocada", conta. Gostaria de continuar a estudar, mas, sem emprego, são muitas as dificuldades.
Foto: DW/B. Ndomba
É preciso fazer mais
Para a ativista Cecília Quitomebe, o Executivo está a "trabalhar pouco para aquilo que é o acesso ao emprego para os jovens". No final da marcha, a organização leu um "manifesto" lembrando que a contestação à política de João Lourenço começou a 21 de julho, quando o mesmo grupo de jovens exigiu mais políticas de emprego. Na altura, a marcha realizou-se em seis cidades. Este sábado, ocorreu em 12.