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Angola: Canais públicos deixam de cobrir atividades da UNITA

Lusa
14 de setembro de 2021

A decisão da TPA e TV Zimbo foi justificada devido à agressão contra jornalistas das duas estações televisivas numa marcha do maior partido da oposição angolana. Canais não vão mais entrevistar dirigentes da UNITA.

TV Zimbo
Foto: DW/M. Sampaio

Os canais públicos de televisão angolanos TPA e TV Zimbo decidiram abandonar a cobertura das atividades promovidas pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), não entrevistar os seus dirigentes, nem militantes ou outros responsáveis do partido e exigiram a retração e desculpas públicas da direção do maior partido da oposição angolana. 

O posicionamento foi transmitido esta segunda-feira (13.09) no horário nobre das duas estações televisivas estatais. A justificativa foram as agressões sofridas pelos seus jornalistas numa manifestação convocada pela UNITA no último sábado (11.09). 

A marcha em Luanda juntou milhares de militantes, simpatizantes e apoiantes desta e de outras forças políticas, bem como membros da sociedade civil, em prol de eleições justas e livres. Os jornalistas dos canais públicos foram alvo de intimidação e ameaças.

Reações

A atitude foi condenada pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, que a qualificou como sendo "uma obstrução ao exercício de liberdade de imprensa, que é um direito fundamental que todas as entidades públicas e privadas devem respeitar".

O presidente da UNITA repudiou os atos contra jornalistas durante uma manifestação do partidoFoto: Joao Da Fatima/AFP/Getty Images

Também o presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, repudiou o ato de intolerância e disse que as ameaças não partiram da direção da UNITA, lamentando ao mesmo tempo a exclusão de que o partido alega ser alvo na cobertura mediática dos órgãos estatais.

O Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social (MINTTICS) de Angola lamentou a agressão e intimidação a que foram sujeitas as equipas de reportagem, solidarizando-se com os jornalistas e apelando às entidades de defesa dos jornalistas a não se calarem "diante da flagrante e condenável situação de intolerância política".

Entretanto, Teixeira Cândido, do SJA, estranhou que o MINTTICS "faça sair um comunicado só agora" e nunca se tenha pronunciado noutras ocasiões. "Temos tido várias situações em que os jornalistas foram agredidos, detidos ou impedidos de fazer o seu trabalho e o ministério não se pronunciou. Por isso, foi uma surpresa", disse.

MPLA: "Ato bárbaro"

Prédio da TV Zimbo, em LuandaFoto: DW/M. Sampaio

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder em Angola, apelou à justiça angolana para chamar à responsabilidade os autores do "ato bárbaro", que colocou em causa a integridade física e dignidade de profissionais da informação.

Num comunicado, o Secretariado do Bureau Político do MPLA condenou "veementemente a agressão física e verbal perpetrada no dia 11 de setembro pela UNITA aos jornalistas da TPA [Televisão Pública de Angola] e da TV Zimbo".

Apelou ainda aos órgãos da administração da justiça e às entidades que regulam o setor da comunicação social, no sentido de "chamarem à responsabilidade os autores do ato bárbaro".

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