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Angola: Cautela na adesão à zona de comércio livre da SADC

José Adalberto
23 de março de 2023

SADC defende a integração imediata de Angola na zona de comércio livre, mas negociações continuam lentas. Associação Industrial de Angola alerta que é preciso ter cuidado, para o país não ser engolido pelos competidores.

Porto de Luanda
O porto de Luanda é o maior porto comercial de AngolaFoto: picture-alliance/dpa/W. Langenstrassen

A intenção de aderir à Zona de Comércio Livre da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) remonta a 2013. Mas Angola tem adiado, de forma sucessiva, a sua adesão ao mercado regional.

A SADC defende a integração imediata do país na zona de comércio livre, dadas as potencialidades económicas de Angola.

"Sendo a segunda maior economia da região, tem muito a oferecer à região da SADC. Por outro lado, a região da SADC tem muito a oferecer a Angola. Pressupõe-se que existam vantagens mútuas," avalia o representante da organização Alcides Mendes.

A passos lentos

Mesmo assim, as negociações continuam lentas. Angola ratificou há mais de dez anos o protocolo sobre trocas comerciais na Zona de Comércio Livre da SADC, mas "por força de várias razões, não foi possível concluir o programa estabelecido no roteiro", justifica o diretor do gabinete jurídico e intercâmbio do Ministério do Comércio e Indústria, Anatólio Domingos.

"Então, houve novas negociações com o secretariado no sentido de se abordarem novos prazos e novas metas relativamente à adesão efetiva de Angola à zona de comércio livre da SADC", revela Domingos.

A adesão do país ao mercado de livre comércio abriria portas a quase 400 milhões de consumidores.

Mas José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), chama a atenção para a necessidade de o país criar, primeiro, condições competitivas para uma melhor integração, sob pena de ser "engolido" por outras economias da região.

José Severino dendende necessidade de se criar condições competitivas para uma melhor integração na Zona de Comércio Livre da SADCFoto: DW/N. Sul d`Angola

"É de interesse nós participarmos deste mercado, mas temos de ter uma visão de competitividade", pondera o presidente da AIA, "porque de outra forma quem vai tirar vantagem são os outros países mais competitivos, neste caso, a África do Sul".

Vantagens para o consumidor

Anatólio Domingos, do Ministério do Comércio, realça, por outro lado, os ganhos do país e das populações caso Angola adira à Zona de Comércio Livre da SADC.

"No final do dia, é o povo que tem mais escolha, maior gama de produtos e melhor qualidade em função da oferta. O consumidor poderá optar pela qualidade", diz o responsável.

Além disso, a adesão à Zona de Comércio Livre poderia também atrair mais investidores, conclui Anatólio Domingos.

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